COP 26 - A virada de chave para os incentivos na preservação ambiental, oportunidades para produtores rurais sustentáveis
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Entrevista com Maurício Nicocelli Netto - Consultor em Agricultura Digital sobre a COP 26
A COP 26, conferência climática das Nações Unidas realizada em Glasgow, na Escócia, pode marcar uma importante mudança no agronegócio brasileiro, com oportunidades para os produtores encontrarem novas fontes de renda e facilidade de crédito financeiro. Para discutir esse assunto, o Notícias Agrícolas conversou com o consultor de agricultura digital Maurício Nicocelli Netto, o qual esteve presente no evento ao longo dos últimos dias.
Como explicou Netto, a COP 26 tem sido importante para traçar novos objetos a serem cumprido no futuro. O principal deles é limitar o aumento de temperatura no planeta em até 1,5°C, controlando a emissão de gases de efeito estufa, como o carbono. Por isso, ele percebe que haverá diversos benefícios ao produtor brasileiro, pois eles terão uma grande oportunidade ao ajudar a retirar o carbono da atmosfera com práticas sustentáveis.
Ao conseguir sequestrar o gás carbônico de volta para o solo, ao invés de deixar na atmosfera, o produtor poderá obter um retorno financeiro em forma de crédito com taxas de juros mais baixas ou até mesmo receber o pagamento de empresas, que emitem altas quantias de carbono.
Conforme afirmou Netto, já existem empresas emissoras de gases poluente que estão dispostas a pagar para produtores que têm emissões negativas de carbono, a fim de mitigar os prejuízos ambientais que provocam. Atualmente, é possível até mesmo adquirir tokens de carbono, nas mesmas plataformas onde são comercializadas bitcoins.
Isso já acontece de maneira mais frequente internacionalmente e com grandes empresas, que têm clientes exigentes em relação aos cuidados com o meio ambiente. Esse cenário é bastante positivo aos produtores brasileiros, pois cerca de 1,8 mil deles, conforme declarou o consultor de agricultura, já utilizam processos de sustentabilidade em suas propriedades. “Daqui dois a três anos vai ser uma terceira fonte de renda para o produtor”, projeta Netto.
Ele aponta que esse processo já começou a acontecer no Brasil, porém apenas com grandes empresas e, aos poucos, têm chegado a médios e pequenos produtores. No país, já é possível adquirir créditos em torno de 3% ao ano, desde que o agropecuarista consiga contabilizar sua emissão de carbono. Algumas empresas, como é caso da Bayer em parceria da Embrapa, têm desenvolvido projetos capazes de aferir a quantidade de carbono retida no solo.
Para Netto, a COP 26 está sendo uma virada de chave para os produtores, pois a partir de agora poderão olhar com mais atenção aos benefícios que podem obter. São ações que os agricultores nacionais já tomam, porém até agora desconheciam as oportunidades que poderiam desfrutar a partir delas. Ao mesmo tempo, a conferência é fundamental para mostrar às outras nações as inciativas que estão sendo realizadas do Brasil.
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