Brasil já comprometeu cerca de 28 milhões de t de milho com a exportação e depende do câmbio para aumentar volume
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Entrevista com Roberto Carlos Rafael - Germinar Corretora sobre o Exportações de Milho
DownloadAté o momento, o Brasil exportou apenas 900 mil toneladas de milho desde o início do ano safra em 1 de fevereiro. No mesmo período do ano passado, o volume registrado já era de 4 milhões de toneladas e este atraso tem haver com a safrinha mais tardia em 2020 e pelo alto volume de soja exportada neste primeiro semestre, o que tirou espaço do milho nos portos.
Segundo o analista de mercado da Germinar Corretora, Roberto Carlos Rafael, as exportações brasileiras devem começar a retomar ritmo a partir de agora. Navios com capacidade para embarcar 2,2 milhões de toneladas já estão se movimentando nos portos e a estimativa é que o país já tenha comprometido algo entre 26 e 28 milhões de toneladas para exportações até o final do ano safra em 31 de janeiro de 2021.
Para Rafael, o que vai determinar se o país irá alcançar o volume estimado de 34 milhões de toneladas para exportação de milho, superar este índice ou ficar abaixo será a movimentação cambial daqui para frente. O dólar mais baixo na última semana desestimularam as vendas para fora do Brasil, mas a retomada das cotações nos últimos dias já reaqueceram as vendas.
Outro fator para o produtor brasileiro ficar de olho é a safra americana e seus reflexos na Bolsa de Chicago (CBOT). O alerta é para uma safra grande do cereal nos Estados Unidos, com os estoques que devem ir de 50 dias para 80 dias e pressionar ainda mais as cotações no país. Isso poderia refletir em quedas nos preços de portos brasileiros impactando na rentabilidade das nossas exportações.
Confira a íntegra da entrevista com o analista da Germinar Corretora no vídeo.
Safra de milho do Brasil cairá 1,37% em 19/20, diz Agroconsult
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deverá colher 101,1 milhões de toneladas de milho na temporada 2019/20, redução de 1,37% ante o recorde de 102,5 milhões da temporada passada, com a segunda safra sendo afetada por problemas climáticos, estimou nesta quinta-feira a Agroconsult.
A colheita de milho segunda safra deve alcançar 72,9 milhões de toneladas, apontou a consultoria ao divulgar informações do Rally da Safra, indicando recuo de 4,5% na comparação anual.
"O plantio atrasou em Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, empurrando o desenvolvimento de uma parcela significativa das lavouras para um calendário de maior risco climático", informou a consultoria.
Isso contribuiu para perdas de produtividade nessas regiões, afetadas também pelo baixo volume de chuva em abril, período em que boa parcela das lavouras passava pelo estágio crítico de pendoamento.
Desta forma, a produtividade média para a segunda safra ficou em 91,7 sacas por hectare ante 101 sacas por hectare registrada no ciclo de 2018/19.
Nos principais Estados produtores, Mato Grosso foi destaque com rendimento de 108,5 sacas por hectare, queda ante as 112,5 sacas obtidas em 2018/19, porém um desempenho ainda considerado positivo pela Agroconsult.
Já no Paraná, uma das regiões mais afetadas pela seca, a produtividade caiu 22,1 sacas por hectare no comparativo anual, para 78 sacas por hectare.
Os resultados poderiam ter sido melhores, não fosse a falta de chuva que atingiu importantes áreas.
"Os bons preços do milho e o histórico de excelentes resultados nas safras recentes estimularam uma expansão de 5,2% na área plantada, que chegou a 13,3 milhões de hectares", destacou a consultoria.
Considerando somente o aumento de área e o nível de tecnologia utilizada, o coordenador do Rally da Safra, André Debastiani, disse que a segunda safra tinha potencial para 80 milhões de toneladas.
Em maio, a Agroconsult havia estimado a segunda safra em 71,7 milhões de toneladas.
No entanto, chuvas ocorridas entre maio e junho salvaram muitas lavouras.
"(Veio) um cenário (de clima) positivo e que ajudou muito na revisão dos nossos dados", afirmou.
Daqui para frente, as atenções do mercado devem se voltar para a colheita, que segue com grande atraso em relação à safra passada.
Debastiani ressaltou que quase 50% dos trabalhos ainda serão realizados entre agosto e setembro. No ciclo anterior, este percentual superava levemente os 20%.
"Quanto mais longínqua fica essa colheita, mas sujeita a intempéries climáticas", alertou.
Por enquanto, os modelos climáticos disponíveis não indicam ocorrências de geadas, mas caso ocorram, a possibilidade de perdas é de até 2 milhões de toneladas na produção da safrinha.
PREÇOS E ESTOQUES
Com base no elevado patamar de câmbio atingido nos últimos meses e na ampla comercialização antecipada de milho, o sócio diretor da Agroconsult, André Pessôa, acredita que os preços do cereal serão mantidos em patamares "muito razoáveis" para os produtores brasileiros.
"Tem relativamente pouco estoque de milho disponível para atender a demanda externa e interna. Não vai faltar oferta para abastecer o país, mas também não é um estoque tão alto a ponto de pressionar os preços domésticos", afirmou.
Para ele, o principal efeito da pandemia do novo coronavírus foi sentido nas cotações internacionais, devido ao recuo na demanda norte-americana para produção de etanol.
"(Internamente) a questão do câmbio amorteceu o impacto internacional. Vamos sentir muito menos os efeitos da pandemia no mercado de milho, em relação aos nossos concorrentes, principalmente os americanos."
Plantio de trigo do RS vai a 43% da área apesar de chuvas, indica Emater
SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de trigo 2020 do Rio Grande do Sul atingiu 43% da área esperada, disse nesta quinta-feira a Emater/RS, que prevê um aumento de 20,3% na semeadura do cereal no Estado em relação ao ano passado.
O boletim do órgão governamental, que estima um plantio de 915,7 mil hectares com trigo nesta safra, destacou que fortes chuvas recentes frearam as atividades em regiões como as de Passo Fundo e Santa Rosa, mas que grande parte do Estado conseguiu avançar com a semeadura.
"As lavouras implantadas estão em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo... (as) plantadas antes das chuvas da semana estão com bom estande de plantas", afirmou a Emater em comunicado.
Segundo a Emater, pela média histórica o Rio Grande do Sul teria plantado cerca de metade da safra nesta data. Em relação à semana anterior, houve um avanço de 11 pontos percentuais na área plantada.
Apesar do aumento na área de plantio, as projeções iniciais da Emater apontam para um recuo de 2,14% na produção, a 2,19 milhões de toneladas, diante da queda de produtividade no Estado, conforme noticiou a Reuters no início da semana.
Enquanto a safra de trigo recebe chuvas intensas, as safras de verão chegam ao fim depois de fortes danos causados pela estiagem.
A Emater reportou que a colheita de milho atingiu 99%, com parte dos trabalhos finais afetados pela umidade. A estimativa de safra aponta para recuo de 28,4% na comparação anual, a 4,1 milhões de toneladas. A soja também teve forte quebra.
(Por Gabriel Araujo)
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