Redução na exportação de produtos agrícolas e aumento de vendas para a indústria nacional pode resultar em mais emprego, renda e desenvolvimento no país
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Conexão Campo Cidade (25/10/2021)
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
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Uma das pontes que liga as duas pontas dos setores do campo e da cidade é a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), ela faz o contato entre o que é produzido com o que é consumido. Atualmente, 58% dos alimentos produzidos no Brasil passam pela industrialização, processo que representa 10,6% do PIB nacional. Por isso, o time do Conexão Campo Cidade conversou com João Dornellas, presidente da Abia, o qual abordou caminhos para um desenvolvimento ainda maior do agronegócio brasileiro, em parceria com a indústria de processamento alimentício.
Emprego, desenvolvimento e renda
Durante a conversa, João Dornellas citou que 190 países importam alimentos industrializados no Brasil, que é o maior exportador de alimentos processados de todo mundo. Em 2020, por exemplo, isso representou um saldo de R$ 32 bilhões na balança comercial do país, ou seja, 65% de todo o superavit brasileiro entre exportações e importações no ano anterior.
Porém, o presidente executivo afirmou que esses números poderiam ser ainda maiores se mais produtos agrícolas ficassem no Brasil, em vez de serem exportados, e passassem pelo processamento da indústria nacional. Isso resultaria em uma agregação de valor, aumento 3 bilhões na balança comercial a cada 10% a menos de exportação. Ao mesmo tempo, isso geraria a criação 80 mil empregos no país e bilhões de dólares em investimento industrial. “Nós já somos o celeiro do mundo, a gente se orgulha disso, é verdade, mas nós podemos ser o supermercado do mundo”, declarou Dornellas.
Desmitificação dos malefícios dos alimentos industrializados
Existe um consenso populacional de que os alimentos que passam por industrialização são ruins, no Brasil há até mesmo o termo “ultraprocessado”, como afirmou Dornellas. Contudo, esse é um conceito errado, como ele explicou, até mesmo porque o ser humano processa alimentos desde que descobriu o fogo. “O pão é processado há 25 anos pelo ser humano”, disse. Ele citou ainda a neurocientista Suzana Herculano, a qual escreveu um livro onde diz que os seres humanos só se desenvolveram porque conseguem processar alimentos, o que fez com que crescesse a massa cerebral e o número de neurônios no homem.
Além disso, segundo estudos, quanto mais processado é um alimento, mais seguro ele é. Para um aditivo alimentar ser liberado são necessários cerca de 12 anos de pesquisa, para garantir que não fará mal para o organismo humano. “O alimento industrializado é seguro, é nutritivo e é respeitado e aceito, no caso do Brasil, por mais de 190 países”, frisou.
Safra brasileira e avanço das chuvas
Outro assunto abordado no programa, destacado por Alexandre de Barros, é o avanço do plantio no Brasil com o aumento no número de chuvas, em praticamente todas as regiões produtoras. Com isso, crescem as expectativas positivas de que se tenha uma ótima colheita e próximo plantio ocorra dentro do período ideal. Até mesmo no Matopiba, onde demora um pouco para começar a chover, o último final de semana foi excelente para os produtores.
Ainda sobre a safra, Marcelo Prado questionou se é hora de vender, ou o produtor pode continuar esperando mais um pouco. Barros citou as condições de relação de troca, que estão ruins, e disse que acredita que para quem já comprou insumos lá atrás, começar a vender para fazer média é importante.
Eles também conversaram sobre o alto preço de alimentos e, Alexandre de Barros declarou que podem ser tomadas uma série de medidas, intervenções a curto prazo, porém a única solução é o aumento da oferta. “A gente pode até pensar em uma série de estratégias para mitigar essa transição, mas é importante não bloquear o estímulo a mais produção”, afirmou.
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