Pressão negativa sobre os preços da soja em Chicago está chegando ao fim
A pressão sobre os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago está chegando ao fim, acredita o consultor de mercado e diretor do SIM Consult, Liones Severo. A demanda por farelo, aquecida e crescente deverá ser, entre outros, o principal fator de suporte para as cotações do grão, disse em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira (30).
"O farelo de soja é a única proteína existente em escala no mundo, então, a não ser que se descubra um substituto para ele, assim, é muito pouco provável que tenhamos mais quedas significativas para os preços da soja na Bolsa de Chicago", diz Severo.
Para o consultor, o movimento negativo que levou os preços aos atuais patamres praticados no cenário internacional foi motivado por movimentos financeiros, com uma contribuição ainda de uma ligeira sobreoferta de farelo no mercado americano depois da descoberta de uma gripe aviária nos EUA, a qual acabou resultando no embargo de suas exportações por parte de alguns compradores. Além disso, o mercado está travado os fundos estão muito vendidos, o que também poderia limitar as baixas na CBOT.
Processamento de Soja
Com uma elevada capacidade de processamento industrial, a China deverá voltar essa industrialização para a soja e a produção de farelo, enquanto que, em anos anteriores, as atividades se voltavam para outras oleaginosas - como colza e amendoim - para a obtenção de óleo. "Estamos presos ao farelo, que é o maior insumo alimentador dos produtores de carnes e por isso que a soja é a commodity mais importante do mundo", explica Severo. Atualmente, a nação asiática tem 300 indústrias processadoras de soja e cerca de 70% delas voltadas para as costas oceânicas para receber soja importada.
O consultor acredita ainda que a leitura das "margens negativas" para o esmagamento de soja não reflete o real cenário do mercado, apesar de preços um pouco mais pressionados para o farelo nos mercados internacionais. Ou seja, a demanda chinesa segue aquecida com seus rebanhos gigantes - o maior mundial de suínos - além dos alojamentos e da criação de peixes também bastante substanciais. "Um país que consome 80 milhões de toneladas de carne precisa importar insumo ou sacrificar seus rebanhos, o que não está acontecendo e nem nunca vai acontecer", diz Severo.
Oferta
As perdas que vem sendo registradas nas lavouras brasileiras de soja nesta temporada 2014/15 também não deverão exercer, segundo o consultor, muito impacto sobre o andamento das cotações, já que um dos principais pontos do mercado agora não é o tamanho da oferta, mas sim a quantidade de farelo a ser disponibilizada no mercado. E sobre isso, Severo é contundente e diz que não há capacidade industrial no Brasil para processar a soja e trazer um volume necessário de farelo no quadro atual.
"Estamos bastante seguros de que o farelo tem uma importância grande, é muito barato e a farinha de peixe que é seu concorrente tem o preço cinco vezes mais caro, e ainda sofre escassez também. Não tem alimento no mundo e o farelo de soja é soberano nessa questão. Não adianta dizer que a soja vai cair porque o Brasil vai produzir mais porque não há indústria no mundo para transformar em farelo. Então, o preço do farelo segura o preço da soja (...) Temos um futuro brilhante para os preços daqui para frente", afirma.
Preços
Assim, diante desse quadro do mercado mundial, Liones Severo continua acreditando que os preços da soja devem se recuperar na Bolsa de Chicago, podendo buscar ainda algo entre os US$ 11,00 e US$ 11,40 por bushel, principalmente se o produtor brasileiro seguir administrando com profissionalismo sua comercialização."Se não houver uma enxurrada de venda de soja brasileira de uma só vez, continua intacta essa formação de preços, podendo buscar até mais. Nós entramos em um preço irreal da soja por conta de movimentos financeiros que já têm hora e data marcada", salienta o consultor do SIM Consult.
Para Severo, essa análise pura e linear da oferta para direcionar os preços é inconsistente, principalmente no médio e longo prazo, já que os negócios fazem parte de um "sistema indissociável", o qual conta, entre outros fatores, com a expansão necessária do consumo dpo farelo de soja, por exemplo, que é um fator de sustentação para as cotações. "O farelo é quem governa os preços da soja. E o preço da soja está muito barato e preço barato expande o consumo", diz.
Além disso, afirma novamente que o aumento na oferta mundial nada mais é do que um aumento proporcional da necessidade do consumo. "Estamos produzindo mais soja porque o consumo está precisando. Ninguém produz alguma coisa para ninguém. Nossa produção é valiosa e o Brasil é a esperança do mundo. Esse ano é muito importante", reforça.
Para 2016, o cenário é diferente e o que diz agora é especulação.
Para o produtor brasileiro, a orientação principal de Liones Severo é de que continue a ganhar conhecimento, a administrar com competência suas vendas - como já vem fazendo - e conhecer, cada vez mais, a cadeia de suprimento mundial como um todo. "O conhecimento te traz segurança. Quando sabemos muito sobre algo não nos assustamos tão fácil", conclui.
3 comentários
Terceira geração de família de agricultores deixa raízes no RS e parte para abrir terras em Juína, no Mato Grosso
Campeão do “Melhor História de um Agricultor” quis que sua história fosse exemplo para outras pessoas
Finalista do “Melhor História de um Agricultor” destaca honra e responsabilidade de contar história da família
Em Laguna Carapã/MS, lavouras de milho safrinha já devem registrar perda de produtividade depois de 15 dias de seca
Chuvas irregulares já interferem no potencial produtivo da safra de soja no RS mas produção ainda pode ser recorde no estado
Confira a entrevista com Eduardo Vanin - Analista de Mercado
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Liones, escrevi o comentário abaixo, aproximadamente, 6 a 7 dias atrás. Como encontrei certa dificuldade em expressar com mais acuro a teoria, deixei sem enviar ao Noticias Agricolas. Basicamente pela explicação longa e complexa necessária para explicar o por que da possibilidade de queda expressiva no contrato setembro, depois da alta que vem por ai.
Com a licença dos amigos, em respeito ao Liones, especulo. E minha especulação vai no mesmo sentido e posicionamento do Liones Severo em relação aos estoques, com algumas considerações... O que temos em comum nas avaliações é o fato de os EUA não terem a intenção de manutenção de estoques, e creio ser por uma questão de política comercial, dados os altos custos de manutenção e armazenamento de grãos. Para que fique bem entendido, o armazenamento só é justificável em condições que indiquem aumento futuro de preços. Aqui cabe uma ressalva, o mercado de futuros não obedece a mesma lógica dos fundamentos, e atualmente depende muito da conversa fiada de burocratas estatais. Hoje os fundos não conseguiram assustar os compradores e a perda foi limitada. Para não me dispersar, os fundos já haviam precificado essa queda do contrato março, sem contar que o Brasil irá perder o dobro de soja do que é anunciado. Se houvesse super safra aqui, eles liquidariam os estoques, baixando os preços ao nível necessário. A situação tomou outro rumo e é evidente que estão tendo dificuldade para levar o contrato março para perto de U$ 9,00, e é somente ai que o mercado futuro passa a considerar a demanda, pois com possibilidade de aumento de preços os nossos competidores irão estocar, e em minha opinião o estoque anunciado pelo USDA corresponde ao equivalente da perda no Brasil. Para finalizar, a especulação: Preços para cima, com oscilações bruscas provocadas pelos fundos – significa que podem cair muito em dois, três dias, recuperando em seguida, e queda em setembro se as condições climáticas colaborarem com o plantio nos EUA. Além disso, no mercado de futuros, é somente ilusão. OBS: Em minha opinião não existe política norte americana de recomposição de estoques, e também que, a oferta faz a demanda e não o contrário.Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Vou falar mais um pouco sobre bolsa. É comum ouvir de analistas que é preciso um fato novo para que haja movimentos de preços nos contratos. Mas o que ocorre na verdade são movimentações baseadas em fatos que já ficaram para trás. Infelizmente esse assunto não pode ser desenvolvido sem tocar a política, e no caso a política pública de publicação e divulgação de resultados de safra. É evidente que qualquer uma das várias instituições Brasileiras poderia elaborar um comunicado, relatando as perdas nos grãos. Entretanto isso iria contra a política governamental de obtenção de safras recordes e títulos de primeiro produtor mundial, para dar pelo menos um tipo de satisfação aos Brasileiros. Falei do fato consolidado, pois não vejo como fazer com que os EUA aumentem os preços dos grãos sem saber a quebra exata da safra aqui no Brasil. Após a divulgação dos números, os preços futuros sobem novamente, - contrato março - os financeiros recuperam as perdas e os produtores americanos podem vender sua nova safra a bons preços. Isso pode fazer com que o contrato setembro caia abaixo de U$ 9,00, em cima de fato já conhecido de aumento de área de soja nos EUA. Isso pode acontecer devido a possibilidade de produtores americanos venderem sua safra 2015 em cima da quebra na safra Brasileira. O difícil é saber quando os fundos resolverão agir e em que intensidade. Espero que tenham conseguido perceber que já é fato acontecido, e a reação liquida e certa... no momento oportuno. No Brasil esse é o custo de uma burocracia preocupada única e exclusivamente consigo mesma, e para quem o produtor não tem relevância alguma.
Dalzir Vitoria Uberlândia - MG
Caro Liones,tenho um respeito e reconhecimento muito grande as suas qualidades de consultor de mercado e para min o que mais acerta...mas salvo fato novo minha opinião é que os preços continuam de lado e em queda...com mercado ofertado..estocado...e com demanda normal os preços ao produtor andam de lado e em queda...