Cotações da arroba do boi já sofrem leve pressão com recuo da demanda por carnes na segunda quinzena do mês.
Publicado em 17/03/2015 12:47
Cotações da arroba do boi já sofrem leve pressão com recuo da demanda por carnes na segunda quinzena do mês.
O mercado do boi segue travado com oferta restrita, baixa demanda e com escalas de frigoríficos bem curtas.
Segundo Lygia Pimentel, consultora da Agrifatto, o consumidor está mais retraído, tanto pela segunda quinzena do mês, quanto pelo cenário inflacionário, o que prejudica a cadeia produtiva.
“Nos últimos anos, vimos uma tendência de aumento da corelação de preços entre o frango e o traseiro bovino e não o dianteiro. Ou seja, o consumidor estava consumindo mais traseiro do que dianteiro porque o poder de compra tinha aumentado", afirma a consultora.
Contudo, segundo ela a corelação tem voltado 'a normalidade', e a procura por produtos de menor valor tem aumentado, sendo assim, quando o poder de compra sofre alteração o consumidor opta por outra proteína animal.
"Isso por conta dos indicadores econômicos que vem piorando, como a inflação. Então aquilo que a população realmente sente no bolso - o básico - está começando a ficar muito mais caro, a gasolina, a energia elétrica com alta de 24%, e o dólar bombardeando todo mundo", considera Pimentel.
Além disso, a perda no poder de compra do consumidor está muito aguda, afirma Pimentel, prejudicando algum elo da cadeia. "O consumidor tem opções com as proteínas alternativas, então ele migra do traseiro para o dianteiro, do dianteiro para o frango ou suíno, depois para o ovo e assim vai, mas no frigorifico não tem escolha. Ele não tem exportado bem - pelo gargalo de plantas habilitadas - e ainda tem que pagar o boi caro", explica.
Em média a relação entre o que é pago pela arroba e o valor repassado a carne com osso, ficou em -6% nos primeiros três meses do ano, o maior valor registrado desde 2012.
Nesse cenário, a situação mais prejudicial é para os frigoríficos, mas o pecuarista também já começa a sentir os reflexos com o aumento nos custos de produção. “Os insumos, por exemplo, com a volatilidade câmbio os armazéns preferem segurar estoque a realizar vendas”, declara a consultora.
Para Pimentel, os patamares de preços praticados entre R$ 143,00/@ a R$ 145,00/@, são remuneradores caso os custos de produção não continuem aumentando no decorrer do ano.
"A expectativa para os preços do boi, segundo sinalizações da BM&F, é uma alta de 11% a 12% - com arroba a R$ 153,00 - até outubro. Mas os custos de produção também devem subir 10% estreitando as margens do produtor”, afirma.
Contudo, a retomada das chuvas, a safra e o baixo consumo, pode haver elevação da oferta no curto e médio prazo, pressionando uma leve a queda dos preços.
Exportações
Apesar da valorização do dólar frente ao real, as médias para exportação, durante os três primeiros meses do ano, ficou abaixo do esperado.
"Nós temos um grande problema com o nosso maior consumidor, que é a Rússia, e também enfrenta uma crise econômica ocasionada pela queda no preço do petróleo. No entanto, ela voltou a importar, mas o volume e o pagamento pela tonelada caíram", afirma.
Em contrapartida, outros compradores têm surgido no mercado, como China, Estados Unidos, Malásia, Indonésia e Singapura, "mas são todos mercados de médio prazo que dependem de habilitação de novas plantas", explica a consultora.
De acordo com ela, existem 8 novas plantas para serem habilitadas pela China.
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Por:
Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas
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