Na região de Piedade de Caratinga (MG), colheita do café chega a 85% e grãos estão miúdos
A colheita do café arábica alcança entre 85% a 90% da safra na região de Piedade de Caratinga (MG). E, apesar de ser um ciclo de alta na produção, a safra de 2015 deve ser menor, ainda um reflexo das chuvas irregulares registradas desde o início do ano. A região deveria produzir 700 mil sacas do grão, porém a estimativa para essa temporada é de 500 mil sacas.
Outro fator que também resulta em uma safra menor é a recepa dos cafezais, conforme explica o produtor rural da região, Nísio Soares. “Com os baixos preços praticados no início do ano anterior, os cafeicultores acabaram esqueletando os cafezais”, destaca.
Em relação à safra de 2015, o cafeicultor ainda explica que os grãos também estão miúdos. Com isso, os produtores que utilizavam entre 500 litros para fazer uma saca do grão usam entre 700 a 900 litros. “Isso deixa um prejuízo aos agricultores, uma vez que precisamos de mais grãos para fazer uma saca de café”, ressalta Soares.
A qualidade do café também foi afetada pelas adversidades climáticas. Em média, em uma lavoura os produtores conseguiam entre 70% a 80% dos grãos de qualidade. “Esse ano, temos o café de qualidade em torno de 50%, o resto fica um café boia e verde. Em comparação com o ano passado temos um déficit de 30%”, diz o cafeicultor.
Custos de produção
Os custos de produção são elevados, principalmente em decorrência da colheita, por ser uma região montanhosa. Porém, em média, em uma lavoura com produtividade entre 35 sacas a 40 sacas do grão, o custo fica próximo de R$ 320,00 a saca. Já em uma plantação com rendimento menor, de 15 sacas a 20 sacas, os custos ficam entre R$ 380,00 até R$ 400,00/sc.
“Temos uma variação muito grande, especialmente, em função do tamanho das propriedades. Isso sem contar os custos com a depreciação de equipamentos, manutenção e combustível”, sinaliza Soares.
Por outro lado, na localidade, a saca do café bebida dura é cotada entre R$ 420,00 a R$ 430,00. Já o bebida rio o valor é de R$ 300,00/sc. “Esses valores não remuneram adequadamente os produtores. Temos muitas propriedades que estão a venda e não tem liquidez. Se o negócio fosse tão lucrativo não teríamos essa disponibilidade de terras e lavouras de café que temos na nossa região e no estado. E os produtores não estão negociando o produto, apenas para fazer alguns pagamentos”, acredita o cafeicultor.
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