Conflito sobre sustentabilidade com a União Europeia mostra desconhecimento da produção brasileira e nossa dificuldade de comunicação
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Conflito sobre sustentabilidade com a União Europeia mostra desconhecimento da produção brasileira e nossa dificuldade de comunicação
O Conexão Campo Cidade desta semana contou com a presença de Marcos Matos, Diretor Geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Ele esteve na última semana, durante três dias, em discussões na Alemanha a respeito das novas regras de importação da União Europeia. O bloco de países europeus avança para colocar em prática uma lei que restringe a importação de produtos ligados ao desmatamento.
Como apontou Marcos Matos, os próprios reguladores não fazem ideia daquilo que foi aprovado no parlamento europeu. Além disso alguns países ainda estão analisando qual modelo será adotado – desmatamento zerou seguindo a legislação de cada local. “Na União Europeia, a gente percebe um desconhecimento e tentativas de vendar a solução. Mas nós temos a solução, estamos trabalhando em rastreabilidade”, declarou.
Ele ressalta que o Cecafé, que representa 96% de todo o café exportado pelo Brasil, já está avançado em questão de rastreabilidade, com 6,5 milhões de propriedades georreferenciadas, além dos avanços no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e Programa de Regularização Ambiental (PRA).
Nos Estados Unidos, existe um movimento para criação de regras de importação envolvendo a questão do desmatamento, mas existe um bom diálogo com o país norte-americano, que solicitou informações já enviadas pelo Cecafé sobre a produção brasileira.
Com a Europa, a situação é diferente. Por esse motivo, o Cecafé realizará 9º Coffee Dinner & Summit, nos dias 25 e 26 deste mês, onde estará presente Hannelore Beerlandt, que é a pessoa de maior confiança do setor privado europeu no tratado com a Comissão Europeia.
Brasil precisa aproveitar seus grandes nomes para promover seus produtos
“Com a bola no pé eu sou Pelé, com café brasileiro na sua mesa você é o campeão”, essa foi a ideia de slogan, que segundo José Luiz Tejon, poderia ter sido aproveitada pela indústria de café brasileira, quando o fenômeno do futebol, conhecido no mundo inteiro, estava vivo. Isso até porque o time emblemático do Santos Futebol Clube, que percorria diversos países repletos de craques da seleção brasileira durante as décadas de 60 e 70, foi formado justamente com patrocínio do setor de café, fato que poucos sabem. É o desperdício dessas oportunidades que incomoda Tejon.
Da mesma forma, Marcos Matos lembrou que ex-piloto de fórmula Ayrton Senna é outra figura internacional brasileira, que seria outro personagem ideal nas propagandas, devido seu reconhecimento internacional.
Matos lembra que 1986 o Instituto Brasileiro do Café (IBC) chegou a exibir ramos de café na camisa da seleção brasileira de futebol. Contudo, ainda era uma propaganda da commoditie, não era humanizada, não era o produtor representado.
Colômbia é o 6º maior importador de café brasileiro e vende o produto mais caro que o Brasil
A produção de café no Brasil avança em termos de qualidade e produtividade. O mesmo avanço não acontece na Colômbia, país conhecido internacionalmente pela produção cafeeira, mas que não consegue acompanhar o mesmo ritmo de aumento de produção dos agricultores brasileiros, registrando até mesmo decréscimos, como comentou Marcos Matos.
Por esse motivo, hoje a Colômbia é o sexto maior comprador do café brasileiro, caminhando para assumir a quinta posição, como destacou o diretor geral do Cecafé. A grande questão, no entanto, é que enquanto o Brasil recebe o valor da Bolsa de Nova York pelo seu café, país colombiano tem um ágio de US$ 100,00.
Ou seja, grande parte do café colombiano exportado, com valores maiores que o padrão, é oriunda do Brasil. Ele ressalta que não é uma questão de qualidade, porque hoje o Brasil ganha concursos, está no blend de todas as grandes torrefadoras e cafeterias de cafés especiais.
“Nós temos que ser eficientes em exigir maior reconhecimento para os contratos na Bolsa terem o mesmo valor”, afirmou Matos. "O Brasil pode ser um grande hub, não só da exportação dos cafés verdes, dos cafés verdes especiais, diferenciados, mas por que não ter aqui as principais plantas de cápsulas, de um hub também exportador de produto industrializado, completou.
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