Chuvaradas até 10/2 ameaçam a soja no centro-sul do País; Mercado reage bem à fala de Jair Bolsonaro
Lamento muita gente passando necessidade, mas endividamento está no limite, diz Bolsonaro sobre auxílio
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Em meio a pressões até de aliados, o presidente Jair Bolsonaro voltou nesta segunda-feira a indicar que não haverá prorrogação do auxílio emergencial após afirmar a apoiadores que lamentava haver muita gente passando necessidade, mas que o endividamento do país está no limite.
Questionado por um apoiador sobre se é a favor de um novo auxílio emergencial, Bolsonaro disse que não iria conversar sobre o assunto com ele, mas somente com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Depois, o presidente emendou:
"A palavra é emergencial. O que é emergencial? Não é duradouro, não é vitalício, não é aposentadoria. Lamento muita gente passando necessidade, mas a nossa capacidade de endividamento está no limite", disse. "Satisfeito aí?", encerrando a conversa.
Aliados de Bolsonaro no Congresso têm defendido uma discussão sobre a retomada do auxílio emergencial, que se encerrou em dezembro, mas tanto Bolsonaro quanto Guedes têm dado declarações contrárias à retomada do benefício.
Guedes fala em mais bloqueios de gastos em caso de volta de auxílio emergencial
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira deve crescer 3,5% neste ano, talvez até 5% na melhor das hipóteses, disse nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, o qual defendeu ainda que, caso o auxílio emergencial seja reeditado, haja travamento de outras despesas.
Na prática, o ministro reconheceu a possibilidade de volta do auxílio emergencial caso a economia sinta o baque de um recrudescimento da pandemia e a vacinação em massa sofra reveses.
"Caso o pior aconteça, a doença volta, como compatibilizar uma coisa com a outra? Temos o protocolo da crise, aperfeiçoado agora", disse o ministro, referindo-se à ideia de incluir na PEC do Pacto Federativo uma cláusula de calamidade pública, que seria ativada em caso "agudo" de emergência fiscal.
A ideia, segundo o ministro, é que em situação de emergência --por exemplo, em caso de desastres naturais-- haja bloqueio de gastos para liberar recursos na forma de um auxílio emergencial. Guedes afirmou ainda que quem tem que decidir sobre as especificações do protocolo da crise é o Conselho Fiscal da República, proposto na PEC do Pacto Federativo.
As declarações do ministro foram feitas na 'Latin America Investment Conference 2021: A New Decade, a New World', promovida virtualmente pelo Credit Suisse. Guedes estava ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que por sua vez tinha à sua direita o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que não fez declarações para o evento.
Um pouco antes do início da fala de Guedes, Bolsonaro havia afirmado que o governo manterá o compromisso com o teto de gastos e não irá transformar em permanentes medidas temporárias criadas para combater a pandemia de Covid-19.
"Quer criar o auxílio emergencial de novo? Tem que ter muito cuidado, pensar bastante, porque, se fizer isso, não pode ter aumento automático de verbas para educação, para segurança pública... É uma guerra. Vê se teve aumento de salário durante a guerra (na história), vê se teve dinheiro para saúde, educação... Não tem", disse.
"Aqui é a mesma coisa. Se tiver de apertar o botão aqui, vai ter que travar todo o resto ali."
Na avaliação do ministro, o governo, depois de dois anos "com muitas dificuldades", conseguiu encontrar seu eixo político e o país consegue aplicar de 200 milhões a 300 milhões de doses de vacina por ano.
"Nós estamos mostrando para todo mundo que, se a pandemia faz uma segunda onda e ficamos aí com 1.500, 1.600 mortes, 1.300 mortes (por dia), saberemos agir com o mesmo tom decisivo como agimos no ano passado. Mas temos que observar se esse é o caso ou não", disse Guedes.
"Se, ao contrário, as mortes descem, a vacinação em massa entra, economia de novo circulando... o correto é prosseguir com as reformas", completou.
IMPOSTOS E IMPEACHMENT
Guedes foi taxativo ao dizer que não haverá aumento de impostos.
"A opinião pública brasileira está saturada de impostos... Tem imposto demais, é um manicômio tributário. Temos que fazer essa reforma e ela tem que ser simplificadora. Ela não pode ser um aumento de impostos."
Ao longo de sua fala, Guedes defendeu as ações de Bolsonaro e criticou quem, diz o ministro, está tentando descredenciar e sabotar a democracia brasileira ao buscar desestabilizar o governo.
"Todo dia desde o início que nós chegamos aqui, todo dia tem conversa... Primeiro é impeachment porque derrubou o passarinho, depois é impeachment porque deu um tapa na cabeça da ema, depois é impeachment porque teve um assassinato lá no Maranhão, depois é um impeachment porque morreu um indígena. Isso é um descredenciamento da democracia brasileira", afirmou Guedes.
O presidente Bolsonaro tem recebido uma série de críticas pela condução da pandemia e se tornou alvo de mais pedidos de abertura de processos de impeachment, especialmente depois do colapso na saúde pública de Manaus (AM), onde pacientes morreram por falta de oxigênio em cilindros.
Sobre a economia, Guedes afirmou que a expectativa é que o setor privado seja mais atuante e ajude numa retomada mais vigorosa da economia em 2021.
"A esperança é que a essa recuperação cíclica, baseada em consumo, que nós experimentamos no segundo semestre de 2020, se transforme em 2021 numa retomada sustentável do crescimento econômico, impulsionada por essas ondas de investimentos privados nos setores cujos marcos regulatórios nós estamos reformando."
Segundo o ministro, a expectativa é que, assim que o Congresso retornar a suas atividades, a pauta seja desobstruída e haja progresso na proposta de independência do Banco Central e nos novos marcos legais para os setores de petróleo, gás natural, elétrico e marítimo.
"Tem muita coisa aprovada no Senado que está parada na Câmara. Muita coisa aprovada na Câmara que está parada no Senado", disse.
Ministra vê China com apetite forte e diz trabalhar para elevar produção de grãos
SÃO PAULO (Reuters) - O apetite da China pela importação de grãos do Brasil deve se manter forte em 2021, disse nesta terça-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, destacando especialmente a recomposição do rebanho de suínos do país asiático após uma epidemia de peste suína africana.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Tereza afirmou que a reconstrução do rebanho de porcos da China não era algo esperado "já para este ano", mas que os sinais dessa recomposição, que surgiram já no final de 2020, aumentam a importância do uso de produtos agrícolas pelo país.
"Eles já conseguiram superar (a peste suína), transformar essa suinocultura. Portanto, o uso de insumos agrícolas, produtos agrícolas --soja, farelo de soja, milho-- é muito importante, e esses números realmente aumentaram de maneira substancial e vão entrar este ano adentro", disse a ministra.
A peste suína africana dizimou o rebanho de suínos da China, o maior do mundo, a partir de surtos inicialmente registrados em meados de 2018. Após o abate de milhões de animais, o país iniciou medidas para recomposição das criações, tendo registrado um crescimento de 31% no rebanho ao final de 2020, a 406,5 milhões de cabeças, em comparação anual.
A China é a maior compradora de soja do Brasil --que, por sua vez, tem a oleaginosa como principal produto de exportação. Em 2020, o país asiático comprou 60,8 milhões de toneladas do complexo soja do Brasil, segundo dados do sistema Agrostat, do Ministério da Agricultura. Já o comércio de milho entre os dois países é incipiente.
Frente às expectativas de firme demanda no agronegócio, a ministra --que também destacou o aumento das compras por países como Vietnã e Indonésia-- elencou como seu principal desafio no comando da pasta o aumento da produção de grãos no país, citando produtos como soja, milho e arroz.
"O meu desafio agora... é produzir mais milho --para a próxima safra de verão, no segundo semestre, estimular o plantio de milho; estimular o plantio de soja, que já está estimulado pelos preços; o plantio de arroz também, que é muito importante para o abastecimento interno e também para as exportações, que o Brasil entrou agora nesse mercado exportador de arroz", disse a Tereza.
Atualmente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a produção de grãos do Brasil em 2020/21 em um recorde de 264,8 milhões de toneladas, alta de 3,1% em relação à temporada anterior.
CRÍTICAS À FRANÇA
Durante a entrevista, a ministra da Agricultura também criticou o presidente da França, Emmanuel Macron, por ter associado a produção de soja do Brasil ao desmatamento da floresta amazônica. Para ela, há uma "campanha contra o agro brasileiro na Europa e o Macron é quem mais reverbera isso."
Em uma publicação no Twitter no início deste ano, o presidente francês disse que "continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia", defendendo a produção da oleaginosa na Europa.
"Eu acho que o Macron, com aquela fala dele, não ajudou em nada --inclusive falou bobagem sobre sua agricultura, a agricultura francesa, que não é capaz, pela sua área, pela sua extensão, de suprir a soja que importa do Brasil", disse Tereza Cristina.
"Se ele deixar de comprar soja brasileira, o mercado vai se acomodar. Ele vai comprar mais dos Estados Unidos e nós vamos vender mais para outros países", acrescentou.
Em 2020, a França adquiriu 83.458 toneladas em soja do Brasil, de acordo com o Agrostat.
(Por Gabriel Araujo)
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