Laranja: Seca severa, pragas e doenças tiram aproximadamente 74 milhões de caixas da safra 2020/21
Podcast
Entrevista com Vinícius Trombin - Coordenador da Pesquisa de Estimativa de Safra do Fundecitrus sobre o Recorde da taxa de queda
DownloadA taxa de queda de 21,60% registrada na safra 2020/21 é a mais alta já medida pelo Fundecitrus desde o início da Pesquisa de Estimativa de Safra (PES), em 2015. Se os frutos que caíram tivessem chegado à colheita, representariam o equivalente a aproximadamente 74 milhões de caixas.
Até o momento, a taxa de 17,63% aferida na safra 2019/20 era a maior medida pelo Fundecitrus. Nos anos anteriores, os números ficaram em 16,70% (2018/19), 17,30% (2017/18) e 13,73% (2016/17).
A seca severa e a alta incidência de greening, bicho-furão e mosca-das-frutas são as principais causas do recorde de frutos caídos nesta safra. Veja relação completa e número de caixas perdidas:
1º Natural ou mecânica: 6,63% (22,72 milhões de caixas)
2º Bicho-furão e mosca-das-frutas: 4,76% (16,31 milhões de caixas)
3º Greening: 3,71% (12,71 milhões de caixas)
4º Pinta preta: 2,98% (10,21 milhões de caixas)
5º Leprose: 1,70% (5,82 milhões de caixas)
6º Rachadura: 1,45% (4,97 milhões de caixas)
7º Cancro cítrico: 0,37% (1,27 milhão de caixas)
O clima desfavorável começou ainda em setembro e outubro de 2019, com veranico e temperaturas elevadas que prejudicaram a fixação dos frutos recém-formados, resultando em uma menor concentração de laranjas na florada principal. Durante a fase de desenvolvimento dos frutos, a seca e o calor se intensificaram com a chegada de fenômenos climáticos como a La Niña.
De acordo com o coordenador da Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) do Fundecitrus Vinícius Trombin a forte influência das condições climáticas foi determinante na maior parte do parque citrícola em 2020 – algumas regiões ficaram até 145 dias seguidos sem chuva significativa e uma onda de calor extremo fez de setembro e outubro os meses mais quentes, com temperaturas, respectivamente, 4,4 oC e 3,1 oC acima das médias máximas históricas.
Neste ano, a rachadura ganhou destaque na lista devido aos índices significativos. Anteriormente, estava inclusa em “natural ou mecânica”. A seca extremamente severa provocou a perda de plasticidade da casca.
Além do forte impacto do clima adverso, as restrições impostas pela pandemia também podem ter afetado o manejo adequado dos pomares.
Doenças e pragas
As doenças e pragas dos citros provocaram a perda de 46,32 milhões de caixas, o que corresponde a 13,5% da taxa de queda. Neste grupo, a mosca-das-frutas e bicho-furão foram o principal motivo em razão do aumento populacional desses insetos, observado desde a safra 2018/19. Para amenizar o problema, é fundamental realizar o controle correto.
O greening aparece em segundo na lista devido ao crescimento contínuo da incidência e severidade da doença, somada a não eliminação de árvores doentes em alguns pomares. “A manutenção de plantas com greening sem um controle frequente do psilídeo, além de intensificar a severidade da doença, favorece também o aparecimento de novas plantas com sintomas. Maior incidência e severidade de HLB levam a maior taxa de queda e prejuízos”, ressalta o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi.
Já as múltiplas floradas desta safra tornaram o controle da pinta preta mais difícil, provocando aumento da participação da doença na taxa de queda, após três anos de estabilidade. Para evitar a queda de frutos, é preciso investir no manejo apropriado.
0 comentário

Com pouca oferta e frutos de baixa qualidade, preços dos citros devem ficar estáveis em maio

Citros/Cepea: Preços ao produtor encerram abril em queda

Citros/Cepea: Avanço do outono deve diminuir demanda por laranjas in natura

Brasil conquista abertura de mercado na Índia para os citrus brasileiros

Abertura de mercado na Índia para produtos cítricos brasileiros

Citros/Cepea: Maior presença das precoces pressiona valor da laranja no mercado de mesa