Dia de indefinição na soja/dólar:.. mas com as chuvas, o plantio avança e a perspectiva é favorável
Dívida pública federal cai 0,7% em setembro, custo das emissões sobe com risco fiscal
Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - A dívida pública federal do Brasil caiu 0,68% em setembro sobre agosto, a 5,443 trilhões de reais, informou o Tesouro Nacional nesta quarta-feira, num mês marcado por encarecimento das emissões em meio aos temores de deterioração nas contas públicas.
No Plano Anual de Financiamento (PAF), a perspectiva é que a dívida geral feche 2021 entre 5,5 trilhões de reais e 5,8 trilhões de reais.
Em setembro, a dívida pública mobiliária interna teve recuo de 0,98%, a 5,186 trilhões de reais, em função do resgate líquido de 90,26 bilhões ocorrido no mês, que compensou a apropriação positiva de juros de 38,72 bilhões de reais.
Enquanto isso, a dívida externa cresceu 5,83% sobre agosto, a 257,70 bilhões de reais, num mês de forte avanço do dólar frente ao real, embalado por temores de flexibilização fiscal relacionada ao auxílio aos mais vulneráveis.
Embora o volume de emissões da dívida pública federal tenha sido expressivo em setembro --145,93 bilhões de reais--, os resgates foram ainda maiores, chegando a 236,20 bilhões de reais, basicamente pelo vencimento 234,07 bilhões de reais em LFTs, títulos atrelados à Selic.
Este foi o segundo maior valor de resgates mensais da série histórica, perdendo apenas para o volume registrado em abril deste ano.
Em apresentação, o Tesouro afirmou que os leilões realizados ao longo do mês refletiram o movimento da curva de juros, com aumento no custo das emissões.
O custo médio das emissões em oferta pública da dívida interna subiu a 6,9% ao ano, de 6,4% em agosto, ao passo que o custo médio do estoque da dívida total acumulado em 12 meses avançou a 7,8%, de 7,6% no mês anterior.
As condições de emissão de LTNs, títulos prefixados, ilustra o encarecimento ocorrido no mês: a LTN de 24 meses iniciou setembro sendo emitida a uma taxa média de 9,13% e terminou em 9,61%. A taxa média da LTN de 48 meses, por sua vez, pulou de 9,78% para 10,25% ao fim do mês.
O movimento na curva de juros prosseguiu neste mês, especialmente após o governo reconhecer que mirava um drible na regra do teto de gastos para acomodar uma expansão temporária do novo Bolsa Família, que valerá apenas para o ano que vem.
Em mensagem, o Tesouro destacou que "voltou a ajustar as suas emissões em função das condições de mercado, optando por reduzir os lotes em momentos de maior volatilidade" em meio à percepção de maior risco fiscal.
Segundo o coordenador-Geral de Operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital, a "alta considerável" ocorrida na curva de juros em outubro basicamente traduz o noticiário fiscal.
Ele ressaltou que o cenário foi de bastante volatilidade no mês e que o Tesouro teve "postura mais ativa" em seu acompanhamento de mercado.
Apesar disso, Vital buscou frisar que não houve qualquer mudança na estratégia da gestão da dívida, que segue a mesma desde que o Tesouro realizou a revisão do seu Plano Anual de Financiamento (PAF) em maio.
Em gráfico, o Tesouro apontou que o CDS, que mede o risco associado ao país, subiu quase 11% em outubro, na contramão da queda observada em países emergentes como Chile, México, Colômbia e Peru.
DETALHES DE SETEMBRO
Em relação aos detentores, a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna subiu a 10,1% em setembro, sobre 9,8% no mês anterior.
Já quanto à composição, os títulos que variam com a Selic, representados pelas LFTs, continuaram com maior peso na dívida pública federal, a 33,95% do total, abaixo dos 36,11% de agosto. No PAF, o intervalo fixado para o ano é de 33% a 37%.
Os títulos prefixados avançaram a 32,58% da dívida, ante 31,86% no mês anterior, frente a uma meta de 31% a 35% para 2021.
Os papéis indexados à inflação, por sua vez, elevaram a fatia a 28,48% da dívida total, ante 27,35% em agosto, sendo que a referência para este ano é de 26% a 30%.
Bolsonaro nega acusação de fake news durante eleições
Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro negou nesta quarta-feira acusações de que tenha promovido notícias falsas durante a campanha eleitoral de 2018, num momento em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julga ações que pedem a cassação da chapa encabeçada por ele naquele pleito.
Em discurso em um evento com pastores evangélicos em Manaus, Bolsonaro disse duvidar que qualquer um dos presentes tivesse recebido mensagens com notícias falsas que tenham o favorecido em sua campanha eleitoral e aproveitou para atacar o PT, partido do candidato derrotado no segundo turno da eleição daquele ano, Fernando Haddad.
"Alguém recebeu alguma mensagem esquisita no celular sem origem definida que fez você mudar seu voto? Ninguém recebeu! Duvido que alguém tenha recebido aqui. Essa é a acusação agora?", disse Bolsonaro.
"E se eu menti contra aquele partido vermelho, qual a mentira? A mentira contra aquele partido é dizer que eles defendem a família. A mentira é dizer que eles são contra a legalização da droga ou do aborto. A mentira seria se eu falasse que eles são honestos, que ninguém foi preso no governo... Falar a verdade agora passou a ser fake news?"
Na noite de terça-feira, o TSE suspendeu o julgamento de duas ações contra a chapa formada por Bolsonaro e pelo vice Hamilton Mourão na eleição de 2018 por suposto disparo massivo de mensagens em redes sociais e suposto uso fraudulento de documentos de idosos para essas iniciativas, com três votos contrários às ações.
No discurso aos evangélicos, Bolsonaro afirmou que a definição de família está na Bíblia e na Constituição e, segundo ele, determina que a família é formada por um homem e uma mulher.
Ao mesmo tempo que afirmou que ninguém é obrigado a acreditar no que diz a Bíblia, e que disse que ninguém será perseguido por não acreditar no que está lá escrito, Bolsonaro disse que é preciso "evangelizar" os que não acreditam e acrescentou que aqueles que não quiserem seguir o comportamento ditado pela Bíblia que "se expliquem".
"Se a pessoa não acredita na vida eterna ou na morte eterna, se explique. A própria Bíblia tem passagens... que fala como devemos nos comportar. Vai fazer? Você decide. Chama-se arbítrio, Deus nos deu o arbítrio", afirmou.
FMI vê fundamentos sólidos para recuperação global, mas aponta grandes riscos baixistas
Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - Medidas extraordinárias lideradas pelo Grupo dos 20 e vacinações contra a Covid-19 estão sustentando uma recuperação econômica global, mas novas variantes do vírus, inflação e interrupções na cadeia de abastecimento representam riscos negativos, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em blog publicado nesta quarta-feira, antes de cúpula de sexta-feira dos ministros das Finanças e da Saúde do G20, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, pediu ação ousada imediata para acabar com a pandemia e abrir caminho para uma economia mais sustentável.
Este mês, o FMI cortou sua projeção para o crescimento econômico global em 2021, a 5,9%, ante previsão anterior de 6,0%, divulgada em julho. O Fundo apontou interrupções na cadeia de oferta e pressões inflacionárias, e disse que a revisão modesta mascarou grandes rebaixamentos nas estimativas para alguns países.
Georgieva disse que os países do G20 poderiam aumentar suas perspectivas ao longo de 2022 ao calibrar cuidadosamente suas próprias políticas monetárias e fiscais.
A aprovação de reformas que aumentem o crescimento, como programas de apoio à busca de empregos e retreinamento e a redução de barreiras regulatórias à entrada de novas empresas nos países, poderia aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) real agregado nos países do G20 em cerca de 4,9 trilhões de dólares até 2026, disse Georgieva.
Ela disse que uma ação conjunta é necessária para fornecer cerca de 20 bilhões de dólares em apoio para custear testes, tratamento, suprimentos médicos e vacinas para acabar com a pandemia e entregar doses de vacinas já prometidas.
Para ajudar os países em desenvolvimento financeiramente, as nações do G20 também devem acelerar a implementação de uma reforma do tratamento da dívida, de forma que os países vulneráveis não sejam forçados a escolher entre pagar seus credores ou fornecer cuidados sanitários à população.
Bolsonaro volta a falar em privatizar Petrobras e diz que estatal atende apenas acionistas
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar nesta quarta-feira que considera privatizar a Petrobras e afirmou que a estatal serve para lhe dar "dor de cabeça" e para prestar serviço aos seus acionistas.
"O combustível está subindo no mundo todo, aqui está subindo menos. Alguns acham que a culpa é minha. Eu posso interferir na Petrobras? Eu vou responder a processo, o presidente da Petrobras vai acabar sendo preso", disse em entrevista à TV Jovem Pan News, que estreou nesta quarta.
"É uma estatal que só me dá dor de cabeça. Nós vamos partir para uma maneira de quebrarmos mais monopólio, quem sabe até botar no radar da privatização. É isso que nós queremos."
Bolsonaro tem falado nos últimos dias na privatização da empresa. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), admitiu à Reuters que está sendo estudado um projeto de lei para venda de ações e privatização da companhia. Uma das alternativas é a venda de ações do governo, hoje maior acionista, para diluir a participação societária na estatal.
Na entrevista, Bolsonaro criticou a política de preços adotada a partir do governo de Michel Temer, que vincula os reajustes ao preço internacional do barril de petróleo brent e ao valor do dólar no país.
"Não adianta bater recorde na produção de barril, qual a consequência disso? O que o povo vai pensar? Nós somos autossuficientes? Somos. Mas dado a leis do passado, à vinculação do preço levando em conta o barril brent lá fora e o dólar aqui dentro, o reajuste é automático", afirmou.
"É uma empresa que hoje está prestando serviço para acionistas, mais ninguém. A chance de você perder algo na Petrobras é zero."
Apesar de falar em privatização, algo que não é cogitado por partidos de centro-esquerda, Bolsonaro acabou por repetir o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que a Petrobras hoje, apesar de ser estatal, só atende aos interesses dos acionistas.
"Você compra ação de qualquer empresa e pode perder. Na Petrobras você não perde nunca. Essa empresa é nossa ou de alguns privilegiados? Não é justo o que está acontecendo", reclamou.
A União é a maior acionista da Petrobras.
Na terça-feira, a empresa aplicou mais um reajuste, de 7% para a gasolina e 9,1% para o diesel. O próprio presidente já havia dito no final de semana que viria mais um aumento esta semana. Foi o segundo reajuste em um mês.
Apenas neste ano, os aumentos acumulados chegam a 73% para gasolina e 65,3% para o diesel, de acordo com as tabelas da Agência Nacional de Petróleo.
Déficit comercial dos EUA aumenta em setembro; estoques ficam mistos
WASHINGTON (Reuters) - O déficit comercial de bens dos Estados Unidos aumentou em setembro, enquanto as exportações caíram, sugerindo que o comércio provavelmente pesou novamente sobre o crescimento econômico no terceiro trimestre.
O déficit comercial de bens aumentou 9,2%, para 96,3 bilhões de dólares, informou o Departamento do Comércio nesta quarta-feira. As exportações de bens caíram 4,7%, enquanto as importações aumentaram 0,5%.
O relatório, publicado antes dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, também mostrou que os estoques no atacado aumentaram 1,1% no mês passado.
Os estoques varejistas caíram 0,2%, puxados por uma queda de 2,4% nos estoques nas concessionárias, reflexo de uma escassez global de chips que está limitando a produção de veículos.
Os estoques no varejo excluindo automóveis, que entram no cálculo do PIB, aumentaram 0,6%.
De acordo com pesquisa da Reuters com economistas, a economia dos EUA deve ter crescido a uma taxa anualizada de 2,7% no terceiro trimestre, uma desaceleração em relação aos 6,7% registrados no segundo trimestre.
(Por Lucia Mutikani)
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