Soja "prá mais de metro" de altura! e produzindo 80 a 90 sacas em Paranapuã/SP, a safra está um show
Após recorde, confiança no agronegócio diminui no 4º tri, mas otimismo prevalece; produtor agrícola é o mais otimista
SÃO PAULO (Reuters) - O Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro) terminou o quarto trimestre de 2020 em 121,4 pontos, queda de 5,6 pontos em relação ao recorde visto no trimestre anterior, informaram nesta quarta-feira a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a CropLife Brasil.
O produtor agrícola pintou o cenário mais otimista entre os segmentos pesquisados, com o índice em 129,2 pontos, enquanto a confiança do pecuarista ficou em patamar mais abaixo, a 122,8 pontos.
O índice para o produtor agropecuário atingiu o segundo melhor resultado da série, atrás apenas do trimestre imediatamente anterior, a 127,6 pontos --queda de 5,1 pontos ante o levantamento do terceiro trimestre.
Apesar do recuo trimestral, o índice atingia ao final do ano o terceiro melhor resultado desde o início da série histórica, ainda apontando para um otimismo no setor --que é verificado quando o patamar supera os 100 pontos.
Todos os segmentos pesquisados tiveram piora frente ao levantamento do trimestre anterior. A pesquisa destacou que, entre os motivos para as quedas, produtores agrícolas citaram os problemas climáticos e agroindústrias mencionaram o câmbio e os custos das matérias-primas.
"Não se pode ver no atual recuo da confiança uma tendência de queda para 2021. Era de esperar que houvesse uma retração em relação ao terceiro trimestre de 2020, quando o indicador alcançou o melhor resultado da série histórica", disse em nota o diretor titular do Departamento do Agronegócio da Fiesp, Roberto Betancourt.
Entre as indústrias inseridas na cadeia produtiva do agronegócio, o índice de confiança recuou 6 pontos frente ao trimestre anterior, terminando 2020 em 116,9 pontos.
Já a confiança das empresas de insumos agrícolas teve baixa de 9,1 pontos no período, para 112,9 pontos, representando o segmento com maior perda de entusiasmo, apontou o levantamento, com destaque para piora clara no grupo de defensivos agrícolas.
"As empresas do setor não têm encontrado espaço para repassar ao mercado doméstico os aumentos de custos resultantes da desvalorização do real, da logística e das matérias-primas vindas da China", disse o presidente-executivo da CropLife Brasil, Christian Lohbauer, que também chamou atenção para os altos estoques acumulados nas revendas.
No pós-porteira, a confiança das empresas diminuiu em 4,7 pontos, fechando o ano em 118,6 pontos.
Lucro da Bunge supera expectativas no 4º tri; projeções sólidas para 2021
(Reuters) - A companhia de commodities agrícolas Bunge reportou um quarto trimestre mais forte do que o esperado nesta quarta-feira e disse que seu lucro ajustado para o ano inteiro deve superar estimativas devido à forte demanda e ao aperto da oferta de grãos.
As ações da empresa chegaram a subir 2%, atingindo uma máxima de quase três anos, de cerca de 78 dólares.
O lucro da Bunge no quarto trimestre foi impulsionado por fortes margens de processamento de oleaginosas e exportações robustas da América do Norte, dando uma recente visão sobre como a pandemia de coronavírus está impactando os maiores comerciantes de grãos do mundo.
A empresa disse que espera lucro ajustado para todo o ano de 2021 de pelo menos 6 dólares por ação, superior às estimativas de 5,53 dólares por ação, mas abaixo dos 8,30 dólares de 2020.
Apesar das mudanças massivas na demanda de alimentos e combustível, com consumidores restringindo viagens e mudando hábitos alimentares, a Bunge e as rivais ADM, Cargill e LouisDreyfus resistiram à pandemia inesperadamente bem.
O CEO da Bunge, Greg Heckman, disse que o desempenho da empresa em 2020 foi "excepcional", acrescentando que "esperamos o mercado favorável continue em 2021, refletindo forte e crescente demanda, bem como oferta apertada."
Os comerciantes de grãos têm prosperado apesar do aumento dos preços dos grãos que eles compram dos agricultores para armazenar, transportar e processar, em meio à oferta global restrita e elevada demanda de importação de países estocando alimentos em meio à pandemia.
A Bunge observou alguns ventos contrários em 2021 para seu principal segmento, do agronegócio, o maior em termos de receita e volume, devido a expectativas de contribuições mais baixas do processamento de oleaginosas e originação, principalmente no Brasil.
O lucro líquido atribuível à Bunge no trimestre encerrado em 31 de dezembro foi de 551 milhões de dólares, ou 3,74 dólares por ação, o que se compara com uma perda de 51 milhões, ou 48 centavos por ação, um ano antes.
Excluindo itens não recorrentes, a Bunge lucrou 3,05 dólares por ação, acima da estimativa dos analistas ,de 1,82 dólar, segundo dados da Refinitiv.
A receita saltou quase 17%, para 12,61 bilhões de dólares.
Aurora vai investir R$ 500 mi em 2021, espera ampliar exportação para China
SÃO PAULO (Reuters) - A terceira maior processadora de carne do país, Aurora, planeja investir 500 milhões de reais em 2021, principalmente para aumentar capacidade de produção de carne de frango, afirmou o presidente da cooperativa, Neivor Canton.
Segundo ele, a Aurora pretende expandir a capacidade de processamento de carne de frango em 20% em dois anos e está pedindo licenças para exportar mais carne suína e de frango para a China, esperando ter mais três fábricas autorizadas em breve.
A Aurora processa cerca de 6 mil toneladas de proteína animal diariamente e exporta cerca de um terço disso, disse o executivo.
A cooperativa, que tem sede no sul do Brasil, usa 160 mil toneladas de milho para alimentar porcos e galinhas a cada mês. No momento, está enfrentando uma alta nos preços dos grãos que tornou os preços domésticos do milho "absurdos" e não mostra sinais de queda, disse Canton.
Apesar do aumento de custo nos últimos meses, a Aurora registrou vendas operacionais recordes em 2020 devido às fortes exportações.
O presidente da Aurora espera fortalecer ainda mais os laços comerciais com a China, já que o cliente asiático ainda luta contra os efeitos da peste suína africana, que tem ajudado os negócios dos exportadores brasileiros.
Canton disse que a dependência da China das importações de alimentos brasileiros serviu para ajustar o abastecimento doméstico de carne e ajudou a aumentar os preços dos produtos, impulsionando os resultados da Aurora e ajudando o setor de carnes durante a pandemia.
Para aumentar as exportações, a Aurora está atualmente buscando três novas licenças de exportação da China, incluindo duas para frangos em Santa Catarina e uma para uma fábrica de suínos em Mato Grosso do Sul, disse Canton.
Vendas de etanol na 2ª quinzena de janeiro têm primeiro aumento na safra, diz Unica
SÃO PAULO (Reuters) - A venda de etanol pelas unidades produtoras da região centro-sul somou 1,36 bilhão de litros na segunda quinzena de janeiro no mercado interno, no primeiro aumento quinzenal da safra 2020/2021 ante o volume comercializado no mesmo período da temporada anterior, apontou nesta quarta-feira a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
No mesmo período da safra 2019/20, as vendas somaram cerca de 1,25 bilhão de litros.
No acumulado de janeiro, as vendas de etanol pelas unidades produtoras atingiram 2,61 bilhões de litros, também um ligeiro crescimento ante o total vendido no mesmo mês do ano anterior, de 2,56 bilhões de litros.
As exportações garantiram o aumento em janeiro completo, mais que dobrando para 146,72 milhões de litros, já que os negócios no mercado interno ainda ficaram levemente abaixo do mesmo período de 2019/20.
No mercado interno, as vendas de etanol hidratado atingiram 1,65 bilhão de litros em janeiro deste ano, ante 1,76 bilhões no mesmo mês de 2020.
O volume comercializado de etanol anidro, por sua vez, alcançou 810,05 milhões de litros no primeiro mês de 2021, registrando aumento de 10,53% na comparação com igual período do ano passado.
"O aumento do volume comercializado de etanol anidro pelas unidades produtoras reflete a capacidade destas de atender o volume necessário para a mistura obrigatória, o que reduz a necessidade de importação do biocombustível", disse o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, em nota.
No acumulado desde o início da safra 2020/2021 até 1 de fevereiro, as vendas de etanol pelas empresas do centro-sul acumulam retração de 9,24%, somando 25,92 bilhões de litros, sob o impacto da pandemia.
Contudo, as exportações acumulam alta de 43,49%, totalizando 2,36 bilhão de litros.
As vendas de mercado interno na acumulado da safra tiveram redução em torno de 12,5%, atingindo 23,56 bilhões de litros.
A Unica também divulgou dados da moagem e produção de açúcar e etanol, mas foram residuais devido ao período de entressafra no centro-sul.
Setor de agroquímicos do Brasil vê alta superior a 10% na receita em 2021, diz Sindiveg
SÃO PAULO (Reuters) - Após ver o faturamento despencar em dólares em 2020, a indústria de agroquímicos do Brasil prevê aumentar em mais de 10% a receita em 2021, com produtores investindo em safras de soja, milho e cana, e também com repasses de custos das matérias-primas para os preços, disse o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Julio Borges.
Ele avalia que os ótimos preços de soja e milho, que lideram a demanda por pesticidas no país, devem impulsionar um aumento na área tratada com defensivos agrícolas na temporada 2021/22, que começa a ser plantada em setembro, contribuindo para o crescimento dos negócios.
Um sinal desse movimento são as vendas antecipadas de agroquímicos para 2021/22, que já atingiram entre 20% e 30%, bem acima dos 10% historicamente realizados até o final de janeiro.
"A demanda espero mais uma vez crescente pelo aumento de área das principais culturas e pela lucratividade dos produtores. Com o valor que eles têm por uma safra, vão querer ser mais cuidadosos", disse Borges, lembrando que pragas que atacam as lavouras têm ficado cada vez mais resistentes, o que exige aplicação de pesticidas.
Ele destacou que nos últimos seis anos o Brasil tem crescido na média de 5% em área tratada com defensivos.
"Estou esperando algo superior ainda, estou esperando que a área de soja suba mais que subiu no ano passado", disse Borges, ressaltando que a demanda da China tem sido tão forte que pode até gerar problemas de abastecimento.
Borges explicou também que a alta no faturamento anual ocorrerá após uma recuperação "enorme" no preço dos defensivos, o que acaba tendo impacto nos custos dos agricultores.
Isso acontece com a indústria reposicionando suas cotações já com um câmbio mais alto, após ter amargado problemas em 2020 com a disparada do dólar frente o real.
Segundo o Sindiveg, de janeiro a dezembro de 2020, a perda cambial foi de 18,5% para o setor, que importa cerca de 95% de suas matérias-primas.
"Devido à consistente variação cambial, não conseguimos fazer o repasse integral do aumento dos custos, algo que deve acontecer este ano", afirmou o executivo, acrescentando que muitas companhias negociaram com menores margens ou fecharam o período com prejuízo.
Ele observou que o setor lida atualmente com desafio de aumento de preços de matérias-primas da China de todos os insumos, bem como de custos com logística, que dobraram por escassez de contêineres e navios.
"Todo negócio que fechamos em janeiro já tivemos impacto de custos, ninguém esperava impacto de custo agora, de matéria-prima e logística, e acho que o produtor quer se proteger disso", comentou, em referência à antecipação de negócios registrada neste início de ano.
MAIS APLICAÇÕES
Em 2020, o faturamento da indústria no Brasil caiu 10,4%, para 12,1 bilhões de dólares, apesar de os agricultores terem investido mais no controle de pragas, doenças e plantas daninhas e aumentado a área plantada na temporada 2020/21.
A área tratada com defensivos aumentou 6,9% no país em 2020 ante 2019, para 1,6 bilhão de hectares, de acordo com levantamento exclusivo encomendado pelo Sindiveg à Spark Consultoria Estratégica, que considera quantas vezes uma mesma área recebeu aplicações.
O combate aos insetos envolveu maior área tratada em 2020. Foram mais de 413 milhões de hectares, cerca de 25% do total. Em seguida, aparecem os herbicidas, com cerca de 401 milhões de hectares (24%), e os fungicidas, com 306 milhões de hectares (19%). Outros 149 milhões de hectares receberam aplicações de produtos para o tratamento de sementes (9%), disse o Sindiveg.
Principal cultura brasileira, a soja concentrou 48% do valor investido por agricultores em defensivos agrícolas: 5,8 bilhões de dólares. Em segundo lugar, aparece o milho, com 13% do total. Na sequência vêm a cana (11%), o algodão (10%), as hortaliças e frutas (4%), a pastagem e o café (ambos com 3%).
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