Referência mundial, pesquisador quer transferir conhecimento do cerrado brasileiro para a África
Pedro Sanchez, professor PhD da Universidade da Flórida, conversou com o Notícias Agrícolas durante o Congresso Mundial de Ciência do Solo a respeito de seu trabalho com a agricultura na África e também sua visão sobre a agricultura no Brasil, em especial, no cerrado brasileiro.
Sanchez supervisionou programas de pesquisa em mais de 25 países da América Latina, Sudeste Asiático e Àfrica. Ele é o laureado do Prêmio Mundial de Alimentação de 2002, membro do MacArthur 2004, e foi eleito para a Academia Nacional de Ciências dos EUA em 2012 por sua "liderança em pesquisa para a gestão do solo para a melhoria da produção de alimentos no mundo tropical".
Na visão do professor, a África, em conjunto com a América do Sul, sobretudo Brasil e Argentina, tem potencial para, futuramente, alimentar o mundo. Ele é reconhecido pelo seu trabalho realizado nos solos ácidos do continente africano, transformando estes ambientes em áreas mais produtivas.
Ele é amigo pessoal do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, com o qual participou de trabalhos para desbravar o cerrado brasileiro. Agora, há um plano de transferir grande parte da tecnologia do cerrado para as savanas da África. Nesta transferência estão envolvidos os conhecimentos técnicos e a vinda de jovens cientistas africanos ao Brasil para aprender essa agricultura de forma prática.
Conhecedor da agricultura brasileira há 40 anos, ele diz achar a situação "formidável" nos termos atuais. O cerrado, segundo ele, é o sistema mais sustentável por abrigar a integração lavoura-pecuária-floresta. Contudo, ele alerta que nada é sustentável a longo prazo.
Neste momento, ele aconselha os produtores a manter a reserva biológica que existe no cerrado e procurar expandir a produção por meio da produtividade - e não das terras.
Sanchez também diz que "não há nenhum defeito para apontar" na agricultura brasileira. Entretanto, ele defende a prevenção e a diversificação da floresta de eucaliptos no cerrado.
Pedro A. Sanchez é professor de pesquisa de solos tropicais no Departamento de Ciências do Solo e da Água da Universidade da Flórida e do corpo docente do Instituto de Sistemas Alimentares Sustentáveis. Anteriormente, foi Diretor do Centro de Agricultura e Segurança Alimentar do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, Diretor do World Agroforestry Center, co-presidente da Força-Tarefa da Fome do Projeto do Milênio das Nações Unidas e diretor do Projeto Millennium Villages. Ele viveu em Cuba, Filipinas, Peru, Colômbia e Quênia e supervisionou programas de pesquisa em mais de 25 países da América Latina, Sudeste Asiático e África. Ele é o laureado do Prêmio Mundial de Alimentação de 2002, membro do MacArthur 2004, e foi eleito para a Academia Nacional de Ciências dos EUA em 2012 por sua "liderança em pesquisa para a gestão do solo para a melhoria da produção de alimentos no mundo tropical". |
5 comentários
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Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR
Quero só fazer uma observação, quanto ao citado eucalipto.
Somos de um continente, onde as culturas e florestas cultivadas são espécies trazidas de outros continentes. Isso porque os hábitos alimentares dos povos estão sendo "condicionados" aos alimentos ofertados, chamados de commodities. Faço um desafio aos sabidos. Vá em qualquer restaurante de Miami e peça um prato de arroz com feijão. Duvido que será atendido. Ou seja, o hábito alimentar dos brasileiros está restrito ao território brasileiro. Assim como de muitos povos ao redor do mundo. Quanto as commodities fornecedoras de amido temos o milho e o trigo. A que contem óleo e proteína, temos o soja. Embora o óleo de palma seja um dos mais comercializados mundo afora, não o vemos nas manchetes do agronegócio. O eucalipto é uma árvore que produz a fibra que o mercado quer (fibra longa) em curto espaço de tempo e, como nosso horizonte sempre está próximo, optamos por essa espécie vegetal. Agora, para aqueles que veem as florestas de eucaliptos à beira das estradas, pelas janelas dos carros. Parem, desçam e vão caminhar embaixo dessas árvores e, tentem "enxergar" o que veem. Nessas florestas de eucaliptos, muitas espécies de pássaros nem sentam nos seus galhos. Imagine se constroem ninhos. Imagine nessas áreas onde o reflorestamento com eucaliptos, são cultivados para fornecimento as grandes fábricas de celulose. Os ninhos desses pássaros serão "financiados" pelo minha casa minha vida.Reforçando a argumentação... De acordo com cientistas a maior causa de perda de biodiversidade no mundo é o desaparecimento de habitats. A segunda, a introdução de espécies exóticas.
Lindalvo José Teixeira Marialva - PR
Muito boa a matéria com o dr. Pedro Sanchez. O solo deve ser melhor tratado, mas temos de explorar o potencial produtivo do solo com o uso adequado da agua, pois sem água nada vai prosperar... , estamos assistindo à ocorrência de chuvas e enxurradas levando nosso solo embora.. e o pior que a água vai também..., temos que segurar a agua e o solo com bom sistema de manejo, terraceamento adequado e boas praticas agrícolas, fazer a agua infiltrar no solo e nãoes correr com as enxurradas..., desta forma poderemos enfrentar os longos períodos de estiagem.
Carlos Augusto Brasília - DF
Por um lado é bom, mas por outro, poderá criar um novo concorrente nos próximos anos.
Edmeu Levorato Uberaba - MG
Esse João Batista é um grande jornalista e um patriota exemplar. Faz a entrevista com leveza e está sempre enaltecendo o Brasil e a nossa agricultura. Parabéns João Batista. Você merece todos os prêmios do jornalismo.
E quando coloca menos SENSACIONALISMO... fica mais "pés no chão" suas matérias e reportagens. E... o público da "roça" agradece!!
Com muito respeito,
Mas este professor tem um viés ambientalista! Talvez ele não foi informado que temos apenas 8% da área do país utilizada pela agricultura e que temos 60% cobertos por florestas e cerrados! Podemos e devemos aumentar a área agricultável, sempre acompanhada de alta produtividade, e nos tornarmos o maior produtor do planeta! Não somos obrigados a deixar 20% (reserva legal) das nossas propriedades sem utilizar? Nesta lógica, o país tendo 20%(160.000.000 ha) de reserva legal não estaria "legal"?