Conexão Campo Cidade: Acordo entre Mercosul e União Europeia é um grande negócio também para os europeus
Acordo entre Mercosul e União Europeia é um grande negócio também para os europeus
No Conexão Campo Cidade desta semana, Marcelo Prado, José Luiz Tejon, Antônio da Luz, Roberto Rodrigues e Leticia Jacintho discutiram os impactos e as implicações do aguardado acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. A conversa destacou tanto as oportunidades quanto os desafios para os dois blocos econômicos, com análises detalhadas de cada setor envolvido.
Indústrias europeias lideram o entusiasmo
Abrindo a discussão, José Luiz Tejon enfatizou o interesse estratégico do setor industrial europeu no acordo. Segundo ele, a indústria europeia quer aproveitar a competitividade das matérias-primas do Mercosul para agregar valor e expandir sua presença global, especialmente em mercados asiáticos. “Os empresários da Europa querem vender mais para o mundo e precisam do suprimento brasileiro do Mercosul porque ele é bom, barato e confiável,” destacou.
Marcelo Prado complementou, ressaltando o entusiasmo de setores como o automotivo e o de bens de consumo. “Imagina a Mercedes, a Audi ou a Porsche podendo exportar seus carros para o Mercosul em condições mais favoráveis. Toda a classe industrial europeia está pressionando para que o acordo avance,” explicou.
Os desafios agrícolas e as resistências políticas
O setor agrícola europeu, especialmente em países como França, Polônia e Itália, é uma das principais barreiras para a implementação do acordo. Roberto Rodrigues reconheceu a legitimidade das preocupações dos agricultores, mas apontou que as resistências devem ser superadas. “A abertura desse mercado não é só importante pelo comércio, mas cria precedentes para novos acordos com mercados exigentes, como a Ásia,” argumentou.
Leticia Jacintho também destacou o impacto do acordo sobre setores sensíveis, como laticínios e vinhos, e alertou sobre a necessidade de salvaguardas. “O setor de vinhos, por exemplo, pode sofrer muito devido à competitividade europeia. Precisamos proteger esses setores enquanto buscamos equilíbrio,” afirmou.
Reflexões sobre protecionismo e competitividade
A discussão trouxe à tona a questão do protecionismo, com Antônio da Luz enfatizando os efeitos negativos das políticas de subsídio. “O protecionismo cria uma falsa sensação de proteção, mas, na prática, limita a competitividade e prejudica os próprios protegidos. Precisamos de concorrência para avançar,” disse. Ele citou o exemplo do setor de fibra ótica no Brasil, que só evoluiu após o fim de uma política protecionista.
José Luiz Tejon concordou, relembrando o impacto positivo do Mercosul na agricultura brasileira. “Nos anos 90, havia um grande medo de que os produtores brasileiros perdessem para os argentinos. Mas a abertura comercial mostrou que a concorrência pode ser um catalisador de crescimento,” afirmou.
Tributação e reforma tributária no Brasil
Outro ponto relevante foi a carga tributária brasileira e seus efeitos sobre a competitividade. Antônio da Luz criticou os altos impostos incidentes sobre produtos como o vinho brasileiro, que dificultam a competição internacional. “Talvez não seja a tributação dos outros países que esteja errada, mas sim a nossa. Precisamos repensar essas políticas,” argumentou.
Leticia Jacintho aproveitou para alertar sobre os possíveis impactos da reforma tributária no setor agropecuário, destacando preocupações com a tributação de dividendos e rendimentos. “Ainda falta clareza sobre o que está por vir. Precisamos acompanhar de perto para garantir que as mudanças não prejudiquem o setor,” observou.
O futuro do comércio global
No encerramento do debate, Roberto Rodrigues reforçou que, apesar dos desafios, o acordo é uma oportunidade histórica para os dois blocos. “O Mercosul tem um mercado gigantesco e a Europa precisa do nosso suprimento para se manter competitiva no cenário global. Este acordo pode redefinir relações comerciais e abrir portas para novos mercados,” concluiu.
Marcelo Prado encerrou destacando a necessidade de persistência. “Demorou 25 anos para chegarmos aqui, mas os interesses são claros. É hora de superar as resistências políticas e trabalhar para que o acordo traga benefícios reais para todos,” afirmou.
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