Manejo das principais doenças do feijoeiro deve começar com a utilização de sementes de qualidade, livres de fungos e bactérias
Com o plantio do feijão praticamente concluído no Paraná, as atenções devem estar voltadas para o comportamento das principais doenças que atingem o feijoeiro. Adriane Wendland, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão e doutora em Fitopatologia, destacou ao Notícias Agrícolas as principais características e formas de transmissão dessas doenças, de forma a auxiliar os produtores a concluírem sua safra de forma sustentável, sadia e rentável.
Confira:
Bacteriose
São três as bactérias responsáveis pela transmissão dessa doença: Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli, Xanthomonas fuscas var. fuscans e Xanthomonas sp, esta última que é uma nova espécie, encontrada pela primeira vez na África. Essas três espécies possuem sintomas semelhantes, de forma que o manejo não se altera para o produtor, mas para os pesquisadores e melhoradores, é importante a atenção redobrada na hora de realizar o melhoramento genético.
Definida por um crestamento bacteriano com lesões pardas circundadas por uma mancha amarelada, essa doença pode causar perdas de até 100% nas lavouras. Seu desenvolvimento favorável está na temperatura entre 25ºC a 32ºC, com alta umidade e chuvas frequentes. Pode ser transmitida por meio de sementes, restos de cultura, leguminosas e plantas daninhas. Caso a doença se prolongue, ela também pode apresentar danos para as vagens.
Murcha de Curtobacterium
Essa doença causa uma "murcha" da planta como um todo. A bactéria responsável, Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens, entope os vasos da planta impedindo a progressão de nutrientes. As sementes contaminadas apresentam manchas e tamanho reduzido.
A disseminação pode se dar por sementes, vento, chuvas e insetos em geral. A alta temperatura e o estresse hídrico causam condições favoráveis. Ela sobrevive, além de sementes, em restos de cultura, outras leguminosas e plantas daninhas
Pseudomonas phaseolicola
O aumento do plantio de cultivares de feijão preto mostrou alta suscetibilidade a essas pragas, embora estas não sejam vistas como um problema muito sério até o momento. Caso o produtor observe essa doença em sua lavoura, deve evitar as cultivares suscetíveis.
Antracnose
Causada pelo fungo Colletotichum lindemuthianum, causa o escurecimento e a depressão do caule e uma lesão convexa nas folhas. Além disso, ela também ataca vagens e sementes.
Uma temperatura entre 13ºC a 26ºC, com alta umidade, causa uma condição favorável para seu aparecimento. Ela sobrevive em sementes, restos de cultura, plantas hospedeiras e outras espécies de leguminosas. Contudo, o controle químico com triazóis tem se mostrado eficiente.
Mancha Angular das Folhas
Causada pelo fungo Pseudocercospora griseola, que está presente de norte a sul no país, incide nas folhas e nas vagens com uma lesão marrom-chocolate, podendo causar perda total na lavoura. A coloração única de sua lesão e a depressão, que não é profunda, diferenciam essa doença da antracnose, que tem lesões circuladas por manchas escuras e um alto nível de depressão.
Fungo de norte a sul do país. Crescimento do fungo nas folhas. Incide nas vagens lesão marrom chocolate, pode causar perda total da lavoura.
Essa doença pode ser disseminada por sementes, vento, chuva, insetos e implementos agrícolas, em condições de temperatura entre 16ºC a 28ºC. Ela sobrevive em sementes, restos de cultura e plantas hospedeiras como Pisum sativum, Phaseolus spp. e Vigna spp.
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