Produtor rural e créditos de carbono: Área preservada já tem valor e pode ser renda adicional, mas como receber por ela?
Produtor rural e créditos de carbono: Área preservada já tem valor e pode ser renda adicional, mas como receber por ela?
“É no campo que está a solução para o aquecimento global”. É com esse argumento que Rita Ferrão presidente da Abcarbon, inicia sua fala no Conexão Campo Cidade. A empresa que ela preside desenvolveu um mecanismo para mapear áreas, como propriedades rurais, e calcular o valor de créditos de carbono que aquele local tem para receber. A ideia é de que no futuro, a preservação da área seja uma fonte de renda para o produtor rural, assim como o produto colhido também é.
Para explicar melhor como a Abcarbon trabalha e em que estágio está o processo de compra e vende de créditos de carbono, a presidente conversou com José Luiz Tejon e Antônio da Luz. Confira o programa completo no vídeo acima e, a seguir, algumas questões fundamentais levantadas durante o programa e respondidas por Rita Ferrão:
- É factível medir os créditos de carbono de uma propriedade?
Sim, é factível. Basta enviar as coordenadas para a Abcarbon, que a associação triangula a área e um software calcula o valor que tem efetivamente de crédito de carbono no momento da medição.
- O processo vai do início ao fim para que o produtor faça a comercialização?
Sim, a Abcarbon dá do início ao fim a certificação para que o produtor receba pelos créditos, sem precisar de certificados internacionais. Segundo a presidente, o projeto de lei 412/22 colabora para que isso ocorra.
- O que o produtor pode fazer em sua propriedade para ter mais créditos de carbono?
O próprio campo nativo gera crédito de carbono, áreas de floresta e mata também geram, basicamente, tudo que for verde e faça fotossíntese gera crédito de carbono. Até mesmo água fluviais convertem-se em créditos. Então, basta o produtor ter o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em dia, ter a matrícula da propriedade e enviar à Abcarbon que o procedimento é realizado.
- Quanto custa uma verificação e qual o valor do crédito de carbono?
A Abcarbon realiza o processo de verificação da área por R$ 250,00, de acordo com Rita Ferrão, conforme ela afirmou na edição desta segunda-feira (24/10/23). O Notícias Agrícolas não tem envolvimento com tal valor, por isso, pode variar de acordo com o que for estabelecido pela associação. O produtor rural pode entrar em contato pelo site: https://abcarbon.org.br/.
Sobre o valor do crédito de carbono, de acordo com Ferrão, um hectare tem resultado, em média, 140 créditos de carbono. Não é uma regra, mas a maioria fica nessa média. Se for mata fechada, chega a 200, 210 créditos por hectare, porém esse total varia de acordo com o bioma.
Cada crédito de carbono, no Brasil, vale R$ 25,00. Ou seja, se a propriedade está dentro da média de 140 créditos, cada hectare resulta em R$ 3.500 ao ano.
- Calculado crédito, o que o produtor faz com a certificação, como ele recebe por isso?
A Abcarbon funciona como se fosse um registro de imóveis. Os certificados são gerados por blockchain para que não haja duplicidade. O crédito fica custodiado na associação. No site é possível ver o que já foi certificado (https://abcarbon.org.br/certificados) . O produtor rural recebe o certificado com todos os dados da área com o total de créditos.
Agora, chega-se em um ponto importante que é a comercialização. A Abcarbon, como associação, não comercializa o crédito. O trabalho agora é desenvolver um player que faça essa negociação. Hoje, empresas e governos compram créditos para incentivar o mercado e a Abcarbon está trabalhando para que os créditos emitidos por ela sejam comercializados.
Os créditos ficam custodiados na Abcarbon, então não é possível o próprio produtor realizar a venda. A associação precisa indicar esse comprador, pois precisa fazer rastrear dentro do software da empresa para não ocorrer duplicidade. Ainda não há essa empresa, pois a Abcarbon precisa de uma que faça todo esse processo de rastreabilidade em se for brasileira, tenha registro na CVM, como prevê o projeto de lei 412/22.
- Então, hoje, o produtor que fez o cálculo, fica com o crédito guardado?
Basicamente sim. O crédito fica custodiado na Abcarbon, que está em processo para fazer a comercialização e espera que até o final deste ano consiga fazer esse procedimento. Segundo Ferrão, a empresa já está em tratativas para realizar essas vendas. Se alguma empresa quiser comprar créditos apenas para compensar suas emissões, já é possível. Mas fazer comercialização, ainda não.
Ou seja, se uma determinada empresa precisa compensar a pegada de carbono, pode adquirir e o produtor rural poderá receber pelos créditos certificados. De acordo com Ferrão, o mercado está caminhando, e, quando for aprovado do PL 412/22, empresas serão até mesmo multados se não compensarem suas emissões. Portanto, ela espera que em menos de 1 anos as compensações comecem a acontecer com maior frequência.
1 comentário
Soja e milho em Chicago têm mais uma sessão de alta enquanto açúcar em NY consolida perda de quase 6% na semana
Agro e Prosa Episódio 914 - Como atingir máxima produtividades
Carta para o Papai Noel: Pedidos do Agro para 2025 | Ouça o Agro CNA/Senar #153
Prosa Agro Itaú BBA | Agro Semanal | Mercados de soja e açúcar e o planto de rastreabilidade da pecuária nacional
Safra 24/25 do Paraná pode chegar a 25,3 milhões de toneladas de grãos
As perspectivas para o agro em 2025, rumo à COP do Brasil
Agostinho Bertucci São José do Rio Preto
gostei das informações expostas no site, muito esclarecedoras, pretendo seguir.