José Roberto Mendonça de Barros comenta as interferências da economia mundial no agronegócio brasileiro
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Conexão Campo Cidade (20/09)
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
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Na última segunda-feira (20) o convidado do Conexão Campo Cidade foi José Roberto Mendonça de Barros, economista, ex-secretário do Ministério da Fazenda e fundador da MB Associados. No programa, ele falou sobre a recuperação das grandes economias mundiais durante a pandemia do coronavírus, os riscos que essas nações enfrentam atualmente, sobretudo com uma crescente inflação a nível internacional, e a maneira como isso tudo afeta o Brasil e o agronegócio nacional.
Recuperação econômica durante a pandemia do coronavírus
José Mendonça de Barros explicou que a economia mundial sofreu uma grande parada súbita, quando teve início a pandemia do coronavírus. Para que houvesse uma recuperação econômica, os principais países aumentaram gastos público, com foco na chamada “agenda do futuro”, que envolve novas tecnologias de sustentabilidade e inteligência artificial.
Porém, logo após se desenhar um cenário otimista, alguns fatures freiam a recuperação econômica mundial. Entre eles, a persistência de variantes do vírus, desaceleração da economia chinesa e um problema de inflação em todo o mundo.
Falta de oferta causa alta inflacionária em nível internacional
Um dos principais desafios que grandes economias mundiais enfrentam hoje, incluindo Estados Unidos, China e países da União Europeia, é a inflação. Segundo Barros, isso é um problema transitório, pois não há nenhum fator estrutural que a mantenha alta. Mas, mesmo assim, o que tem causado surpresa é quão alta tem estado a inflação em algumas nações e a demora para que aconteça a reversão.
Isso ocorre, não pela demanda, mas sim pelo choque sucessível de oferta. O que tem provocado essa inflação é uma falta de oferta de diversos produtos, o que atrapalha a produção. Barros citou o exemplo de uma fábrica brasileira da General Motors que fechou por cinco meses, por falta de um chip necessário para a produção.
Por isso, os bancos centrais internacionais não elevam rapidamente as taxas de juros, pois causaria problemas econômicas mais severos devido a algo passageiro. Contudo, a situação está demorando mais que o esperado para ser revertida.
Nos Estados Unidos, por exemplo, existe uma quantidade muito grande de empresas que trabalham com dívidas altas. Um aumento na taxa de juros prejudicaria demais os empresários americanos. Por esse motivo, o Fed resiste em aumentar os juros, mesmo que necessário, e faz essa intervenção de maneira lenta.
Desenvolvimento agrícola europeu e novas concorrências para o Brasil
Alexandre de Barros chamou a atenção durante o programa para o desenvolvimento agrícola em países do leste europeu. Segundo ele, o Brasil não tem se preocupado com a possibilidade de existirem novas concorrência no mercado agrícola, um erro que precisa ser corrigido pelos produtores.
José Roberto Mendonça de Barros destacou a Polônia, como um país que tem um potencial crescente agrícola muito grande, somado a um desenvolvimento industrial, tecnologia avançada e uma elevada educação da população.
Além disso, países frios têm começado a entrar na produção de grãos. O maior exemplo é uma província central canadense, onde tem se produzido soja em uma área de 500 mil hectares milho em um espaço de 150 mil hectares. Os nortes da Rússia da China também têm sido mais propícios para a agricultura, conforme ocorre o aquecimento global. É um número pequeno ainda, mas a longo prazo pode ser sim uma concorrência grande para os produtores brasileiros.
Demanda enfraquecida com baixo consumo interno e impacto no agronegócio
Ao contrário do que ocorreu na maior parte do mundo, o número de investimentos no Brasil, com exceção do agronegócio, foi muito baixo, o que vai impactar o consumo interno, criando um ambiente de baixa demanda.
A alta dos juros esperada para segurar a inflação nacional deve desacelerar ainda mais a economia, conforme explicou o convidado. Assim, com a expectativa de produção grande no Brasil, a oferta deverá ser maior em relação à demanda, fazendo com que os preços dos produtos agrícolas fiquem acomodados.
Dessa maneira, a recomendação é de que os produtores façam uma trava de preço com os valores que estão altos atualmente, pelo menos o necessário para cobrir os gastos. A venda escalonada da produção será essencial, conforme afirmou Marcelo Prado.
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