Trigo transgênico pode ser cultivado no Brasil: país será autossuficiente até 2030?

Publicado em 20/03/2023 18:37 e atualizado em 27/03/2023 16:35
Conexão Campo Cidade -
É consenso entre os especialistas que a produção de trigo no Brasil vai superar as 20 milhões de tonadas até 2030, principalmente com a expansão do cultivo no cerrado. Porém, a dúvida é o quanto o consumo do cereal irá aumentar nos próximos anos para que sejamos ou não autossuficientes

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O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.

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No início do mês, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou o cultivo e comercialização de trigo transgênico no Brasil. Por isso, o Conexão Campo Cidade recebeu dois convidados ilustres para discutir uma meta: produzir 20 milhões de toneladas de trigo no Brasil. O embaixador Rubens Barbosa, diretor-executivo da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo) e Jorge Lemainski, chefe-geral da Embrapa trigo, compartilharam suas perspectivas sobre o assunto e aprofundaram a discussão. 

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Lula inicia viagem à China em meio a tensões geopolíticas mundiais

O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, questionou o embaixador Rubens Barbosa sobre a recente viagem do presidente Lula à China, em um momento de grande tensão na geopolítica mundial. A visita ao maior parceiro comercial do Brasil ocorreu em meio a conflitos internacionais, como a guerra na Ucrânia e as disputas entre Estados Unidos e China.

Para Barbosa, a visita de Lula à China foi um desdobramento da política externa do presidente, que havia declarado que o Brasil estava de volta ao cenário internacional desde o início de seu mandato. A viagem aos Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do país, e agora à China, foi uma forma de consolidar essa posição no cenário internacional.

No entanto, o embaixador ressaltou que o momento delicado da geopolítica internacional, com a China buscando ocupar espaços geopolíticos em áreas de predominância americana, como no Oriente Médio, e a questão da guerra na Ucrânia, precisam ser considerados. Ele enfatizou a importância de o Brasil manter sua posição de equidistância em relação a esses assuntos.

Durante a visita, o presidente Lula destacou a importância de ampliar as relações entre os dois países em diversos setores, como meio ambiente, indústria, ciência e tecnologia. Também foi discutida a cooperação espacial, com a produção conjunta de satélites de monitoramento na Amazônia. Além disso, o Brasil deve buscar diversificar sua pauta de exportação com a China, ampliando as possibilidades de negociação e cooperação.

A visita também trouxe à tona a possibilidade de uma parceria estratégica com a China, como uma oportunidade para o Brasil definir sua posição em relação ao país e buscar benefícios mútuos. A China já havia proposto uma parceria estratégica ao Brasil, e esta visita pode ser uma oportunidade para avançar nesse sentido.

Com base nessas informações, é possível entender que a visita de Lula à China foi um passo importante para a consolidação da política externa brasileira. No entanto, é preciso que o Brasil mantenha sua posição de equidistância em relação aos conflitos internacionais, a fim de evitar possíveis impactos negativos em sua economia e relações diplomáticas. A diversificação da pauta de exportação com a China e uma possível parceria estratégica podem trazer benefícios mútuos para ambos os países.

 

Brasil caminha para se tornar autossuficiente em trigo em menos de cinco anos, afirma especialista

Antônio da Luz questionou quando o Brasil poderá ser autossuficiente em trigo. A resposta, segundo Jorge Lemainski, chefe-geral da Embrapa Trigo, é que em menos de cinco anos isso será possível.

De acordo com Lemainski, em 2020 foram cultivados 2,3 milhões de hectares de trigo no Brasil, produzindo 6,2 milhões de toneladas. Já em 2021, foram 2,7 milhões de hectares, produzindo 7,7 milhões de toneladas. Pela Conab, em 2022, a safra se aproximou de 10,6 milhões de toneladas.

O cenário é de expansão diária, especialmente no Rio Grande do Sul, que colheu a melhor safra de soja dos últimos três anos nas lavouras que também plantavam trigo. O estado responde por 54% da produção nacional de trigo, seguido por Santa Catarina com 5% e Paraná com 33%.

Se persistir essa liquidez comercial, o Brasil poderá passar dos 12,4 milhões de toneladas consumidas anualmente e chegar a mais de 20 milhões de toneladas até 2030, segundo Lemainski. Para isso, são necessários avanços em quatro desafios da pesquisa: ambiente tropical do Brasil Central, tolerância ao estresse hídrico e calor, giberella (fungo) e germinação.

 

Produção de trigo no Brasil pode atingir mais de 20 milhões de toneladas em 10 anos, mas autossuficiência ainda é incerta

Rubens Barbosa afirmou que o trigo é atualmente a coisa mais importante em termos de desenvolvimento no setor agrícola no Brasil. Entretanto, ele expressou uma visão mais cautelosa em relação à autossuficiência do país na produção do grão.

Ele destacou que, apesar da produção nacional de trigo aumentar anualmente, o mercado ainda está em evolução, o que torna difícil prever quando o Brasil alcançará a autossuficiência. O consumo de trigo no país está estabilizado em cerca de 12 milhões de toneladas, com aumento das exportações e utilização do trigo para ração animal e produção de etanol. Além disso, existem diferenças regionais no mercado brasileiro que dificultam a previsão do futuro.

Baborsa acredita que, nos próximos 10 anos, a produção de trigo no Brasil pode chegar a mais de 20 milhões de toneladas, mas a autossuficiência plena pode levar mais tempo. Ele argumenta que a autossuficiência não significa que o país deixará de importar trigo, pois o Brasil é um país de dimensões continentais e com diferenças regionais importantes no mercado de trigo.

Atualmente, o Brasil importa 60% do trigo que consome e 85% desse volume vem da Argentina. Barbosa prevê que a situação pode mudar completamente com a introdução de trigo transgênico e com a transformação da indústria e da logística no setor. Ele acredita que o mercado de trigo no Brasil passará por uma revolução nos próximos 10 anos.

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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