Custo operacional na produção do trigo brasileiro é o maior do mundo. Logística, tributação e problemas agronômicos reduzem competitividade

Publicado em 11/03/2016 12:56
Desde 2010, trigo brasileiro teve apenas 3 momentos de renda positiva para produtor

A produção do trigo brasileiro tem o maior custo operacional do mundo, como mostram dados do Agri Benchmark. De acordo com o economista da Farsul (Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul), Antônio da Luz, entre os anos de 2008 a 2013 para produzir uma tonelada de trigo foram precisos US$ 267, contra US$ 187,28 da Grã-Bretanha que vem logo em seguida o ranking.

Segundo o estudo, que realiza através das universidades em todo o mundo, o levantamento dos custos da cultura levando em consideração a mesma metodologia, apontou que o custo operacional do Brasil está 62% maior na comparação com as demais nações acompanhadas. Na média de todos os países o custo é de US$ 163,78.

Em contrapartida ao cenário nacional, "temos a Argentina com o menor custo operacional do mundo, estimado em US$ 110,17, e vale ressaltar que eles só estavam com problemas porque tinham as retenciones", explica o economista.

Nos últimos dois anos, o custo de produção no Brasil aumentou 19% enquanto que o preço retraído 3%. Segundo Luz, avaliando esse cenário, do ponto de vista econômico a cultura do trigo é inviável no país.

Entre as causas que levam a esse alto custo estão às questões logísticas, tributação, e o baixo rendimento. Segundo o economista, para equilibrar os custos seriam preciso em média 75 sacas por hectare, no entanto, a produtividade do Estado está em 55 sacas por hectare.

Além disso, desde 2010, trigo brasileiro teve apenas três momentos -- agosto, setembro e outubro de 2013 -- onde a renda foi positiva para produtor, de acordo com dados da Farsul. Atualmente o déficit operacional está em 18%.

"Quando olhamos a política de preços mínimo do governo federal percebemos que ela está totalmente desconectada com a realidade dentro do Brasil, nossos custos de produção, paridade importação e quadro de suprimentos. Quando o governo estabelece um preço mínimo tão baixo ele está deixando claro que não quer que plantem trigo", pondera Luz.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • geraldo emanuel prizon Coromandel - MG

    Excelente matéria sobre o trigo com o economista Antonio da Luz. No Brasil nós não temos uma política agrícola para o trigo..., assim o melhor para o agricultor e para o mercado é que cada um plante por sua conta e risco... Com certeza os moinhos passariam a valorizar mais o produto nacional.... Seria o fim da ladainha " o produto importado tem maior qualidade"...

    0
    • Rubenson Antônio Assinck Santa Bárbara do Sul - RS

      Nesta cadeia do trigo, quem ganha, é de um lado aqueles que vendem os insumos, do outro lado as cerealistas, os moinhos e o governo com os impostos que são gerados. No meio fica o produtor ganhando uma mixaria, ou muitas vezes nada.

      0
    • geraldo emanuel prizon Coromandel - MG

      Complementando: Numa outra vertente a certeza do mercado cativa deixaria de existir.

      0