Mercado do milho trava com expectativas diferentes para o médio prazo entre compradores e vendedores
De acordo com o indicador do Cepea divulgado na última segunda-feira (3), o mercado do milho se encontra pressionado, ainda sem reações significativas, ao mesmo modo em que o mercado futuro ainda reage de forma diferenciada e indecisa.
Para Lucílio Alves, pesquisador do Cepea, o ano de 2016 foi um tanto conturbado para o mercado de milho. “Tivemos elevações surpreendentes, vendedores animados e setores de proteína animal com margens apertadas”, aponta. Os meses de agosto e setembro foram importantes para o ajuste das cotações, com certa volatilidade, o que aponta um resultado de expectativas diferentes em relação ao médio prazo.
Com um nível de consumo relativamente estável, a safra 2015/2016 também encontra uma redução da disponibilidade, com tendência de redução de estoques de passagem e preços elevados. Por outro lado, o comprador também aguarda para que haja uma redução da diferença entre preços domésticos e internacionais nos próximos meses, o que, de acordo com o pesquisador, é preciso que aconteça, para que os produtos retornem ao mercado com volumes mais expressivos. A dúvida, portanto, é se as condições de oferta e demanda irão prevalecer ou se irão, de fato, se ajustar com o mercado internacional.
Exportações
As exportações dos produtos brasileiros são, em grande parte, provenientes de contratos fechados em 2015. Há uma limitação de novos negócios em 2016, mas há movimentação para novos embarques em 2017.
A estimativa da Conab é de que o Brasil deve exportar 20 milhões de toneladas neste ano. Para o pesquisador, o mercado mostra tendência para cumprir essa média. No entanto, isso também aponta uma queda, pois se a tendência seguisse os últimos nove anos, as exportações superariam 25 milhões de toneladas. “Mas isso não deve acontecer, pois zeraria o estoque de milho dentro do país”, explica.
Há ainda a expectativa de uma segunda safra maior em área e em produção do que em 2016. Se o clima favorecer, ainda deve haver uma antecipação no cultivo do milho, o que implicaria em maior produtividade.
A necessidade é que os negócios para 2017 já sejam iniciados, para que o mercado doméstico encontre um enxugamento necessário. O ritmo de negócios ainda não oferece segurança e, para o pesquisador, é preciso que ele se incremente, e muito, para que possa se falar em equilíbrio, uma vez que o ano de 2016 foi marcado por uma quebra de produção, com produtores não conseguindo cumprir contratos. “Isso interfere na intenção de negócios para a próxima safra, tanto para produtores quanto para empresas”, aponta.
Importações
Ainda não há dados oficiais de importações para setembro, mas a tendência é que o volume de importação não interfira na disponibilidade interna. Os produtores, no entanto, devem observar como o mercado irá se comportar para as novas negociações com a liberação de importações provenientes dos Estados Unidos. Para o pesquisador, o ideal é que esses produtos cheguem antes da safra de verão ou ainda em 2016, para que haja um equilíbrio.
Por enquanto,o que vem sendo importado é proveniente dos países vizinhos, mas os níveis não são suficientes para alterar os preços.
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