Milho: Mercado brasileiro se mantém firme, mesmo com sinalização de importação, atenção ao câmbio
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Entrevista com Anderson Galvão - Analista - Céleres Consultoria sobre o Mercado do Milho
Download"Sobre qualquer perspectiva, 2021 é um ano de estoques de milho bastante apertados", afirma o analista de mercado Anderson Galvão, da Céleres Consultoria, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira (9), confirmando que o restante do ano e o início de 2022 ainda serão de preços firmes para o cereal no mercado brasileiro. "A baixa disponibilidade é o nome do jogo e isso se reflete em volatilidade dos preços no mercado interno", completa.
A oferta muito restrita do cereal não é uma situação isolada apenas do Brasil, mas se retrata em um quadro global, o que faz com que o milho importado chegue ao país ainda com uma competitividade bastante limitada frente ao produto nacional. Afinal, os estoques mundiais do cereal estão calculados para apenas 89 dias, configurando uma relação estoque x consumo como uma das mais apertadas dos últimos anos.
E mesmo que o Brasil tenha zerado suas tarifas de importação de milho de países de fora do Mercosul, as despesas logísticas somadas aos valores de milho no mercado internacional acabam resultando em patamares pouco atrativos para o consumidor final no interior do país.
"Se olho as cotações de milho em Chicago para os próximos meses mais os fechamentos de câmbio na B3, a paridade de milho importado posto oeste de Santa Catarina continua na casa de R$ 90,00 o saca. Ou seja, por mais que o milho importado apague algum incêndio, não vai resolver a situação de escassez de milho no Brasil nos próximos seis meses", explica Galvão.
Contabilizando as perdas da safra de verão e mais as severas perdas na safrinha, o Brasil "perdeu uma safra de verão inteira", e somando as duas talvez a produção brasileira, na análise da Céleres, não alcance 83 milhões de toneladas, contra projeções iniciais de 110 milhões. Dessa forma, já é possível dizer que as exportações de milho do Brasil para este ano serão bem menores do que o incialmente projetado.
"Não sei se teremos 20 milhões de toneladas de milho para exportar porque o mercado interno vai pagar mais do que a exportação", afirma o analista.
Sobre a formação dos preços para o produtor brasileiro, Galvão faz um alerta: "É uma quebra de milho histórica, e mesmo com uma quebra de safra tão brutal como essa, em um cenário de valorização do real neste remanescente de 2021, em reais uma saca de milho pode estar mais barata mesmo com uma safra de verão inteira ter evaporado do mapa".
Ainda assim, Galvão reafirma que mesmo que essas baixas sigam aparecendo para os preços em reais, os patamares praticados seguirão muito remuneradores, garantindo margens saudáveis de renda em todas as regiões produtoras do cereal. E em dólares, as referências seguirão altas.
"Esse saldo da safra 2020/21 e a safra 2021/22 são de rentabilidade excepcional. E se o câmbio estiver a R$ 4,30 no ano que vem - e essa possibilidade existe - o produtor de milho no Mato Grosso vai vender uma saca a R$ 40,00 e R$ 40,00 no Mato Grosso é uma renda excepcional", afirma. "A safra 2021/22 só não será uma safra com renda extraordinária como foi a 2020/21".
VOLATILIDADE EM CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, o foco permanece sobre o risco climático ainda presente para as lavouras norte-americanas, o que mantém o mercado internacional ainda bastante volátil. Ao lado do clima, há também o comportamento do índice dólar, também bastante atuante no mercado de commodities.
Nesta sexta-feira, depois de testar os dois lados da tabela, os futuros do cereal negociados na Bolsa de Chicago terminaram o dia com baixas de 6 a 8,75 pontos nas posições mais negociadas, com o julho valendo US$ 6,29 e o contrato dezembro, referência importante para a safra americana, com US$ 5,17.
Em razão do feriado no estado de São Paulo neste 9 de julho, em comemoração da Revolução Constitucionalista, a B3 não funcionou e os negócios serão retomados na segunda-feira, dia 12.
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