Impactos do clima até agora na safra 23/24 e as expectativas de chuva, preços e para a safrinha do próximo ano
Impactos do clima até agora na safra 23/24 e as expectativas de chuva, preços e para a safrinha do próximo ano
A instabilidade climática tem sido uma preocupação crescente para os agricultores brasileiros. No Sul do país, as chuvas excessivas têm causado estragos significativos, enquanto o Centro-Oeste enfrenta uma seca preocupante.
O Rio Grande do Sul, por sua vez, já começa a superar os problemas relacionados às chuvas, com exceção das áreas próximas ao Rio Uruguai. Em contrapartida, Santa Catarina ainda enfrenta previsões preocupantes.
Por outro lado, o Centro-Oeste e a Amazônia estão passando por uma seca severa, o que levanta questões sobre o que esperar da safra 24. Para entender melhor o cenário, o Conexão Campo Cidade conversou com Bárbara Sentelhas, especialista em projeções meteorológicas, e Cristiano Palavro, que trouxe informações sobre o mercado agrícola. Assista o vídeo acima para conferir o conteúdo completo. Abaixo, você encontra um resumo da conversa.
Clima no início do plantio da safra 23/24
Bárbara Sentelhas mencionou o fenômeno El Niño, que tem impactado significativamente o clima no Brasil. "Estamos vivendo um momento de El Niño clássico, de intensidade moderada a forte, e isso explica muitos dos eventos climáticos que estamos observando", explica.
A especialista também trouxe informações sobre a condição climática atual, mostrando mapas que indicam a disponibilidade hídrica no solo. Enquanto o Sul apresenta condições favoráveis, o Centro-Oeste ainda enfrenta déficits hídricos.
Em retrospecto, outubro foi um mês desafiador para os agricultores. O Sul enfrentou chuvas acima da média, enquanto o Centro-Oeste e o Norte lidaram com temperaturas elevadas e chuvas abaixo da média.
Diante desse cenário, os agricultores brasileiros enfrentam o desafio de adaptar-se às mudanças climáticas e buscar soluções para garantir uma safra produtiva e sustentável.
Atraso no plantio da soja pode impactar safrinha e mercado brasileiro
Palavro apontou que, embora a soja não tenha uma janela de plantio tão estreita em termos de potencial produtivo, o plantio precoce no país é estratégico para garantir uma janela adequada para a safrinha. Em estados como Goiás e Mato Grosso, estudos indicam que o plantio após 15 de outubro pode resultar em produtividades mais altas. No entanto, o mercado não tem reagido fortemente a esses atrasos, pois a produtividade da soja não está diretamente ligada à data de plantio, mas sim às condições climáticas futuras.
A preocupação atual reside principalmente no milho safrinha. Regiões como Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, que juntos representam 90% da safrinha, enfrentam atrasos significativos. O atraso no plantio da soja pode resultar em uma oferta tardia de soja nova, possivelmente deslocando a demanda para os Estados Unidos e impactando os preços. Além disso, a perspectiva de uma segunda safra menor de milho, devido aos preços mais baixos e ao atraso no plantio da soja, é uma realidade cada vez mais próxima.
Haverá umidade suficiente para plantar em novembro?
Em resumo, enquanto a produtividade da soja pode não ser imediatamente afetada pelos atrasos no plantio, o impacto no mercado de milho e na oferta de soja no início do próximo ano é uma preocupação crescente. A situação exige monitoramento contínuo e estratégias adaptativas por parte dos produtores brasileiros.
De acordo com especialistas, a região central do Brasil, conhecida por seu clima estável, enfrenta dificuldades na transição do período seco para o úmido. No entanto, uma vez estabelecida, a condição tende a ser mais favorável. Por outro lado, regiões como o Sudeste, mais propensas a veranicos, apresentam riscos adicionais, mesmo em anos de "El Niño", onde veranicos são menos recorrentes.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) indicam um corredor de umidade se formando, com volumes de chuva significativos em Santa Catarina e partes do Paraná e Rio Grande do Sul. No entanto, regiões centrais ainda apresentam volumes tímidos, com instabilidades em Goiás e Mato Grosso.
O prognóstico climático para os próximos três meses, também fornecido pelo INMET, sugere chuvas acima da média para novembro em grande parte do país, com exceção de algumas áreas no norte e nordeste. Em dezembro, a instabilidade se intensifica, mas em janeiro, a tendência é de chuvas predominantemente acima da média em várias regiões, trazendo alívio para os agricultores.
No entanto, as temperaturas devem permanecer acima da média, o que pode impactar o potencial produtivo da soja. Esse cenário de temperaturas elevadas é característico do fenômeno El Niño, que traz temperaturas acima da média e pode afetar adversamente a cultura da soja.
Em resumo, os agricultores brasileiros enfrentam um cenário de desafios e oportunidades. A disponibilidade hídrica parece promissora para os próximos meses, mas as temperaturas elevadas podem trazer complicações. A assertividade das previsões climáticas a longo prazo é um desafio, mas os dados atuais fornecem uma visão valiosa para os produtores se prepararem para os meses vindouros.
Safra de grãos e incertezas do mercado
O mercado, por sua vez, tem se comportado mais com base em projeções e expectativas do que em realidades concretas. Isso pode levar a reações significativas mesmo sem grandes quebras na produção. O cenário de comercialização atual mostra que apenas 20% da nova safra foi negociada, um patamar considerado baixo para o período.
Antônio da Luz, outro participante, expressou preocupação com a possibilidade de preços mais baixos no futuro, dada a combinação de uma safra potencialmente maior e um percentual menor de vendas antecipadas.
O debate também abordou a falta de dados consistentes sobre a agricultura brasileira, o que dificulta a formulação de políticas públicas eficazes. A necessidade de mais informações foi enfatizada, assim como a importância de estratégias de venda bem planejadas para os produtores.
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