Agronegócio evolui em tecnologia e inovação, mas projeções de safra oficias deixam a desejar
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Agronegócio evolui em tecnologia e inovação, mas projeções de safra oficias deixam a desejar
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
Confira aqui todas as edições do Conexão Campo Cidade
A política interfere de diversas maneiras na atividade rural. Uma delas é a divulgação dos levantamentos e projeções de safra, realizados por órgãos públicos. Essas estatísticas são publicadas periodicamente e influenciam na formação de preços dos produtos agrícolas. Entretanto, no Brasil, dois órgãos diferentes divulgam esses números - a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e o IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística) - muitas vezes sem corresponder à realidade da safra, devido a diversos fatores que foram discutidos nesta edição do Conexão Campo Cidade.
Dois órgãos de um mesmo governo
A Conab divulgou na última semana sua segunda previsão de safra, com uma produção agrícola de 310,9 milhões de toneladas, enquanto que o IBGE já havia publicado sua projeção, com 296,2 milhões de toneladas. “O que é estranho é que são dois órgãos do governo, com uma divergência ao redor de 15 milhões de toneladas, o que é um número bastante significativo”, afirmou Marcelo Prado.
Como destacou Roberto Rodrigues, normalmente, os números divulgados pelos órgãos são próximos. Diferentes por conta da metologia utilizada não ser a mesma, mas ao menos próximos. Porém, agora, essa diferença de mais de 14 milhões de toneladas é um problema, porque esses números servem de referência para decisões de cooperativas, tradings, bancos, agentes comercias de bolsas, investidores, empresas de armazenagem, etc. Portanto, isso implica em uma mudança de comportamento do produtor rural.
Por isso, Roberto Rodrigues questionou se o ideal não seria a concentração dessa responsabilidade de realizar as projeções em apenas um órgão, o que também concentraria os recursos enviados pelo governo. Isso levando em consideração também que a Conab já não faz parte sequer do Ministério da Agricultura.
“Se fosse divergência de empresas privadas, até que seria aceitável, porque cada uma usa uma metodologia. Mas dois órgãos do mesmo governo, não faz sentido. E também, considerando o seguinte, os recursos andam tão escassos, para que duas instituições do mesmo governo, que está com o mínimo de recursos, fazem a mesma coisa?”, questionou Marcelo Prado. “Isso para mim é ineficiência de gestão”, completou.
Conab ou IBGE, qual o mais confiável?
Antônio da Luz, por sua vez, frisou o nome das instituições, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), e questionou: “quem é que faz estatística” Logo em seguida, ele reforça: “o IBGE”. Da Luz explicou que a Conab começou a fazer estatísticas recentemente e, por mais que tenha uma gestão de qualidade e inovadora, que tem feito a companhia evoluir, ainda encontra dificuldades para realizar as projeções, sendo que o IBGE tem uma experiência muito maior nessa área.
Segundo ele, a Conab traz para si a função de realizar projeções, o que não fazia antes, pois perdeu função com o tempo. Ela surge de uma união de diversas empresas públicas, que tinham o propósito de armazenagem, em uma época que o Brasil sofria por ser importador de alimentos. Quando, na década de 90, o país começa a ser um exportador, uma companhia de abastecimento, como é o caso da Conab, perde a sua necessidade.
Dessa forma, quando a Conab divulga a projeção 310,9 milhões de toneladas, Antônio da Luz afirma desconfiar desse número, pois, para que ele seja atingido, é necessária uma produtividade média no Brasil muito grande, levando em consideração a área plantada também divulgada pela companhia. Segundo ele, o Brasil é muito grande territorialmente para ter uma colheita com qualidade tão uniforme como é projetado. Por outro lado, ele também acha os 296,2 milhões de toneladas do IBGE um número pequeno, mas afirma: “prefiro ser surpreendido com mais do que com menos em situações como essa”.
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