Bacteriose tem preocupado produtores e reduzido a produtividade das lavouras de trigo
No Brasil, a safra de trigo está em pleno desenvolvimento e, por enquanto, as perspectivas são favoráveis tanto em relação à produtividade e qualidade dos grãos. Segundo as projeções oficiais, os produtores deverão colher uma produção próxima de 6,16 milhões de toneladas nesta temporada, conforme levantamento realizado e reportado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) no início de setembro.
Inclusive, em algumas localidades do norte e oeste do Paraná, os agricultores já iniciaram a colheita do trigo. E, de acordo com o engenheiro agrônomo e gerente comercial da Biotrigo Genética, Lorenzo Mationi, o rendimento tem sido satisfatório, acima das 60 sacas do grão por hectare.
“Já na região de Londrina, ainda no estado, tivemos dois períodos de seca, o que a depender da época de plantio e da cultivar escolhida, prejudicou a produtividade. Com isso, temos um rendimento médio entre 35 sacas a 40 sacas do grão por hectare. Mas esperamos que o número volte a se elevar à medida que a colheita avançar”, destaca o gerente comercial.
Na área central do estado, na região de Campo Mourão, a colheita da safra de trigo deve começar nos próximos dias, mas, até o momento, a perspectiva é de um bom rendimento. A situação ainda se repete no sudoeste paranaense. Enquanto isso, no sul do Paraná, as plantações ainda estão em fase de florescimento e enchimento de grãos, porém, os relatos são os mesmos, de boa safra, com estimativa de alto potencial produtivo.
No oeste de Santa Catarina e no noroeste do Rio Grande do Sul, as lavouras estão em estágio de enchimento de grãos e, com perspectiva de boa safra neste ciclo. Na região do Planalto gaúcho, as plantações entram na fase de pré-emborrachamento e pré-espigamento. Na região entre Vacaria, no estado gaúcho, até Lajes, no estado catarinense, as plantações estão em fase de alongamento.
“De modo geral, temos a expectativa de uma alta produção nesta temporada e são poucos os fatores que podem comprometer essa perspectiva. Em relação à sanidade das lavouras, temos alguns problemas pontuais. E outra questão importante é que não tivemos, até o momento, uma geada forte, que trouxesse prejuízos às lavouras”, afirma Mationi.
Contudo, segundo informações da Climatempo, nesta quinta-feira (15), clima no estado será influenciado por uma massa de ar seco de origem polar, o que deverá manter a temperatura baixa. “O sol aparece na maior do dia e o tempo fica firme. Porém, há risco de geada ao amanhecer nas serras no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”, informou o instituto de meteorologia.
Além disso, os produtores seguem atentos às chuvas no estado. “Temos que ter cuidado, especialmente em relação ao aparecimento da giberela nas lavouras. No caso da colheita não chega a ser uma grande preocupação, uma vez que, cerca de 90% da safra foi semeada com variedades de trigo tolerantes à chuva na colheita e não irão brotar na espiga”, pondera Mationi.
Mercado
No Paraná, o preço FOB está próximo de R$ 730,00 a tonelada, já no Rio Grande do Sul, o valor gira em torno de R$ 650,00 a R$ 680,00 a tonelada do trigo tipo 1. “Tivemos uma queda nos preços no mercado interno devido à oferta mundial e a oferta vinda do Paraguai. No entanto, a recente alta do dólar acabou limitando as quedas”, explica gerente comercial.
Mationi ainda completa que, “os preços sempre recuam nessa época do ano por conta da oferta. E também a questão das importações que podem acomodar as cotações em patamares mais baixos”. Atualmente, a saca é cotada entre R$ 38,00 a R$ 40,00 em algumas localidades do país. “Temos uma super safra no mundo e também temos estoques elevados. Há um relatório que indica que os países que focarem em qualidade irão se destacar na comercialização”, completa.
Diante dessa perspectiva, a segregação do trigo é cada dia mais importante para os produtores. “Isso é liquidez, com a segregação, o produtor vende mais rápido, uma venda preferencial e o preço acaba sendo uma consequência da escolha feita pelo comprador. E a segregação começa na escolha da cultivar e é preciso segregar cultivares que tenham a mesma aptidão de paridade industrial. Outro diferencial é a prática de armazenagem desse produto”, afirma Mationi.
Doenças
Nos últimos dias, os produtores têm relatado problemas com o aparecimento da bacteriose nas lavouras de trigo. A maior incidência da doença nesta temporada é decorrente das temperaturas mais baixas e a das chuvas, segundo explica o fitopatologista da Biotrigo Genética, Paulo Kuhnem.
“Essa condição climática acaba favorecendo a multiplicação dessa bactéria que vive naturalmente na folha do trigo. Mas ela só consegue degredar o tecido quando há danos de insetos, queda de granizo e ocasiona o branquiamento, especialmente na fase de espigamento”, explica o fitopatologista.
E como não há um bactericida, o controle da doença é mais difícil e o trabalho deve ser feito preventivamente, ainda na visão do especialista. “Os agricultores também devem estar atentos, pois se houver a aplicação de fungicida nas lavouras antes ou depois das temperaturas mais baixas e chuvas, podemos ter um agravamento da bacteriose nas plantações”, alerta Kuhnem.
Paralelamente, também é preciso reforçar que a giberela e as manchas foliares ainda podem ocasionar perdas às lavouras. “A giberela afeta o rendimento e a qualidade de grãos, então para manter a boa qualidade que temos até esse momento é a aplicação de fungicida específica para tentar proteger o órgão aéreo, que é a flor. A aplicação, quando feita no momento certo, temos até 80% do controle da doença, causada por fungo”, finaliza o fitopatologista.
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