Milho: Comercialização da safrinha está atrasada e chegada da nova oferta pode ainda pesar sobre os preços
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Entrevista com Roberto Carlos Rafael - Germinar Corretora sobre o Mercado do Milho
Os preços do milho no Brasil tem sentido certa pressão, tanto entre os futuros negociados na B3, quanto no interior do país, com as perspectivas de uma segunda safra robusta e maior do que a do ano passado, mesmo com perdas pontuais - mas bastante significativas - em regiões importantes de produção. A situação mais precoupante tem se dado nos estados de Goiás e Minas Gerais, além de partes de Mato Grosso.
Ainda assim, e contabilizando também uma área maior de plantio, a segunda safra, a colheita da região da chamada SeAlBa (Sergipe, Alagoas e Bahia) e mais a safra de verão devem totalizar cerca de 113 milhões de toneladas, de acordo com a estimativa da Germinar Corretora. E esse volume já estaria considerando as perdas estimadas por algumas consultorias de 4 a 5 milhões de toneladas causadas pela falta de chuvas.
Além disso, o mercado monitora também as previsões indicando, para os próximos 10 dias, tempo mais frio em regiões produtoras de safrinha de milho, porém, sem a ocorrência de geadas.
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"Mesmo que tenhamos uma safrinha com algumas quebras, ainda teremos uma super safra e a necessidade de exportar muito milho", explica Roberto Carlos Rafael, analista de mercado da Germinar.
Assim, para entender a intensidade da pressão da oferta sobre as cotações, não só a conclusão da segunda safra tem que ser acompanhada, como também o avanço da nova temporada nos Estados Unidos, e dos demais fatores que influenciam os preços do cereal na Bolsa de Chicago, como a questão forte do financeiro agora. O plantio 2022/23 ainda está atrasado neste momento, porém, podendo ganhar mais ritmo nos próximos dias com uma melhora de clima previsto para o Corn Belt.
Rafael, portanto, destaca a importância do mercado acompanhar o novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta quinta-feira, 12 de maio, com as primeiras projeções para os EUA e demais países produtores do mundo para esta nova temporada.
DEMANDA PELO MILHO BRASILEIRO
E embora haja uma considerável pressão do lado da oferta, a demanda pelo milho brasileiro deve continuar sendo bastante forte, sendo pilar importante de suporte às cotações. A continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia mantém a oferta ucraniana e, pelo menos, 20 milhões de toneladas do cereal da Ucrânia fora do mercado.
Além disso, a alta do dólar frente ao real também favorece o milho do Brasil e o deixa mais atrativo aos importadores. Entretanto,
"Os preços nos portos hoje são extremamente remunerados. E indepedente do tamanho da nossa safrinha, ela será suficiente para uma exportação muito maior para termos que desovar um volume muito maior do que foi no ano passado", afirma o analista.
Internamente, mesmo com preços em patamares elevados, o consumo se manteve estável, sem dar sinais muito fortes de arrefecimento, também devendo seguir em bons níveis. A estimativa da Germinar é de que o consumo fique na casa de 77 milhões de toneladas.
COMERCIALIZAÇÃO LENTA
A comercialização da safrinha brasileira está mais lenta e mostra certo atraso em relação a anos anteriores, com o produtor tendo segurado suas vendas também como parte de sua estratégia. "O produtor estava trabalhando com expectativa de preços mais altos, isso fez com que ele, na verdade, atrasasse a comercialização", explica Rafael.
Segundo ele, o Brasil tem menos de 30% comercializado da segunda safra, e "adiciona-se a isso um atraso na comercialização da soja. Isso fez com que muitos produtores, em algumas regiões, precisassem vender sua safra de verão porque estavam sem espaço para milho. Vamos ter problema de espaço. E em um determinado momento, durante a colheita, os preços possam ficar abaixo da paridade de exportação, por falta de opção", complementa o analista.
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