A relação entre o cuidado com o solo e a qualidade do produto que chega ao consumidor

O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.

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Já é habitual para muitos consumidores conferir os valores nutricionais dos produtos nas prateleiras de supermercado. Contudo, a maioria ainda não se atenta que até mesmo carnes ou um mesmo vegetal possuem características alimentícias diferentes. 

Sim, o tomate, por exemplo, pode apresentar mais ou menos nutrientes dependendo dos cuidados com o solo em que foi cultivado. Para falar sobre esse tema, o Conexão Campo Cidade contou com a presença da agrônoma Maria Aguiar, que atua como gerente de produtos da Mosaic Fertilizantes. Confira a seguir um pouco da conversa que aconteceu ao vivo na última segunda-feira (08). 

O que foi destaque no programa 

O cuidado com o solo é essencial para a saúde nutricional da planta

A utilização de adubos de alta performance é essencial para um alta desempenho da plantação. Para explicar mais detalhadamente, Maria Aguiar comparou o cuidado com o nosso corpo com a atenção devida para o solo onde o vegetal é cultivado. “Nutrição da planta é a mesma coisa que a nutrição humana. Por que a gente toma Vitamina C, Complexo B, Cálcio, Magnésio, Zinco? Porque o nosso corpo precisa disso para a gente ter mais resistência”, explicou.

Assim, além da água, a raiz busca diversos nutrientes no solo – entre eles cálcio, magnésio, fósforo, potássio – para que possa se desenvolver.  Deixar a planta bem nutrida é fundamental para que a planta expresse todo o potencial de produção, assim como uma criança que cresce saudável, desde que seja bem nutrida. 

Impacto para o consumidor final 

Conforme explicou Mariana, para a planta, expressar todo potencial está diretamente ligado com os valores nutricionais que ela terá, quando chegar ao consumidor final. “Uma planta bem nutrida, seja ela uma cenoura, um tomate, uma soja, se você fez uma boa ‘cama’, ou seja, deu os nutrientes no momento certo, ela vai se desenvolver, vai ficar bem nutrida e vai expressar isso no prato”, afirmou a agrônoma. 

“Uma planta bem nutrida impacta em um prato melhor”

“A gente vai ter maior índice de proteína ou carboidrato, dependendo do que for o alimento. Mais açúcar, como é o caso do milho ou da cana, ou uma melhor qualidade da bebida quando gente fala do café. Então sim, uma planta bem nutrida impacta em um prato melhor, mais nutrido, e isso impacta diretamente na nossa saúde. A cadeia [produtiva] inteira ganha”, completou. 

O mesmo vale até mesmo para o pasto. Recentemente, a Mosaic Fertilizantes lançou uma linha de produtos específica para pastagem. Isso reflete diretamente em um peso maior dos animais, uma qualidade melhor da carne, através da nutrição do pasto. “É levar uma carne com um índice proteico melhor”, reforçou Mariana. 

Valorização do produto 

Dando continuidade ao assunto, os comentaristas do Conexão Campo Cidade ressaltaram que o consumidor está disposto a investir mais dinheiro em um produto com qualidade maior. Investimento em marca é algo pouco explorado pela agropecuária brasileira, mas que é muito comum em outros países.

"Faturamento da Coca-Cola é igual ao valor bruto da produção agropecuária brasileira"

Dessa forma, um produtor, ao investir mais no solo para pastagem ou plantação, estaria também investimento em na sua marca, podendo gerar mais lucro. Sobre esse assunto, comentou o jornalista Luiz Tejon: “Eu uso para provocar: o tamanho do faturamento da Coca-Cola é igual ao valor bruto da produção agropecuária brasileira. Se a Coca-Cola consegue faturar igual a toda agropecuária brasileira, é porque a gente está deixando de fazer muita coisa na percepção internacional”.

Além dele, Marcelo Prado também abordou o tema. “Nós temos que criar a cultura da marca. Se eu produzo tomate, goiaba, melão, melancia, seja o que for, tenho que ter orgulho da minha marca. Vai chegar o momento que o cidadão vai ao supermercado e fala: ‘eu quero determinada marca’, porque ele confia, ele gosta”, comentou.