Agro vai se sair muito bem da crise; mas restante do Brasil mergulhará em recessão
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Entrevista com Antônio da Luz - Economista - FARSUL sobre as Perspectivas do agro após a pandemia
DownloadOs números e as notícias mostram o tamanho do desastre economico que dominará o mundo, após pandemia do coronavírus. O Brasil não ficará imune, e já está sendo duramente atingido. "O País mergulhará em profunda recessão", alerta Antonio da Luz, economista-chefe da FARSUL (Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul), e integrante da Pesquisa Focus, do Banco Central.
Mas para o agronegócio brasileiro o cenário é amplamente favorável. "O Agro BR se sairá muito bem da crise, enquanto outros setores da economia irão naufragar". Antônio da Luz diz mais: "o agro exportador vai vender como nunca, como já está acontecendo nas últimas semanas".
--"Fizemos uma opção de Estado num passado recente, que foi transformar o Brasil num pais agro-exportador. Os fatos mostram que fizemos a escolha certa. Agora chegou o nosso momento, o mundo vai depender cada vez do Agro BR, e nossos produtores serão o sustentáculo da nossa economia".
Claro que os beneficios não alcançarão a todos. Enquanto o agronegócio ligado à exportação praticamente não dará conta da demana, a agricultura voltada para o mercado interno enfrentará o recuo da demanda, e as consequencias da recessão, do desemprego e da inflação. Também para alguns setores mais organizados da agricultura interna - a cadeia do arroz, feijão, leite, frutas, por exemplo - a saída também será vender para fora.
- "O resultado será a internalização dos dólares, que irrigará a economia. Não devemos nos enganar, alguns perderão, sim. Mas na sua maioria o Agro será talvez a única boa notícia que teremos daqui prá frente, nesse mar de incertezas causadas pela recessão do coronavírus.
(Confira a entrevista no vídeo acima).
Economia fragilizada x Consumo: Balanço do coronavírus aponta saldo positivo para o agro brasileiro
Por Carla Mendes, editora
A pandemia do coronavírus causou efeitos tão agressivos na economia global que acendeu luzes de alerta em todos os setores mundo a fora e para o agronegócio não é diferente. Especialistas de todas as partes afirmam que o agro deverá ser um dos setores menos atingidos pela pior crise desde a última de 2008/2009, porém, as preocupações são tão intensas quanto em qualquer outra frente.
O índice de preços dos alimentos da FAO, o braço para alimentação e agricultura da ONU (Organização das Nações Unidas) registrou uma baixa de 4,3% em março. O maior recuo veio do açúcar e dos óleos vegetais, enquanto o arroz subiu. "As quedas de preços são, em grande parte, motivadas pela demanda, que é diretamente influenciada pelas perspectivas econômicas cada vez mais deterioradas", disse o economista sênior da FAO, Abdolreza Abbassian.
Comportamento do índice do preço dos alimentos da FAO desde 2015 - Fontes: FAO e Bloomberg
"Os impactos são brutais, a começar pelo setor de serviços, que tomba de imediato, seguido da indústria e, por fim, a agricultura, uma vez que a comida é a última coisa a ser cortada por quem perde o trabalho e a renda", explica o Prof. Dr. Marcos Fava Neves, professor das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.
De um lado, produtores estão atentos ao consumo diante do comprometimento da renda de populações em diversas partes do mundo, na outra ponta há uma intensificação da necessidade de se garantir a segurança alimentar global. E há ainda um terceiro viés, que é a agricultura que não produz comida, mas itens como fibras e combustíveis, que também passam por uma crise neste momento.
"Os estoques globais de grãos e oleaginosas são suficientes para atender à demanda, mas a cadeia de suprimentos enfrenta vários gargalos sensíveis. Embora alimentos e energia sejam considerados essenciais, o fechamento de algumas indústrias, ativos ou regiões podem oferecer desafios aos suprimentos globais", resume o estrategista global de grãos e oleaginosas e líder dos mercados agrícolas do Rabobank, Stefan Vogel.
Por enquanto, o que se observa ainda são famílias consumindo e estocando itens de sua alimentação básica no Brasil e no mundo. Não só famílias, mas países também constroem estoques de comida diante de tantas incertezas. A grande questão agora é até quando terão renda para continuarem consumindo em ritmo normal. Mais do que isso, estão fechados bares, restaurantes, hoteis, escolas, e o consumo está, praticamente, confinado às casas.
"Tudo depende de quanto este surto vai durar. De imediato não devemos ver o consumo ser limitado pela renda, a não ser em países subdesenvolvidos. E não é isso que estamos vendo no momento. Mas claro, uma situação prolongada pode fazer com que a renda menor se transforme também em consumo menor", acredita Steve Cachia, consultor de mercado da Cerealpar e da AgroCulte. "Se a situação não for controlada, há risco de nova crise na segurança alimentar mundial. Com regiões bem abastecidas e outras registrando mais gente passando fome", completa.
Cachia complementa dizendo que "seja como for, a população precisa estar bem alimentada para combater qualquer doença". No entanto, chama a atenção para dois comportamentos: um é a aversão por alguns setores ao consumo de carne, "já que as pessoas associam o Covid-19 como uma doença vinda de animais ou têm a errada impressão de que o Covid-19 pode ser transmitido em animais também, e outro é no setor de hortifrutis, onde produtores em alguns países estão tendo dificuldade em comercializar seus produtos além da região de produção devido ao risco de algum problema de logística".
O dilema da economia mundial fragilizada versus o consumo global de itens do agronegócio, portanto, ainda deve durar por alguns meses. Neste período, o Brasil precisa, portanto, se fortalecer para mitigar os impactos da crise na maior robustez do agronegócio para ultrapassá-la.
"O Brasil deve se posicionar para se oferecer como alternativa a um possível movimento de volta de políticas de seguridade alimentar em muitos países, depois dessa crise. É uma possibilidade, apesar que muitos não têm recursos e competência para executar políticas de produção própria de suas necessidades alimentares", explica Fava Neves.
ECONOMIA FRAGILIZADA x CONSUMO
As principais economias em todo mundo alinham medidas que possam amenizar os impactos da crise que, segundo alguns especialistas, é a maior e mais grave desta geração. Outros referem-se a ela como a pior desde a Segunda Guerra Mundial.
Assim, ainda como explica o professor, ao redor de todo o globo é possível registrar políticas de todos os tipos sendo desenhadas e minunciosamente estudadas que incluem medidas como "políticas de cortes de juros, injeção de liquidez, linhas de crédito, alívio fiscal, supressão de obstáculos regulatórios, expansão do gasto público, retomada da confiança, envio de recursos às pessoas mais necessitadas, estímulos às pequenas e médias empresas, simplificação de estruturas decisórias, prêmios de seguro-desemprego às empresas que mantiverem empregos e acelerar projetos de infraestrutura".
"Há uma vontade grande em governos e na sociedade de prover suporte a quem precisar. Esta injeção de recursos pode beneficiar o consumo de alimentos", diz Fava Neves.
No Zimbábue, por exemplo, há uma necessidade urgente de ajuda, uma vez que, como explicou o FMI (Fundo Monetário Internacional, o coronavírus agrava uma já registrada escassez de alimentos após a pior seca no país em quase 40 anos.
DÓLAR X CUSTOS DE PRODUÇÃO
Com tamanha incerteza e aversão ao risco, há uma forte corrida dos investidores para o dólar e uma desvalorização intensa das demais moedas. E uma das divisas que mais perde é o real. Somente no acumulado de 2020, a alta da dólar é de 32,72%.
Trajetória do dólar em 2020
Nesta semana, a moeda subiu 4,3% para renovar sua máxima histórica e fechar com R$ 5,32.
Trajetória do dólar na semana
É consenso entre analistas e consultores de mercado que o produtor brasileiro terá custos mais elevados na próxima safra, porém, ainda sente o colchão que o dólar traz ao setor com a vantagem cambial no momento das exportações.
Todavia, a diferença de impacto para cada setor da agropecuária brasileira sentirá de forma diferente os impactos da formação de seus custos em um cenário ainda desconhecido, nebuloso e de extrema volatilidade. Atrelado ao câmbio, tudo aquilo que é importado entre os insumos deverá onerar um pouco mais o produtor, porém, a queda do petróleo e seus menores preços em mais de uma década podem trazer algum equilíbrio.
NESTES SETORES, SEGUE A DEMANDA
GRÃOS E OLEAGINOSAS
Entre os grãos e oleaginosas, as expectativas são positivas. Além do consumo direto, ambos são matéria-prima para a produção de proteínas animais, leite e derivados, ovos, enfim, itens da alimentação básica em qualquer país do mundo. E por mais que seus preços tenham sido duramente afetados pela intensa volatilidade que chegou junto com 2020, soja e milho, em reais, por exemplo, estão nos melhores momentos da história. São valores que superam R$ 105,00 por saca para a soja nos portos brasileiros e, para o milho, passam de R$ 60,00 no interior.
"Os preços da maioria dos grãos e oleaginosas foram voláteis até agora em 2020 e tiveram um desempenho muito melhor do que a maioria dos preços das commodities", explica o exevcutivo do Rabobank. E o banco internacional não estima uma mudança muito intensa deste quadro de produção de grãos e oleaginosas para a temporada 2020/21.
A instituição afirma ainda que embora o momento seja de cautela e pessoas repensando seu consumo, a demanda por grãos e oleaginosas é consistente e acompanha o crescimento da população mundial. São mais pessoas consumindo mais arroz, trigo, farinha e amido.
CARNES
O professor Fava Neves explica ainda que entre as carnes o Braisl também ganha destaque, principalmente por parte da China. "O país deve entrar firme comprando carnes e outros produtos do agro brasileiro neste semestre, sendo um fator positivo para nós, levantando os preços da arroba no Brasil e também das outras carnes".
No entanto, ressalta que algumas cadeias como "entrar firme comprando carnes e outros produtos do agro brasileiro neste semestre, sendo um fator positivo para nós, levantando os preços da arroba no Brasil e também das outras carnes".
EFEITOS NEGATIVOS: SETORES MAIS AFETADOS
O que não é necessário, neste momento, já contabiliza prejuízos e resultados bem negativos e um curto espaço de tempo.
O Rabobank espera que alguns dos setores mais afetados, com reduções mais profundas de demanda, possam ser o de biocombustíveis, "na medida em que há milhares de pessoas passando pelo isolamento social e também devido ao impacto negativo dos baixos preços do petróleo", e citou ainda o de maltagem, com "o fechamento de bares e restaurantes, bem como o cancelamento de eventos e festivais de esportes, o que provavelmente prejudicará a demanda de cerveja".
Para o algodão, as perspectivas ao menos no curto e médio prazos também não são positivas. Segundo explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, o algodão é uma das commodities mais afetadas pela crise causada pela Covid-19, uma vez que é matéria-prima para itens que terão seu consumo bastante reduzido, principalmente em tempos de quarentenas gerais em todo o globo.
Segundo analistas internacionais, o mercado do algodão deverá sentir os efeitos também no longo prazo, já que as projeções indicam para uma recessão na economia global, podendo afetar toda a cadeia de consumo. A demanda mundial por algodão está em cerca de 118 milhões de fardos, uma baixa de 5 milhões de fardos em relação ao pico de 2017.
No Brasil, o setor de flores e plantas ornamentais acumula um prejuízo de R$ 300 milhões e que pode chegar a R$ 1 bilhão até o dia das mães, segundo cálculos do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Flores).
E OS DEMAIS?
Há muitos outros setores ainda contabilizando seus saldos e buscando entender quais caminhos tomarão neste 'novo normal' que se instalou no mundo e mudou a direção de quase todos os mercados. No tabaco, por exemplo, as vendas subiram, com as pessoas fumando mais estando mais tempo em casa. No café, o mercado ainda não pôde precisar como ficará a demanda com o aumento do consumo doméstico e a redução fora de casa. Entre o suco de laranja, o leite, as frutas, verduras e legumes, aumento de demanda, mas sensibilidade logística.
O Notícias Agrícolas segue acompanhando passo a passo, mercado a mercado, como este novo momento da economia mundial pesará sobre sobre os setores do momento do plantio aos lares do consumidor final.
Economia brasileira começa a sentir impactos do coronavírus, dizem analistas
BRASÍLIA (Reuters) - A economia brasileira já começa a sentir os primeiros sinais de impacto da propagação do coronavírus, a julgar por dados recentemente divulgados, disseram analistas de bancos nesta sexta-feira.
"Em linha com a queda dos indicadores de confiança, os dados têm apresentado recuos relevantes no mês passado", disse o Bradesco em nota.
O Bradesco citou em relatório queda em março no número de emplacamentos de veículos na comparação ao mês de fevereiro, segundo dados da Fenabrave. Os licenciamentos de veículos novos no país no mês passado recuaram 18,6% na comparação com fevereiro e desabaram quase 22% frente a março de 2019.
Ainda de acordo com o banco, outros indicadores devem apontar declínios semelhantes em março, o que é "compatível" com retração do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre.
Para a próxima semana, o Bradesco chamou atenção para dados da Anfavea sobre produção de veículos em março e para o IPCA, com ambos devendo mostrar efeitos do coronavírus.
O UBS ressaltou o tombo de 15,9 pontos no Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) para o setor de serviços do Brasil no mês de março, uma queda recorde. O dado veio depois de números do PMI industrial, que mostraram contração no setor pela primeira vez em 8 meses.
"Para março, prevemos fortes quedas mensais nas vendas do varejo, setor de serviços e atividade econômica como um todo", disseram em relatório os economistas Fabio Ramos e Tony Volpon.
Para Alberto Ramos, diretor de pesquisas econômicas para a América Latina do Goldman Sachs, o impacto do Covid-19 sobre os PMIs, indicadores de confiança do consumidor e empresarial e dados de alta frequência (com mais divulgações) para a atividade é "vísível e grande".
"À frente, esperamos que os PMIs diminuam ainda mais, já que a economia, particularmente os setores de serviços, sofre os ventos contrários de uma recessão global e doméstica devido ao impacto econômico e social do surto de Covid-19", disse Ramos em nota.
PROJEÇÕES PARA 2020
Com os impactos do Covid-19 começando a mostrar as caras, algumas instituições têm reduzido ainda mais suas estimativas para a performance da economia durante o ano.
O UBS informou nesta sexta revisão de sua estimativa para o desempenho do PIB deste ano, prevendo agora contração de 2%, ante prognóstico anterior de expansão de 0,5%.
Na quinta, o Bank of America piorou a estimativa para o desempenho da economia brasileira em 2020, de uma projeção que já era negativa, passando a ver retração de 3,5%, ante redução de 0,5% prevista anteriormente.
Em meados de março, JPMorgan (-1,0%), Goldman Sachs (-0,9%), Itaú Asset Management (-0,3%) e Itaú Unibanco (-0,7%) previam encolhimento da economia neste ano.
Também em março, estudo da FGV apontou que o PIB poderia retrair 4,4% em 2020 por causa dos efeitos do coronavírus. O Ipea projeta declínio de até 1,8%.
No mercado, a expectativa é que o PIB caia 0,48%, pela mediana das estimativas da última pesquisa Focus do Banco Central.
O governo (+0,02%) e o Banco Central (zero) veem crescimento nulo. Mas o BC já admitiu que revisará seu cenário.
UBS passa a ver contração de 2% no PIB brasileiro em 2020, corta projeção para 2021
SÃO PAULO (Reuters) - O banco suíço UBS reduziu nesta sexta-feira sua previsão para o desempenho da economia brasileira em 2020, passando a ver contração de 2%, ante estimativa anterior de crescimento de 0,5%, devido à expectativa de um fraco primeiro semestre e a uma possivelmente apática recuperação à frente.
O UBS projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil sofrerá um tombo de 20% no segundo trimestre sobre os três meses anteriores. Entre janeiro e março, a queda será de 3,6%.
Antes, o banco estimava retração de 15% e 1%, respectivamente.
A instituição financeira projeta um segundo semestre com números melhores, com o PIB crescendo 17% no terceiro trimestre e 5% no quarto.
Mesmo prevendo expansão da economia em 2021, o UBS rebaixou a projeção --agora, o banco prevê alta de 3% do PIB no ano que vem, contra 4,9% antes.
"Esse cenário pressupõe que as formas mais intensas de distanciamento social começam a terminar em maio. Uma extensão para além de maio provavelmente levará a um crescimento abaixo do previsto", afirmaram os economistas Fabio Ramos e Tony Volpon, em relatório.
Na quinta-feira, o Bank of America (BofA) também piorou suas estimativas para a economia brasileira, esperando que o PIB retraia 3,5% em 2020, ante expectativa anterior de redução de 0,5%.
O BofA rebaixou ainda a projeção para a Selic a 2,75%. A taxa básica está em 3,75% ao ano, já uma mínima recorde. O UBS já havia cortado sua estimativa para o juro, passando a ver a Selic em 3,00% nos próximos meses.
Possivelmente chegaremos a R$ 1 tri em medidas nas próximas semanas ou meses, diz Guedes
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira que os programas para combate ao coronavírus devem chegar a 1 trilhão de reais nas próximas semanas ou meses, pontuando que o déficit primário já está em 6% do Produto Interno Bruto (PIB).
"(Programas) já passaram dos 800 bilhões, possivelmente chegarão a quase 1 trilhão de reais ao longo das próximas semanas ou meses, por isso é que nós precisamos não só dessa blindagem jurídica, mas dessa blindagem legislativa", afirmou ele, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.
O ministro não especificou quais iniciativas entram na conta dos 800 bilhões de reais.
Na véspera, a equipe econômica divulgou que as medidas que têm impacto nas contas públicas somam 224,6 bilhões de reais até agora e que a expectativa de déficit primário é de 419,2 bilhões de reais neste ano, equivalente a 5,55% do PIB.
De lá para cá, o governo não anunciou nenhum programa novo.
Questionado sobre os números, o Ministério da Economia não se manifestou imediatamente.
Em pronunciamento, Guedes fez um apelo pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do chamado orçamento de guerra, que dá flexibilidade para o governo descumprir a regra de ouro, que impede o endividamento para pagamento de despesas correntes.
O ministro também disse considerar oportunismo político qualquer crítica de que houve demora na atuação do governo federal.
"Peço que haja espírito de união em torno do lema de que nenhum brasileiro será deixado pra trás. Defesa da saúde e dos empregos está acima de quaisquer diferenças", afirmou ele, completando que, daqui a três a quatro meses o barulho natural de uma democracia pode voltar, mas que agora é hora de não explorar politicamente os problemas.
"Peço cooperação e acho que teremos, pela gravidade da crise, e chamo atenção para tamanho, magnitude dos recursos que estão sendo mobilizados", afirmou.
Guedes disse que esse movimento nunca foi feito antes, tampouco com velocidade tão grande. Também defendeu que nenhum país emergente atuou com essa rapidez e com esse volume de recursos.
Desaceleração global por coronavírus será "muito pior" do que crise financeira, diz FMI
WASHINGTON/GENEBRA (Reuters) - A pandemia de coronavírus tem levado a economia global à estagnação e mergulhado o mundo em uma recessão que será "muito pior" do que a crise financeira global de uma década atrás, disse a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta sexta-feira.
Durante uma rara coletiva de imprensa conjunta com a líder da Organização Mundial da Saúde (OMS), a diretora-administrativa do FMI, Kristalina Georgieva, solicitou às economias avançadas que intensifiquem seus esforços para ajudar os mercados emergentes e os países em desenvolvimento a sobreviverem ao impacto econômico e de saúde decorrente da pandemia.
"Esta é uma crise como nenhuma outra", disse ela a cerca de 400 repórteres em uma teleconferência. "Testemunhamos a economia mundial parada. Estamos agora em recessão. É muito pior do que a crise financeira global" de 2008-2009.
Mais de 1 milhão de pessoas foram infectadas com o novo coronavírus e mais de 53 mil morreram, de acordo com uma contagem da Reuters nesta sexta-feira.
Georgieva disse que o FMI está trabalhando com o Banco Mundial e com a OMS para adiantar seus pedidos à China e a outros credores bilaterais oficiais para que suspendam a cobrança de dívidas dos países mais pobres por pelo menos um ano até a pandemia amainar.
Ela disse que a China tinha se engajado "construtivamente" no assunto, e o FMI elaborará uma proposta específica nas próximas semanas com o Clube de Paris das nações credoras, o Grupo das 20 principais economias do mundo e o Banco Mundial para revisão nas Reuniões Anuais da Primavera, que serão realizadas online em cerca de duas semanas.
Os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento foram duramente atingidos pela crise, disse Georgieva, observando que quase 90 bilhões de dólares em investimentos já haviam saído de mercados emergentes, valor muito maior do que durante a crise financeira. Alguns países também estavam sofrendo quedas acentuadas nos preços das commodities.
Mais de 90 países, quase metade dos 189 membros do FMI, solicitaram um financiamento de emergência ao Fundo para responderem à pandemia, afirmou ela.
O FMI e a OMS têm solicitado que a ajuda de emergência seja utilizada principalmente para aperfeiçoar os sistemas de saúde, pagar médicos e enfermeiros e comprar equipamentos de proteção.
Georgieva disse que o Fundo está pronto para usar o máximo de seu "baú de guerra", de 1 trilhão de dólares, em capacidade financeira, conforme necessário.
O FMI começou a desembolsar fundos para os países solicitantes, incluindo Ruanda, com pedidos de mais dois países africanos para serem analisados nesta sexta, disse ela.
"Esta é, no curso da minha vida, a hora mais sombria da humanidade --uma grande ameaça para o mundo inteiro-- e exige que permaneçamos elevados, unidos e protegendo os mais vulneráveis de nossos companheiros cidadãos", disse ela.
Ela disse que os bancos centrais e os ministros das Finanças já tomaram medidas sem precedentes para mitigar os efeitos da pandemia e estabilizar os mercados, mas é necessário mais trabalho para manter a liquidez fluindo, especialmente para os mercados emergentes.
Para esse fim, a diretoria do Fundo irá analisar, nos próximos dias, uma proposta para criar uma nova linha de liquidez de curto prazo para ajudar a fornecer fundos para os países que enfrentam problemas. Ela também instou os bancos centrais, e particularmente o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), a continuarem oferecendo linhas de swap para as economias emergentes.
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