Com clima seco e janela de plantio curta, produtores do TO devolvem sementes de milho safrinha
No Tocantins, os produtores rurais estão devolvendo as sementes de milho adquiridas para o plantio da segunda safra. O cenário é decorrente do clima, que voltou a ficar seco e, do encurtamento da janela ideal de semeadura devido ao atraso registrado no cultivo da soja. Em fevereiro, as precipitações acumuladas não ultrapassam os 25 mm em muitas regiões, e em Pedro Afonso já foi decretado estado de calamidade.
“Em Darcinópolis, não temos umidade no solo, com isso, os produtores que tinham área disponível para a semeadura do milho estão cancelando os pedidos, devolvendo as sementes e quem comprou está tentando repassar para outra pessoa. Estamos em uma situação muito complicada e nunca vista na região”, explica o agricultor, Marcílio Fernandes Marangoni.
Diante desse quadro, a perspectiva é de uma redução expressiva na área destinada ao plantio do cereal na safrinha. E, justamente nesse momento, as cotações da saca do grão estão entre R$ 44,00 até R$ 46,00 na região. “O cenário é bom, com boas perspectivas, mas, infelizmente, não teremos produto. E estávamos com valores entre R$ 25,00 a R$ 26,00 a saca do grão”, afirma o agricultor.
Soja
A produção de soja também foi afetada em todo o estado. Isso porque, no início do plantio o tempo ficou seco na região, o que atrasou os trabalhos nos campos. Depois, em janeiro, as lavouras sofreram com o excesso de chuvas, que ultrapassaram os 500 mm, e agora novamente, o clima está seco. Tradicionalmente, entre os meses de fevereiro e março, a região acumula chuvas de mais de 400 mm.
Nesse instante, os produtores estão colhendo a soja precoce cultivada no final de outubro. E a produtividade está bem abaixo do observado em anos normais, de 3.600 mil quilos por hectare. O rendimento médio está próximo de 1.800 mil quilos do grão por hectare.
“E ainda temos a oleaginosa semeada depois do retorno das chuvas, que estão em fase de floração e enchimento de grão e sofrem com o clima extremo. Nessa safra, o tempo afetou quem semeou primeiro e quem plantou tarde também. As projeções não são otimistas, pois não sabemos até quando esse cenário irá durar. Estamos vendo as previsões climáticas e não há indicativos de quando as chuvas poderão retornar às regiões e temos lavouras de soja morrendo na região central do estado”, reforça Marangoni.
Em algumas localidades, os agricultores já ressaltam perdas superiores a 60%, chegando até a 100% em algumas propriedades. Com isso, a orientação é que os produtores façam laudos das áreas afetadas. “Teremos que sentar com as empresas e expor a situação, já que muitos não irão conseguir cumprir os contratos fechados anteriormente. Alguns agricultores que concluíram a área de verão com o milho já registram perdas, uma vez que as lavouras estão morrendo”, finaliza o produtor.
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