Inflação, alta de juros e falta de crédito, as atuais dificuldades econômicas para os produtores rurais brasileiros
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
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Na edição desta semana, o debate econômico do Brasil esteve em foco. Se por um lado os produtores rurais sofrem adversidade com aumento dos custos de produção e clima desfavorável em muitas regiões, por outro o setor urbano tem o poder de compra reduzido pelo aumento de preços dos alimentos com uma inflação bastante elevada. Com isso, Marcelo Prado, José Luiz Tejon, Leticia Jacintho e Antônio da Luz ponderam suas análises e opiniões sobre o atual cenário da economia brasileira.
Alta dos juros: projeção é de que Selic chegue a 13,25%, mas economista alerta que número pode ser ainda maior
Agora em 11,75%, a taxa Selic deve ser elevada neste mês de maio para 12,75%. Até o final do ano, a expectativa do mercado é que a taxa de juros chegue a 13,25% até o final deste ano. Ao mesmo tempo em que os juros sobem, produtores rurais, comerciantes e consumidores têm aumento no endividamento.
De acordo com Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul, que participa das análises de projeção do Boletim Focus, a expectativa é de que os reajustes possam ser ainda maiores. Ele explica que quando acontece uma revisão das projeções, a possibilidade disso ocorrer vem sendo considerada muito antes e é confirmada quando surgem novos dados. O "sentimento" atual, como da Luz afirmou, é de que os números dos juros possam ficar ainda maiores.
Inflação mundial: fatores que provocaram aumento de preços em todo o mundo
Da mesma maneira, a projeção da inflação para este e o próximo anos, reajustada recentemente, também pode ser ainda maior. Por esse motivo que os juros seguem altos, como uma tentativa de segurar o aumento de preços.
A origem dessa inflação, conforme destacou da Luz, está ligada com a pandemia. Muitos países em todo o mundo estão sofrendo com o aumento de preços, pois, durante o período de isolamento, foi inserido muito dinheiro na economia, a fim de mitigar os prejuízos causados. No Brasil, programas do Governo, como o Auxílio Emergencial, foram fundamentais para diminuir o desemprego e manter a economia em funcionamento, mesmo que de forma reduzida.
O problema é que quando esse dinheiro é inserido na economia, gera inflação. As medidas, como da Luz destacou, tomada da mesma maneira em muitas nações, funcionaram. Porém, existe esse efeito colateral inflacionário, que hoje atinge da mesma forma, por exemplo, os Estados Unidos.
O economista ressaltou que agora não existe uma forma milagrosa para impedir o aumento da inflação. O Banco Central brasileiro está atuando para controlar a situação e basta apenas neste momento aguardar para as coisas comecem a acontecer e voltar ao normal.
Crédito para o produtor rural e o Plano Safra
José Luiz Tejon questionou se neste ano haverá realmente dinheiro para o Plano Safra. Antônio da Luz explanou esse assunto e primeiramente afirmou que os produtores precisam fazer alavancagem, isso é, a captação de recursos de terceiros para seu negócio, e utilizam esse crédito na ampliação da produção. Do ponto de vista técnico, de acordo com o economista, isso é um erro. O primeiro investimento que deve ser feito é no caixa, o que vale para qualquer negócio. Só então que devem ser feito novos investimento. Dessa forma, as alavancagens realizadas vão ficando cada vez menores.
Na situação atual situação de juros, esse processo se torna não apenas uma recomendação, mas uma necessidade. Segundo da Luz, esse é um problema cultural no Brasil. É preciso que os produtores entendam que devem tomar o mínimo de crédito que puderem.
Da Luz afirmou que na Lei Orçamentária do Brasil, o que pode ser consultado no Portal Transparência, estão destinado R$ 20 bilhões para a agricultura. Porém, nos anos anteriores, o Governo utilizou apenas 50% do que estava sendo projetado inicialmente, o que pode acontecer mais uma vez neste ano.
O economista ainda criticou a porcentagem do orçamento brasileiro que é destinado à agropecuária, que corresponde apenas 0,2% do total da União. Para ele, esse número é muito baixo. Já são quatro meses neste ano sem Plano Safra, porque o Congresso fez um orçamento inadequado para as necessidades da agricultura brasileira.
Agrishow, pontos positivos e negativos da feira
Outro assunto em debate no Conexão Campo Cidade foi a Agrishow, feira que ocorreu entre a segunda e sexta-feira da última semana. Marcelo Prado, Leticia Jacintho e José Luiz Tejon estiverem presentes no evento e fizeram diversos elogios às tecnologias vistas por lá, à inovação do agronegócio presentes nas máquinas agrícolas.
Porém, todos os presentes ficaram também insatisfeitos com as questões de mobilidade e alimentação. Foram feitas algumas críticas à demora no trânsito e lentidão para entrar e sair dos estacionamentos. Para eles, a estrutura deveria ser melhor trabalhada e citaram alguns grandes festivais que ocorrem no Brasil e até mesmo outras feiras, onde essa situação não ocorre.
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