Grãos: Foco para o mercado internacional se volta, cada vez mais, para as informações da nova safra dos Estados Unidos
Depois da divulgação do relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o mercado conseguiu romper a barreira técnica dos US$ 9,60/bushel. Segundo França, o mercado vinha testando esse patamar durante o ano, e na última semana conseguiu ultrapassar a barreira.
"Esse US$ 9,60 vira agora uma resistência e o mercado precisa encontrar um motivo para voltar a subir e romper os US$9,60 no lado de cima. Depois dos US$9,60 do lado de baixo, a nova meta técnica é os US$ 9,30", explica França.
Entre os aspectos baixistas estão, a demanda desaquecida dos Estados Unidos, a tendência de área maior para a safra 2015/16 norte americana, as boas condições climáticas para o plantio da safra dos EUA até o momento, e a colheita na América do Sul que encaminha para uma safra recorde - especialmente na Argentina.
Segundo ele, a maioria das variáveis do mercado estão predominantemente negativas, quando analisadas no curto prazo, e o mercado ainda não encontrou motivos para buscar novas altas.
Contudo, a intenção de plantio da safra americana ficando abaixo das expectativas e, a redução dos estoques nos Estados Unidos - próximos as 10 milhões de toneladas - trazem tensão ao mercado, podendo ser um cenário positivo para altas em Chicago.
Diante desse cenário, o mercado interno também oscila em queda de 3% a 6% pressionados pelo recuo cambial, "com isso houve uma retração natural por parte dos produtores", e o prêmio em Paranaguá subiu mais de 50 pontos para as posições de abril e maio, salienta França.
"Apesar desse dólar momentâneo mais fraco, existe espaço para nervosismos durante o ano, então a faixa do dólar um pouco mais calma não é definitiva, assim como Chicago abaixo de US$ 9,60/bushel também não é definitivo", explica França.
Sendo assim, o mercado deve se voltar agora para o clima nos Estados Unidos, que vai influenciar a produção norte americana, haja vista que os estoques também estão reduzidos, e a exigência de "uma safra cheia" se faz necessário, considera o analista.
França afirma que os produtores que tiverem oportunidade para assumir uma posição mais conservadora no momento, será a estratégia adequada a seguir. "Os produtores vem agindo de maneira profissional, aproveitando os picos de preços e fazendo médias", confirma.
Esse movimento de "proteção" dos vendedores colabora também para pressionar o mercado, e Chicago pode voltar a reagir com a oferta restrita da América do Sul.
Do lado do consumo o fluxo segue estável, afirma o analista, e não há - até o momento - nenhuma notícia de impacto negativo na demanda mundial que possa influenciar o mercado.
Segundo França, os produtores aguardam níveis de preço próximos aos R$ 70,00/saca para voltar às vendas, "a menos que ele tenha necessidades de pagamento de custeio, e compromissos que são comuns no período de abril e maio", considera.
Milho
Assim como mercado da soja, os preços do milho tiveram alta em março no mercado interno, pressionados pelo dólar. Mas retornaram a cair no mês de abril, também sentindo a retração cambial.
"A soja e o milho tem duas diferenças, uma interna e outra externa. A externa é que diferente da soja, o milho tem uma tendência de área menor nos Estados Unidos, portanto as cotações futuras em Chicago estão maiores. Internamente o milho tem excedente da safra passada, então temos que ter em mente que precisamos voltar a exportar um bom volume, algo próximo a 20 milhões de toneladas para manter os estoques em níveis aceitáveis", explica França.
Nesse sentido, os produtores devem ofertar a produção, haja vista que o cenário de preços no mercado externo é positivo, ressalta o analista. Em Chicago, o contrato maio trabalha com patamares de US$ 3,70/bushel.
Para ele, o mercado também tem força para recuperar o patamar dos R$ 30,00/saca nos portos, haja vista a sensibilidade de Chicago com os estoques e a redução de área divulgada pelo USDA.
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