Plano Safra 22/23: a independência do agronegócio brasileiro de recursos financeiros públicos
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
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Cada vez mais o Brasil ocupa um espaço fundamental no abastecimento de alimentos por todo o mundo. O crescimento de demanda no planeta precisa ser acompanhado por um aumento de oferta, onde entra o papel do agronegócio brasileiro, onde existe um dos maiores potenciais de elevação produtiva em todo o globo. Porém, para isso, os produtores rurais necessitam de recursos financeiros, onde entra então a importância do novo Plano Safra para 2022/23, anunciado pelo Governo Federal e debatido na segunda-feira (04) entre o time do Conexão Campo Cidade.
Plano Safra 2022/23
A maior parte do time do Conexão Campo Cidade avaliou de forma positiva o Plano, mas ainda não acreditando ser o ideal. Para Roberto Rodrigues e Marcelo Prado, a avaliação foi de que era o "possível" a se fazer. Rodrigues elogiou o trabalho do ministro Marcos Montes e sua equipe, o trabalho feito, mas ele ressalta que o volume de recursos subiu 36%, chegando a R$ 340,88 bilhões,enquanto que a inflação para o produtor rural de foi em torno 44%. "Começa o descasamento aí", afirmou. Mas o ex-ministro voltou a afirmar que era o possível que poderia ser feito.
Para Marcelo Prado, o Brasil está perdendo a oportunidade de ser um grande protagonista mundial para resolver os problemas de abastecimento de alimentos. O Plano, segundo ele, precisava ser mais ousado, com a participação de recursos externos, com países desenvolvidos ajudando a financiar o agronegócio brasileiro. Tanto para Rodrigues quanto para Prado, o valor ainda não é o que eles esperavam, no atual momento de guerra, para o Brasil mostrar ao mundo a sua relevância para alimentação de todo o planeta. "Para a ter um safra grande, era preciso ter um plano mais ambicioso, mas reconheço que as dificuldades eram muitos grandes e o Governo fez o que era possível fazer", finalizou Roberto Rodrigues.
Evolução do Plano Safra desde seu início
O economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, iniciou o programa dizendo que o Plano Safra 22/23 é o início de uma versão 3.0 do plano. A primeira versão, como ele explicou, datada dos anos 40 e engatada a partir da década de 60, o Governo oferecia empréstimo de títulos públicos para os produtores rurais. Com o crescimento do agronegócio, "faltou perna" como declarou da Luz, para fornecer o montante necessário.
Portanto, a partir de 1996, entra em cenário o que o economista chamou de plano 2.0, que ganhou marcha com Roberto Rodrigues como ministro da Agricultura, caracterizado com o empréstido de capital feito pelos bancos, porém com uma regulamentação de Governo Federal. Nesse novo modelo, são instituições bancárias as responsáveis por fornecer o dinheiro, não mais o Tesouro.
Novo modelo, em transição para o mercado de capitais
Entretanto, para o economista, o modelo de 1996, por mais que fundamental por meio tempo, está se tornando insuficiente. Como dele destacou, a agropecuária brasileira cresce mais rapidamente do que a Economia do país. Nesse momento que surge a necessidade do modelo de 3.0, segundo ele, que é entrada do mercado de capital, com a aquisição de recursos tomadas de maneira livre.
No Plana Safra atual, já há a entrada de recursos livres, onde o banco empresta valores com juros baseados nas taxas de mercado, não mais com a limitação do Governo. Sendo um detalhe importante, que a maior parte do recurso disponível para quem não faz parte do Pronamp ou do Pronaf, é recurso livre. Essa é, como destacou da Luz, uma transição para um modelo de mercado de capitais.
Ele ressalta ainda, que o total de R$ 340,8 bilhões, muitas pessoas pensam que é dinheiro público emprestado para o produtor. O papel do Governo é apenas equalizar os juros em alguns casos. Mas em grande parte, a maior do Plano corresponde a recursos livres, onde não há interferência pública.
2 comentários
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Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
A politica agropecuária nacional sempre favoreceu os grandes estelionatários. Até chegar o Bolsonaro.
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Roberto Rodrigues é um excelente contador de estórias, mas pensa muito mal, argumenta pior que pensa. Esquece da montanha de dinheiro que ganhamos com a desvalorização do cambio. E fomos os primeiros a colocar a mão nesse dinheiro, quando ainda não havia inflação. Infelizmente o Roberto Rodrigues não entende isso, ou finge que não entende. Aumentar recursos para que os produtores plantem em um ano de custos altíssimos e preços decrescentes só serve aos grandes estelionatários, e me perdoe Antônio da Luz, os grandes perderam muitas tetas, a maioria quer mula de volta para a farra do dinheiro público recomeçar, mas mesmo assim eles tem um lobby poderoso em Brasília com sua bancada ruralista, esses podem se endividar a vontade, não vão pagar mesmo, os pequenos e médios, desavisados terão que paulatinamente entregar suas terras a esses estelionatários.