Mercado do boi ainda tem cenário de sustentação no curto prazo; margem ajustada das indústrias preocupa

Publicado em 07/04/2016 12:13
Pressão poderia vir, também do lado das indústrias, nos meses mais distantes. Escoamento da produção de carne bovina ainda enfrenta dificuldades, principalmente no repasse das altas registradas na matéria-prima. Preços em SP, à vista, variam de R$ 156 a R$ 158/@.

O mercado do boi gordo segue firme nesta semana sustentado pela oferta restrita de animais terminados, mas com pouco fôlego para novas altas devido à dificuldade no escoamento da produção. Mesmo com inicio do mês, período onde tipicamente a procura pela carne é maior, a saída no varejo está baixa, refletindo diretamente na intenção de compra dos frigoríficos.

Outro aspecto negativo neste cenário é o estreitamento das margens das indústrias. De acordo com o consultor da Scot Consultoria, Alex Santos Lopes, a margem de comercialização dos frigoríficos que fazem desossa está em 14,4%, o pior resultado desde o início do ano.

"Eles (frigoríficos) estão no meio de dois elos, na fazenda a matéria prima está com preço elevado, porque há baixa oferta e isso gera esse cenário altista; e quando vão escoar essa produção não conseguem melhor o volume de venda ou repassar preços maiores", explica Lopes.

Nesta semana o governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin publicou um decreto que altera os benefícios fiscais dos frigoríficos no estado. Anteriormente era permitido que as indústrias acessassem créditos acumulados do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Com a nova medida, os frigoríficos terão acesso apenas 50% deste crédito, sendo o restante destinado ao pagamento dívidas com o governo.

Para Lopes, o decreto poderá agravar ainda mais a situação das indústrias paulistas, afetando o fluxo de caixa e trazendo possíveis conseqüências para o mercado do boi gordo. "É mais um ponto para ficarmos a tentos neste elo intermediário, pois o ano passado foi o grande fator que impediu que as cotações atingissem picos de preço no segundo semestre", alerta.

No decorrer do mês o mercado deverá continuar andando de lado, sem muito fôlego para altas, mas sustentado na oferta restrita. Lopes ressalta, que a única possibilidade de inversão neste cenário seria um movimento de pressão por parte dos frigoríficos, a exemplo do que foi observado no inicio do março, mas sem grandes resultados.

Para o próximo mês, o mercado futuro na BM&F já indica uma queda em maio, que deve ser refletida no físico. "Se há alguma possibilidade de mudança nesse cenário altista ele deve acontecer somente em maio, quando há uma redução no volume de chuva, as pastagens perdem capacidade de suporte e os pecuaristas são obrigados a entregar os animais em volumes maiores", destaca.

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Tags:
Por:
Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Welbi Maia Brito São Paulo - SP

    A grave crise econômica que o país vive, gerada pelos erros na condução da política econômica do governo federal, fez com que a arrecadação do estado caísse muito. Diante desse quadro, não houve como manter benefícios para o setor.

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    • Eduardo Ferraz Pacheco de Castro Cuiabá - MT

      Analisando a conjuntura da cadeia produtiva do mercado pecuário, eu tenho que concordar com o Welbi. E a entrevista traz exatamente isso 3:35 (quando trata da redução para 50% crédito ICMS). Os Frigoríficos sem benefícios fiscais, matéria prima restrita, ocasiona diretamente o encurtamento de margem da Indústria. No entanto, essa MARGEM ainda é POSITIVA e, nós pecuaristas quase nada participamos dos ganhos extras com as exportações. Montamos um Boi em 3 anos, e a Indústria desmonta esse mesmo Boi em 3 minutos. +14% não é tão ruim... Os Frigoríficos se acostumaram ( e se projetaram) com um margem bem mais folgado.

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