Trégua das chuvas na metade norte do país só daqui uma semana, diz Inmet
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Previsão do Tempo com Francisco de Assis Diniz - Chefe do Centro de Análise e Previsão do Tempo do Inmet
DownloadAs previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), sinalizam para mais uma semana de chuvas na região norte do Brasil. Os modelos apontam para uma semana com bastante umidade no Matopiba, parte do Goiás e Mato Grosso. O retorno de acumulados mais expressivos deve acontecer já neste final de semana.
A boa notícia, segundo Francisco de Assis Diniz, é que após estes sete dias de chuva, o produtor de soja deve ter uma janela para a colheita. O período de estiagem é previsto para a partir do dia 12 de março
O modelo Cosmo do Inmet indica que neste sábado (6), os maiores volumes de chuvas são previstos para o Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
A partir de sábado, as chuvas avançam com mais intensidade para o Sudeste, aumentando também a umidade na região central do Brasil.
Já na terça-feira, o modelo mostra a formação de um novo corredor de chuvas, entre o Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.
Veja o mapa de previsão de precipitação para as próximas 93 horas:
Fonte: Inmet
Entre este sábado e domingo (7), as chuvas chegam também em Minas Gerais, Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo.
"No domingo as chuvas chegam forte em Minas Gerais, principalmente na Zona da Mata Mineira. Sul e noroeste de Minas também tem previsão de muita chuva", alerta Mamedes Luiz Melo, meteorologista do Inmet.
Veja o mapa de previsão de precipitação para o Sudeste no sábado (6):
Fonte: Inmet
O avanço da frente e a circulação de ventos também vai favorecer as chuvas no sul de Goias, e para o domingo, a previsão é de acumulados entre 20mm e 30mm.
Em algumas regiões do Centro-Oeste e do Matopiba, o volume de chuva deve continuar comprometendo a colheita da soja no Mato Grosso e também no Maranhão.
A cada dia em que as chuvas continuam chegando ao centro-norte do Brasil, a preocupação dos sojicultores aumenta. As regiões onde o excesso de umidade ainda castiga as lavouras, a soja segue perdendo qualidade e a impossibilidade da colheita atgrasa ainda mais o plantio da segunda safra de milho, a qual também está sendo empurrada para fora da janela ideal de cultivo.
Veja a matéria completa aqui:
Excesso de chuvas no Brasil reduz qualidade da soja e gera perdas para a safra
SÃO PAULO (Reuters) - O amplo volume de chuvas em algumas das principais regiões produtoras de soja no Brasil tem reduzido a qualidade dos grãos e já acarreta perdas para a safra 2020/21, apesar de o país ainda caminhar para uma colheita recorde, segundo integrantes do setor e especialistas.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, disse à Reuters que será feita uma revisão para baixo na projeção mais recente da entidade, que está entre 129 milhões e 130 milhões de toneladas para a oleaginosa.
"O problema de chuva está geral... está grave e tem muito problema na qualidade dos grãos, grãos ardidos, o produtor está perdendo muito com isso", afirmou.
Segundo ele, os agricultores perdem por grãos que não puderam ser colhidos e pela redução de peso do produto que passou pela colheita, mas tem umidade excessiva.
O cenário tem ocorrido em regiões de "Mato Grosso, boa parte de Goiás, Piauí, Maranhão, Paraná, uma parte de Minas Gerais. (Em) Tocantins é demais", citou Pereira.
Ele ainda disse que a revisão na projeção da Aprosoja só não foi realizada ainda porque o país, maior produtor e exportador global da oleaginosa, está no "epicentro" do problema.
Desta forma, assim que as perdas forem mensuradas com mais clareza, o número da entidade --que já é inferior aos 133,8 milhões de toneladas projetados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)-- será revisto.
Mais cedo, nesta sexta-feira, a empresa de consultoria meteorológica Rural Clima reduziu suas estimativas para soja e milho segunda safra, indicando prejuízos causados pelas chuvas excessivas.
O clima na América do Sul está no radar do mercado e motivou, inclusive, altas na bolsa de Chicago nesta semana. Além das chuvas no Brasil, episódios de seca na Argentina ligaram um alerta sobre a oferta global.
Nesta sexta-feira, por exemplo, o contrato mais ativo da soja subiu 19,50 centavos de dólar, para 14,30 dólares por bushel.
COLHEITA
Após um plantio feito tardiamente e dificuldade de acesso às lavouras, em meio a muitas precipitações, o Brasil registra lentidão e atraso na colheita.
De acordo com a consultoria Pátria AgroNegócios, há 34,19% da safra brasileira de soja colhida até esta sexta-feira, contra 52,26% no mesmo período de 2020 e uma média histórica de 52,60%.
A consultoria calcula que entre 44 milhões e 44,5 milhões de toneladas da oleaginosa já foram retiradas dos campos.
"A Pátria tem sido alertada por seus clientes no centro-norte do país que as chuvas incessantes continuam impedindo o deslanchar da colheita, ao mesmo tempo que os talhões colhidos no Sul do Brasil trazem número decepcionantes acarretados por semanas consecutivas de estiagens."
O diretor da Pátria, Matheus Pereira, ressaltou que nos sete primeiros dias da soja pronta para ser colhida, o grão perde 1% de peso por dia no campo. Após os sete dias, as perdas aumentam para 2% por dia.
Em Mato Grosso, maior Estado produtor da cultura, a colheita avançou para 67,20% da área, alta de 15 pontos em uma semana, informou o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Os trabalhos, no entanto, estão 24,27 pontos atrás do registrado na mesma época de 2019/20 e têm atraso de 13,07 pontos ante a média histórica para esta época do ano, segundo o instituto.
Sobre as chuvas, o gerente de inteligência de mercado do Imea, Cleiton Gauer, disse à Reuters que o órgão passou a ouvir relatos sobre problemas com maior intensidade nas últimas semanas, mas ainda não há uma avaliação sobre o impacto geral para o Estado.
De acordo com dados da Refinitiv, as chuvas seguem nos próximos dias, com acumulados de cerca de 60 milímetros até o dia 10 em Mato Grosso. Algumas áreas do Paraná vão registrar cerca de 50 milímetros acumulados no mesmo período.
Tocantins recebeu 615 mm de chuvas em poucas horas, uma tragédia para a soja
Um dos estados que mais sofre com as atuais condições climáticas é o Tocantins. O estado fechou fevereiro com um acumulado de chuvas de 615 mm, contra volumes de pouco mais de 300 mm em anos anteriores, como relata ao Notícias Agrícolas, o produtor rural Rodrigo Almeida, de Araguacema, no Tocantins.
"De 5 de fevereiro em diante, tivemos chuvas todos os dias, com volumes grandes, impossível fazer os trabalhos de campo, como a colheita, o plantio do milho, está tudo atrasado. As máquinas não conseguem desempenhar seu trabalho no campo", diz.
Almeida relata afirma ainda que "a soja chega no ponto de colheita e a produtividade vai só caindo, a qualidade do grão vai se deteriorando e, para agravar, os armazéns não têm condições de receber esses grãos porque o processo de secagem é muito lento e não há estrutura".
As imagens abaixo, enviadas por Almeida, ilustram a condição da soja que está sendo retirada de suas lavouras neste momento.
No Maranhão, a situação é semelhante. Na região de Balsas, uma das principais regiões produtoras do estado,a colheita também está bastante atrasada, bem como o plantio da safrinha, por conta das chuvas constantes.
"As áreas de palhada precisam de, pelo menos, uns três dias de sol e não estamos tendo isso. Não tem chovido muito em quantidade, mas todo dia dá uma chuva que lhe impede de trabalhar e sair de casa com o maquinário", explica Zildomar Manthley, produtor rural da região.
Ele completa dizendo que "está tudo atrasado, soja perdendo qualidade, e os produtores muito preocupados neste momento".
Em Mato Grosso, a situação também exige monitoramento e atenção. Como explica o presidente da Aprosoja MT, Fernando Cadore, a colheita da soja está entre 15 e 20 dias atrasada, em função de um atraso que se deu já no início da temporada, durante o plantio.
"A colheita, além de atrasada, passa por esse excesso de precipitação na maior parte das regiões, o que faz com ainda falte cerca de 40% do plantio do milho para ser feito. Algumas regiões estão sem condições de colheita nos últimos 10 a 12 dias, causando uma grande avaria na soja, principalmente na região da BR 163. É uma situação muito crítica, praticamente de calamidade", relata Cadore.
As imagens abaixo são de lavouras de soja, no início deste mês de março, na região de Sinop, no estado mato-grossense.
Os relatos de perdas, com lavouras muito avariadas e grãos sem qualidade são muitos por parte dos produtores neste momento, que têm feito o possível para salvar ao menos parte de suas safras, ainda como explica Cadore.
Sobre o plantio do milho safrinha, o presidente da Aprosoja MT afirma que a situação é semelhante a da safra 2015/16, que foi a mais atrasada da história. "E sabemos qual foi o resultado dessa safra, quando não tivemos chuvas entre abril e maio. Esperamos que não aconteça isso, porque pode acontecer uma catástrofe na segunda safra se não tivermos um clima propício nos próximos meses".
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Segundo Paulo Sentelhas, professor da Esalq/USP e CTO da Agrymet, o grande problema não foi o volume das chuvas, que ficaram pouco acima da média esperada para o mês de fevereiro, mas sim a forma como chegaram, ou seja, de uma vez. "No segundo e terceiro decêndio do mês realmente choveu muito, cerca de 40mm acima da média esperada. O problema foi como essa chuva chegou, de uma vez. Foram vários dias seguidos de chuvas e isso complicou ainda mais", afirma. A média esperada para fevereiro era de 335mm e o registrou foi de 350mm.
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+ Problema da chuva foi a intensidade com que chegou no MT e Matopiba, avalia Paulo Sentelhas
Os mapas abaixo, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), mostram os acumulados de chuvas em 1 dia, na primeira imagem, e em 5 dias, na segunda.
CHUVAS VOLTAM AO RS
No Rio Grande do Sul, onde havia grande preocupação com a falta de chuvas, o alívio chegou nos últimos dias, como relata o presidente da Aprosoja RS, Décio Teixeira. "Algumas lavouras ficaram 15, 16 dias sem chuvas, mas choveu nos últimos dois dias, chuvas de 30 a 70 mm e ajudaram na recuperção", diz.
Poucos produtores conseguiram plantar em outubro em função da baixa umidade e "isso foi providencial", segundo Teixeira, já que em novembro praticamente não houve precipitações. Assim, a colheita no estado gaúcho deverá começar a partir do dia 20 e "a safra deverá ser bem boa, tudo como esperado", acredita o presidente. "Está tudo caminhando bem".
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