Soja: Demanda da China deve ser forte, mas atraso da colheita no Brasil traz sinais de alerta ao produtor
O complexo soja global está de olho no comportamento da demanda da China - não só pela oleaginosa, mas por todas as commodities - pós feriado do Ano Novo Lunar no país, mas principalmente depois do período de severas medidas de restrição ao Covid-19. "Alguns sinais positivos, outro negativos. Um positivo, e o mais forte deles, é não ter mais o 'zero-Covid' e isso já é uma vitória tremenda", explica Eduardo Vanin, analista do complexo soja da Agrinvest Commodities. O cenário permitiu, inclusive, que o FMI (Fundo Monetário Internacional) revisasse para melhor suas perspectivas para o crescimento econômico mundial e chinês, particularmente.
As atenções estão bastante concentradas no setor da construção civil - que responde por uma parte considerável do PIB chinês -, porém, há uma diretriz antiga da China que volta ao foco que é o de fortalecer o setor de serviços para estimular o fôlego da economia local.
Essas perspectivas, no entanto, ainda não foram traduzidas em melhoras efetivas, naturalmente. Será necessário tempo para que os ritmos sejam retomados. Assim, é possível observar que, ainda como explica Vanin, "tudo desacelerou" ao olhar para o recebimento dos produtos.
"Olhar para o recebimento é olhar para o retrovisor. E o recebimento de tudo caiu. De soja, de carnes, de óleos, de cereais. Como isso vai ser daqui para frente? Tudo está muito caro. Durante todo esse ano de 2022, o milho na China ficou mais barato em relação ao importado com todos os custos embutidos", diz. "A China tem demanda, mas há um descasamento porque o mercado externo está muito caro e o mercado interno sobe, mas de forma mais lenta".;
Assim, os chineses vão buscando alternativas para garantir seu abastecimento de forma adequada, mas buscando identificar as janelas de oportunidades de compra para cada setor, para cada produto. No caso da soja, embora haja a perspectiva de muita soja - inclusive bem competitiva frente a seus concorrentes - o atraso na colheita preocupa.
"Para fevereiro, do total que estimamos aqui de 6,5 milhões de toneladas, praticamente 80% disso era Brasil - pensando não em recebimento, mas em embarque - porém, o embarque em fevereiro no Brasil será pequeno. O lineup já está em 6 milhões, só que a área colhida é menos de 5% - que dá uns 8 milhões de toneladas - e desse total uma parte vai para a exportação. Então, só vai começar a engrenar a a partir de março, e o chinês vai ter que 'se virar' em algum momento entre março e abril, porque vai receber menos soja. Por isso há alguns negócios com soja americana", explica o analista da Agrinvest.
PREÇO PARA O PRODUTOR BRASILEIRO
Assim, essa demanda melhor pela soja americana tem sido pilar importante de suporte para as cotações em Chicago, o que ajuda a amenizar o peso de prêmios mais pressionados no mercado nacional para a formação dos preços da soja brasileira.
"Essa é uma janela de oportunidade para o produtor. Temos agora uma cobertura pequena das indústrias brasileiras, da indústria chinesa e, no meio disso, a trading que já vendeu para a China esse volume e com dificuldade para conseguir esse grão. Portanto, a trading vai pagar acima da paridade de exportação neste momento e é uma oportunidade para o produtor. Quando tudo se resolver no programa brasileiro de exportação ela não vai ter mais que pagar tudo isso e a indústria (brasileira), provavelmente, em um mês, estará mais coberta, portanto, também poderá baixar os preços para mais perto da paridade", detalha Eduardo Vanin.
E com uma safra recorde se concluindo no Brasil, a pressão forte sobre os prêmios será inevitável. "E a logística já está mais cara e vai ficar mais".
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