Mercado da soja está parado à espera de compras chinesas. Momento de indefinição na boca da safra
Bolsonaro edita MP para antecipar venda direta de etanol e flexibiliza "tutela à bandeira"
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro editou nesta segunda-feira medida provisória que visa antecipar a venda direta de etanol e flexibiliza a chamada "tutela à bandeira", informou o governo em comunicado à imprensa, apontando que as iniciativas têm potencial para proporcionar benefícios aos consumidores de combustíveis.
O governo alega que a venda direta de etanol pelos produtores ou importadores aos revendedores varejistas, dispensando a intermediação de agentes distribuidores, busca dinamizar o setor e reduzir custos. [nL1N2PI2TQ]
"A nova Medida Provisória autoriza que os interessados optem pela aplicação imediata dessas regras, desde que se submetam ao novo regime tributário previsto na MP nº 1.063", disse o governo no comunicado.
"Nesse caso, caberá ao produtor avaliar, de forma individualizada, se entende ser mais vantajoso antecipar voluntariamente as medidas fiscais necessárias e se submeter, desde logo, ao novo regime de comercialização, ou se prefere aguardar o prazo da regra de transição prevista na medida provisória original."
No caso da tutela à bandeira, o governo quer que os postos chamados "bandeirados", que têm contratos com distribuidoras e exibem suas marcas, sejam liberados para comercializar combustíveis de outros fornecedores.
Porém, a nova regra somente teria efeito após a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) regulamentar sua aplicação, que recebeu o prazo de 90 dias para publicar o normativo.
"Contudo, dados os potenciais benefícios que a antecipação da flexibilização da tutela à bandeira poderá proporcionar aos consumidores de combustíveis, o governo entendeu ser relevante criar mecanismos para sua aplicabilidade no menor tempo possível", afirmou.
"Conforme a nova Medida Provisória, a regra que flexibiliza a tutela à bandeira poderá ser provisoriamente regulamentada por Decreto até que sobrevenha a regulação da ANP."
Ainda segundo o governo, é essencial que haja regulamentação do assunto, sobretudo para garantir a informação adequada e clara aos consumidores a respeito da origem dos produtos comercializados.
Ambas as medidas foram mal recebidas por especialistas e integrantes do setor de combustíveis, que apontaram que a iniciativa não trará os benefícios pretendidos pelo governo, como a redução dos preços dos combustíveis em grandes polos consumidores.
Bolsonaro minimiza ato contra seu governo e diz que manifestantes são "dignos de dó"
BRASÍLIA (Reuters) - Em conversa com apoiadores nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro minimizou os protestos contra o seu governo realizados no domingo e afirmou que os manifestantes eram "dignos de dó".
"Maioria da população é de bem. Essa minoria que foi às ruas ontem é digno de dó", disse o presidente, reclamando ainda de ataques feitos à primeira-dama Michelle Bolsonaro durante as manifestações. "É sinal de que não tem razão, perderam a noção da realidade e vão para questões pessoais. Mas não vão me tirar daqui com isso de jeito nenhum."
Chamados inicialmente pelo Movimento Brasil Livre e Vem pra Rua com o mote "Nem Bolsonaro, nem Lula", a manifestação não empolgou, mesmo com a decisão do MBL de tirar o viés político-eleitoral da convocação. Partidos como o PT e o PSOL optaram por não participar, especialmente depois que o Vem Pra Rua manteve a convocação contra Lula.
Presidenciáveis como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), João Amoedo (Novo) e Ciro Gomes (PDT) comparecerem ao ato na avenida Paulista e discursaram. Mas, de acordo com a Polícia Militar, a manifestação reuniu apenas cerca de 6 mil pessoas.
A pouca adesão foi usada pelos bolsonaristas nas redes para apontar o fracasso da oposição ao presidente, na comparação com os atos de 7 setembro, que foram convocados por Bolsonaro e aliados, contaram com a adesão de empresários e tiveram o pagamento de ônibus e ajuda de custo para manifestantes.
Um outro ato suprapartidário, contra Bolsonaro, está sendo programado para o dia 2 de outubro, em uma tentativa de unir todos os partidos que hoje se opõe ao governo. A manifestação deve aí reunir PT e os demais partidos de esquerda, além de centrais sindicais e outros movimentos sociais.
Ibovespa fecha em alta com aval externo e trégua política
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira, endossado pelo clima positivo nos mercados no exterior, além da relativa trégua na tensão político-institucional do país, embora questões como a dos precatórios persistam no radar de agentes financeiros.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,85%, a 116.403,72 pontos, tendo ultrapassado os 117 mil pontos na máxima. O volume financeiro da sessão somou 25,8 bilhões de reais.
Na visão do sócio da Rio Gestão de Recursos André Querne, a bolsa ainda reflete a nota do presidente Jair Bolsonaro na última quinta-feira, que, distensionou, pelo menos no curto prazo, o ambiente político-institucional.
Tal alívio, segundo ele, abre espaço para a retomada das discussões sobre temas relevantes, como o desfecho envolvendo os precatórios, bem como para um ambiente mais construtivo do ponto de vista de reformas.
Destacando que muito do cenário negativo do país já está nos preços das ações, Querne acrescentou que a trégua abre espaço para recuperação das ações, principalmente porque as empresas listadas passam por um momento muito positivo.
"É o que está acontecendo hoje", afirmou.
Na nota divulgada na última quinta-feira, Bolsonaro buscou apaziguar os ânimos, afirmando ter respeito pelas instituições da República, após atacar na terça-feira ministros STF e ameaçar descumprir ordens judiciais. As declarações feitas durante manifestações de 7 de Setembro estressaram investidores, e o Ibovespa afundou quase 4% no dia seguinte.
Para o diretor de investimentos da BS2 Asset, Mauro Orefice, manifestações contrárias a Bolsonaro mais fracas neste último fim de semana corroboraram a melhora no pregão, pois afastam o risco de eventual impeachment do presidente no curto prazo.
Ele ressalvou que uma melhora mais consistente dos ativos depende de maior visibilidade sobre assuntos como o dos precatórios, que tramita no Congresso.
A sessão positiva ainda encontrou suporte na trajetória em Wall Street e na alta dos preços do petróleo.
Dólar cai após fim de semana sem novas contendas
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda ante o real nesta segunda-feira, mais do que devolvendo a alta do pregão anterior, com investidores atentos às movimentações nos mercados de moedas no exterior antes da divulgação na terça de dados de inflação nos EUA, enquanto no plano doméstico o noticiário político seguiu sob os holofotes.
O dólar à vista caiu 0,84%, a 5,2236 reais. A moeda variou de 5,2661 reais (-0,03%) a 5,2016 reais (-1,26%).
O Goldman Sachs excluiu o real de uma lista de moedas em que os rendimentos mais atrativos podem beneficiá-las de maneira mais decisiva. Rublo russo, rupia indiana e peso mexicano são favoritos.
"Por outro lado, ficamos menos construtivos com o real. Seu elevado beta cíclico deve se mostrar menos favorável em uma recuperação (econômica) mais contida, e a volatilidade tende a aumentar à medida que nos encaminhamos para um ano eleitoral", disseram estrategistas do banco em nota.
No documento, eles passaram a ver dólar mais alto em três meses (5,10 reais), seis meses (5,00 reais) e 12 meses (4,95 reais). Antes, as projeções estavam em 4,70 reais, 4,65 reais e 4,60 reais, respectivamente.
Sobre atividade econômica mais fraca, o JPMorgan piorou sua perspectiva para o crescimento da economia brasileira neste ano e no próximo e agora vê expansão em 2022 de apenas 0,9%.
O Morgan Stanley avaliou que o real continua sendo a moeda preferida para venda dentro de seu portfólio de divisas emergentes.
"A elevada inflação continua sendo um obstáculo para o 'carry' (retorno em taxa de juros oferecido pelos investimentos na moeda brasileira), conforme os juros reais seguem em patamares muito baixos", disseram estrategistas do banco em relatório, no qual citam que o real é a terceira moeda mais cara no universo emergente.
Sinal da aversão de investidores estrangeiros à volatilidade da moeda brasileira, especuladores venderam contratos de real na Bolsa Mercantil de Chicago no ritmo mais forte em sete meses na semana finda no tão falado 7 de setembro, com a aposta favorável à moeda brasileira caindo ao menor patamar em três meses.
Nesta terça, o mercado se volta para dados de inflação ao consumidor nos EUA referentes a agosto, em busca de pistas sobre quando o banco central norte-americano pode anunciar um cronograma de corte de estímulos. O índice do dólar no exterior rondava estabilidade no fim desta tarde.
S&P 500 interrompe quedas em Wall St em meio à expectativa sobre alta de impostos e dados de inflação
NOVA YORK (Reuters) - O índice S&P 500 terminou em alta nesta segunda-feira, quebrando uma sequência de cinco dias de quedas, conforme investidores se concentraram em possíveis aumentos de impostos corporativos e nos próximos dados econômicos.
O Dow Jones avançou no dia, mas o Nasdaq Composite ficou no vermelho.
Investidores preferiram ações de valor em vez das de crescimento, com papéis mais propícios a se beneficiar de uma economia em recuperação desfrutando dos maiores ganhos percentuais na sessão.
As ações de valor são vistas como "descontadas" e, por isso, teriam mais chances de recuperação mais forte num cenário de retomada da economia. Já os papéis de empresas de crescimento (como as de tecnologia), por operarem em elevado preço por lucro podem parecer caros, a despeito da expansão mais acelerada de seu fluxo de caixa e lucro.
"Provavelmente não haverá muitas surpresas positivas neste mês", disse Liz Young, chefe de estratégia de investimentos da SoFi, em Nova York. "Estamos passando por outro período de volatilidade em que acho que a rotação pode voltar para (ações) cíclicas e para a estratégia de reabertura, à medida que a taxa dos títulos de dez anos aumenta lentamente até o fim do ano."
Participantes do mercado estão focados na provável aprovação do pacote orçamentário de 3,5 trilhões de dólares do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que deverá incluir um aumento da alíquota do imposto corporativo de 21% para 26,5%.
Analistas do Goldman Sachs veem a alíquota do imposto sobre empresas aumentando para 25% e calculam aprovação de cerca da metade de um aumento proposto em tributos sobre o lucro das empresas obtido no exterior, o que para eles reduziria os lucros do S&P 500 em 5% em 2022.
O índice Dow Jones subiu 0,76%, a 34.870 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,23%, a 4.469 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,07%, a 15.106 pontos.
Preços do petróleo avançam para máxima de 6 semanas por preocupações com oferta nos EUA
NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo subiram para uma máxima de seis semanas nesta segunda-feira, com a produção dos EUA demorando a retornar duas semanas após o furacão Ida atingir a costa do Golfo e em meio a preocupações de que outra tempestade possa afetar a produção no Texas esta semana.
Os ganhos de preço ocorreram apesar de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ter reduzido sua previsão de demanda mundial de petróleo para o último trimestre de 2021 devido à variante Delta do coronavírus.
Os futuros do Brent avançaram 0,59 dólar, ou 0,8%, para fechar em 73,51 dólares o barril, enquanto o petróleo dos EUA (WTI) avançou 0,73 dólar, ou 1,1%, para fechar em 70,45 dólares.
Esse foi o maior valor de fechamento do Brent desde 30 de julho e o maior fechamento do WTI desde 3 de agosto.
"O impacto do furacão Ida está durando mais do que o mercado esperava e, como parte da capacidade de produção de petróleo permanece fechada esta semana, os preços estão subindo pelo fato de o fornecimento não estar sendo restaurado e, portanto, não estar alcançando as refinarias que reiniciaram as operações mais rápido do que os produtores", disse Nishant Bhushan, analista de mercados de petróleo da Rystad Energy.
Outras perturbações causadas pelo mau tempo podem aparecer a qualquer momento, com o Centro Nacional de Furacões dos EUA projetando que a tempestade tropical Nicholas vai se espalhar ao longo da costa do sul do Texas na segunda-feira e chegará perto da cidade de Corpus Christi no final da noite.
A Royal Dutch Shell começou a evacuar funcionários de uma plataforma de petróleo do Golfo do México, nos Estados Unidos, e outras empresas começaram a se preparar para ventos fortes de furacão.
Expectativa de inflação ao consumidor dos EUA vai a máxima em 8 anos, diz Fed de NY
(Reuters) - As expectativas dos consumidores norte-americanos sobre a variação da inflação durante o próximo ano e os próximos três anos subiram no mês passado para seus níveis mais altos desde 2013, de acordo com uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Federal Reserve de Nova York.
As expectativas de inflação para o próximo ano foram elevadas pelo décimo mês consecutivo, para uma mediana de 5,2% em agosto, de acordo com a pesquisa mensal de expectativas do consumidor.
As expectativas de inflação para os próximos três anos avançaram para uma mediana de 4,0%. Ambas as métricas estão em seus patamares mais altos já registrados na pesquisa, lançada em 2013.
Autoridades do banco central dos EUA estão observando atentamente as expectativas de inflação à medida que tentam avaliar se as pressões sobre os preços desencadeadas pela pandemia de coronavírus arrefecerão ou terão efeitos mais duradouros na economia.
Alguns formuladores de política monetária dizem que o fim antecipado das grandes compras de ativos que o Fed adotou no ano passado para apoiar os mercados e a economia dará às autoridades mais opções para responder no futuro se a inflação durar mais do que o previsto.
Governo do RJ prevê levantar até R$4 bi com novo leilão do bloco 3 da Cedae
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo do Rio de Janeiro espera arrecadar até quatro bilhões de reais com o leilão do bloco três da companhia estadual de saneamento básico Cedae, que não teve interessados numa licitação anterior, em abril.
Segundo o governador, Claudio Castro, cerca de 20 cidades já aderiram ao lote que irá a leilão em 29 dezembro. A outorga mínima está fixada em 2,6 bilhões de reais. Mas o governo acredita que o número de cidades que participarão da concessão ainda pode ser ampliado. O edital ainda não foi publicado.
"Não tenho dúvida que será a melhor coisa que aconteceu para o Rio de Janeiro", disse Castro a jornalistas, sobre o fato de não ter havido interesse pelo bloco no primeiro leilão.
"Era um bloco de 900 milhões de reais... agora tem tudo para chegar uns 4 bilhões", acrescentou ele. "Esse é um sonho nosso".
No primeiro leilão esse ano, em abril, a concessão de três dos quatro blocos da Cedae rendeu mais de 22 bilhões de reais. O bloco três foi o único sem interessados.
Caixa vai anunciar redução dos juros da casa própria apesar de alta da Selic, diz Guimarães
BRASÍLIA (Reuters) - A Caixa Econômica Federal vai anunciar na quinta-feira redução dos juros para financiamento da casa própria a despeito do ciclo de alta na taxa básica de juros, a Selic, informou o presidente do banco público, Pedro Guimarães.
Em evento no Palácio do Planalto para anúncio de um programa de subsídio para aquisição de habitação por profissionais de segurança pública, Guimarães afirmou nesta segunda-feira que a diminuição do custo do crédito imobiliário será possível porque a Caixa tem hoje lucro que nunca teve.
Segundo o presidente da Caixa, o anúncio sobre as taxas será tanto para os contratos corrigidos pela TR quanto pela poupança.
"A Caixa hoje tem 250 bilhões de reais prontos pra emprestar e nós teremos nas próximas três semanas várias novidades", afirmou Guimarães.
"A Caixa vai reduzir os juros. Não está aumentando a Selic? Então a Caixa Econômica Federal, com o lucro que nunca teve, sem roubar, vai diminuir os juros da casa própria, mas isso fica pra quinta-feira", completou.
O Banco Central iniciou em março um ciclo de aperto nos juros básicos, elevando a Selic da mínima histórica de 2% para o patamar atual de 5,25% ao ano. Na próxima semana o Comitê de Política Monetária se reúne novamente, sendo que as sinalizações mais recentes do BC apontavam para novo aumento de 1 ponto percentual nos juros, tal qual promovido em agosto.
Sobre o programa para os profissionais de segurança pública, o Habite Seguro, Guimarães pontuou que a Caixa irá direcionar 5 bilhões de reais para esses empréstimos nos próximos quatro meses, mas que poderá elevar esse montante para de 10 a 15 bilhões de reais se houver demanda.
Segundo a Secretaria-Geral da Presidência da República, o Habite Seguro "permitirá a contratação de cotas de crédito imobiliário com condições e regras específicas destinadas ao público-alvo, além de prever outros benefícios correlatos que lhes possibilitam o acesso a imóveis com melhores condições de habitabilidade".
O programa será destinado a policiais, bombeiros, agentes penitenciários, peritos e guardas municipais. O presidente Jair Bolsonaro tem entre os profissionais de segurança pública uma das suas mais importantes bases de apoio político.
JPMorgan espera juros mais altos e crescimento mais fraco no Brasil em meio a pressões políticas e inflacionárias
SÃO PAULO (Reuters) - Em meio a crescentes pressões políticas e inflacionárias domésticas, o JPMorgan elevou suas projeções para o patamar da taxa Selic ao fim do atual ciclo de aperto de juros e piorou sua perspectiva para o crescimento da economia brasileira neste ano e no próximo.
O banco revisou sua projeção para os juros básicos a 9%, ante 7,5% anteriormente, esperando três elevações de 1 ponto percentual até o fim de 2021 e uma alta final de 0,75 ponto no início de 2022.
Com a expectativa de uma política monetária ainda mais apertada, o JPMorgan revisou para baixo a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil a 5,1% neste ano e a 0,9% no ano que vem. As estimativas anteriores eram de expansão de 5,2% e 1,5%, respectivamente.
"As crescentes tensões políticas e pressões inflacionárias conduziram as projeções de juros para cima e de crescimento para baixo", escreveram em relatório Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, do JPMorgan.
O credor norte-americano destacou a recente turbulência na seara política local --intensificada na semana passada, durante manifestações do dia 7 de setembro, por ataques do presidente Jair Bolsonaro a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora o chefe do Executivo tenha moderado a retórica desde então, "o risco de tensões renovadas permanece alto antes do ciclo eleitoral de 2022", disseram Fernandez e Moreira.
A aflição política divide atenções ainda com uma inflação que "continua a surpreender para cima", segundo eles, o que está elevando a pressão para que o Banco Central aperte ainda mais sua política monetária.
O JPMorgan projeta alta de 7,9% do IPCA em 2021, patamar bem acima da meta de 3,75%, que tem margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Falando sobre as perspectivas para 2022, o JPMorgan afirmou que as condições climáticas terão papel importante na dinâmica de inflação em meio à grave crise no abastecimento dos reservatórios de água brasileiros.
"Continuamos a considerar um desdobramento mais favorável em relação à crise de fornecimento de água e energia... No entanto, vemos chances crescentes de um cenário negativo na crise hídrica, particularmente conforme as autoridades limitam o impacto nos preços, levando a escassez de energia não desejada."
PGR defende ao STF suspensão de MP que altera Marco Civil da Internet
BRASÍLIA (Reuters) - O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão dos efeitos da medida provisória que altera o Marco Civil da Internet até que a corte julgue em definitivo o caso.
A MP foi editada pelo presidente Jair Bolsonaro na véspera dos atos de 7 de Setembro, sob a justificativa do governo de que era preciso proteger usuários de plataformas de redes sociais contra supostas suspensões arbitrárias de conteúdo.
Entretanto, partidos de oposição recorreram ao STF para suspender os efeitos da medida com o argumento de que ela poderia contribuir para a disseminação de informações falsas ao dificultar a atuação das plataformas para banir conteúdos.
Nos pareceres ao Supremo, Aras destacou que o complexo momento social e político atual demanda por instrumentos que reduzam conflitos, ao mesmo tempo em que o Marco Civil da Internet já tinha antes de suas alterações instrumentos para fazer a moderação dos provedores.
Em nota, o procurador-geral afirmou que, "a alteração repentina da norma, com prazo exíguo para adaptação, e previsão de imediata responsabilização pelo descumprimento de seus termos gera insegurança jurídica para as empresas e provedores envolvidos, especialmente por se tratar de matéria com tanta evidência para o convívio social nos dias atuais".
Aras disse ainda que é prudente aguardar a decisão do Congresso Nacional a respeito do cumprimento dos requisitos de relevância e urgência da MP.
Pressionado por oposicionistas, o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou na semana passada que vai decidir se devolverá a medida provisória. Cabe a ele avaliar se rejeita a tramitação da iniciativa do governo caso ela não atenda aos requisitos para sua tramitação.
O parecer de Aras, contrário aos interesses do governo, foi encaminhado ao Supremo dias depois de ele ter tido a sua recondução de mais dois anos para o cargo aprovada pelo Senado. O procurador-geral teve seu nome indicado por Bolsonaro.
Aras, que de maneira geral vinha apresentando manifestações jurídicas favoráveis ao governo, fica no cargo até 2023, exceto se vier a se aposentar antecipadamente ou se for indicado para o Supremo, conforme defendem alguns aliados do presidente.
A Advocacia-Geral da União (AGU) também enviou parecer ao STF sobre o caso, mas defendeu a rejeição das ações dos partidos.
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