Preços da soja devem ser influenciados, cada vez mais, pelo desenvolvimento do clima nos EUA e a nova safra norte-americana
Os preços da soja na Bolsa de Chicago vem trabalhando dentro do intervalo de US$9,50/bushel e US$10,00/bushel pressionados pela ampla demanda, e as noticias de que a safra da América do Sul pode ser maior do que o esperado.
As secas registradas durante quase todo o processo de cultivo do grãos faz com que muitos analistas corrigissem suas estimativas de produção, esperando uma quebra significativa. No entanto, como explica Camilo Motter, analista da Granoest Corretora de Cereais, esse cenário não se concretizou e o mercado internacional refletiu esse novos números causando estabilidade.
"Nós tinhamos uma tendência de produção brasileira próxima das 90 milhões de toneladas, e agora os últimos números estão todos se consolidando entre 94 e 95 milhores de toneladas. Para a Argentina, não há número que fale abaixo de 55 milhões, mas já tem quem fale em 58 milhões de toneladas, e rumores que a safra Argentina pode bater próximo de 60 milhões, ou chegar aos 60 milhões", declara Motter.
Esse cenário proporcionou uma recomposição mais sólida da oferta global, causando 'confinamento' do mercado nas últimas semanas, que para o analista não tem espaço para baixas significativas.
O clima, especialmente dos Estados Unidos, será decisivo para a formação dos preços na Bolsa, haja vista que "os fundos de investimentos então em posições vendidas, e a qualquer sinal de alterações eles irão recompor com posições liquídas compradas e podemos ver esse mercado andar para patamares melhores", explica o analista.
Além disso, a irregularidade climática pode causar alternancia de cultura, e favorecer o cultivo da soja mais tardio.
"Os preços estão muito sensiveis a questão do climatíca, porque ao contrário de anos anteriores, o preço está muito baixo e essa pressão que os preços estão sofrendo permitem uma sensibilidade a irregularidades climáticas", ressalta Motter.
No mercado interno, o câmbio tem colaborado para a formação positiva dos preçoes. Nos últimos dias o dólar trabalho entre R$3,10 a R$3,12 - referência ainda muito alta se comprado aos últimos anos - mas que já apresenta uma redução na volatividade das semanas anteriores.
"Com certeza terá que ser aprovado medidas duras pela frente e nesse momento a taxa de câmbio está mais conformada, porque o mercado está percebendo que na política está havendo algum entendimento entre Congresso e governo", declara o analista.
Com isso, os preços internos são atraentes ao produtor, haja vista, que na compra dos insumos para o cultivo da safra 2014/15 o dólar estava desvalorizado, e agora na comercialização o câmbio ajuda na composição de melhores preços.
Mas, esse cenário pode ser o inverso quando analisado as possibilidades para a safra 2015/16. O dólar alto no periodo onde o produtor adquire seus insumos aumenta os custos de produção e uma estabilidade economica no futuro "podemos ter formação de preços com o dólar bem mais baixo", completa Motter.
Os prêmio que também estão positivos, em torno de US$ 40 a US$ 44 cents, estão sendo pressionados pelo preço internacional, forçando os compradores a ofertar mais para obter o produto.
Outro fator que pode pressionar os preços futuramente, é a logistica para os embarques de exportação. Nos primeiros meses da temporada, foram embarcados de 6 a 6,5 milhões, contra 9,5 milhões do mesmo periodo do ano passado.
"Temos uma dificuldade muito grande de engrenar a logistica, é um problema de todos os anos, mas nesse ano está especialmente ruim, o que significa que vamos continuar empurrando soja nos próximos meses. O gargalo portuario mantendo o ritmo muito lento", conclui Motter.
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