Orgulho nacional em SP: IAC faz 130 anos com pesquisadores que se dedicam para manter viva parte da história agronômica do país

Publicado em 14/07/2017 15:32
Instituto foi fundado em 1887 para iniciar pesquisas com café no Brasil. Mais de um século depois, o trabalho do IAC foi ampliado. São mais de 250 projetos de pesquisa em andamento de diversas culturas e temas relativos ao agronegócio

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A história do Instituto Agronômico de Campinas, órgão de pesquisa do estado de São Paulo, que acaba de completar 130 anos, se confunde com a da cafeicultura nacional. Afinal, o IAC foi criado pelo Imperador D. Pedro II para as pesquisas com o grão. O Centro de Café do instituto tem o maior banco de germoplasma do Brasil e um dos maiores do mundo. Depois de quase 100 anos do início dos estudos de melhoramento genético, essas plantas agora têm sido estudadas pelo Programa de Cafés Especiais.

— O banco germoplasma do IAC é bastante completo, em termos de espécies e variedades de café, e a gente tem utilizado várias espécies e algumas variedades, principalmente variedades de Coffea arabica, por ser a que tem melhor qualidade de bebida. E dentro dessa espécie do arábica, a gente tem uma diversidade muito grande de materiais introduzidos de outros países e esses têm contribuído para as nossas avaliações sensoriais. Tanto essas variedades importadas e as outras de no nosso banco de germoplasma possuem uma qualidade sensorial bem diferenciada dessa qualidade que as variedades comerciais apresentam — explica o pesquisador do IAC e diretor do Centro de Café, Gerson Silva Giomo.

Com o cruzamento de cultivares já estabelecidas, uma vez que cerca de 90% das variedades do parque cafeeiro do Brasil são do IAC, com outras menos populares e algumas delas até estrangeiras, mas como elevada qualidade sensorial, o IAC busca desenvolver a partir de agora uma cultivar comercial que seja produtiva e que tenha excelente qualidade de bebida. O trabalho para buscar essa nova planta é árduo.

— O desenvolvimento de uma variedade de café é um processo bastante demorado, são vários anos de seleção e de trabalho em cima disso. Então, o que a gente tem feito é uma prospecção nesse banco de germoplasma, onde nós estamos encontrando essas diferenças sensoriais, e a ideia é que essas diferenças sejam incorporadas em outras variedades durante um período de melhoramento. A gente tem percebido que mesmo aqui em Campinas (SP), que é um ambiente não muito favorável para a qualidade, temos obtido qualidades excepcionais com novos varietais ou com essas variedades do germoplasma. Isso mostra pra gente que existe realmente um potencial elevado de aproveitamento dessas características para o programa de melhoramento genético — diz Giomo.

O Programa IAC de Cafés Especiais usa métodos recomendados pela Associação Americana de Cafés Especiais, em inglês Specialty Coffee Association of America (SCAA), e pelo Instituto de Qualidade do Café dos Estados Unidos. Essa é a mesma forma que os cafés dos principais países consumidores são avaliados no mundo. Segundo Gerson Silva Giomo, apesar de o Brasil ser o maior produtor e exportador de café do mundo, ainda está dando os primeiros passos com os cafés especiais.

— Eu diria que os cafés especiais hoje não são uma questão só de momento, isso aí veio para ficar. O Brasil está acordando para isso, tem muita gente trabalhando nesse aspecto, mas o país ainda não é um grande produtor de café especial, a gente está descobrindo isso agora, acho que é coisa recente de 10 a 20 anos apenas. Temos tem um enorme potencial para fazer a produção de cafés especiais porque o Brasil é o maior produtor de café do mundo, tem uma grande variação entre as regiões de produção. Então, se a gente conseguir colocar as variedades adequadas em cada ambiente, junto com processamento apropriado, tem condições sim de o país ser o maior produtor de café especiais do mundo em um curto e médio prazo — estima o pesquisador de café instituto agronômico paulista.

Segundo a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), o Brasil produziu em 2016 cerca de 8 milhões de sacas de 60 kg  de cafés especiais ou 16% do volume total colhido no período pelo país (51,37 milhões de sacas). A Colômbia detém o título de maior país produtor desse tipo de grão, com cerca de 14 milhões de sacas.

Veja fotos históricas do Instituto Agronômico de Campinas:

Vista aérea de cafezal na Fazenda Santa Elisa do IAC, em Campinas (SP) (Foto: Divulgação/Arquivo IAC) Visita da Rainha Elisabeth II ao IAC em 1968 (Foto: Divulgação/Arquivo IAC) Prédio D. Pedro II do IAC na Avenida Barão de Itapura, em Campinas (SP) (Foto: Divulgação/Arquivo IAC)Maquinário Agrícola na Fazenda Santa Elisa do IAC, em Campinas (SP) (Foto: Divulgação/Arquivo IAC) Maquinário Agrícola na Fazenda Santa Elisa do IAC, em Campinas (SP) (Foto: Divulgação/Arquivo IAC) Maquinário Agrícola na Fazenda Santa Elisa do IAC, em Campinas (SP) (Foto: Divulgação/Arquivo IAC)Colheita mecanizada da cultura de trigo na Fazenda Santa Elisa do IAC, em Campinas (SP) (Foto: Divulgação/Arquivo IAC) Colheita de café na Fazenda Santa Elisa do IAC, em Campinas (SP) (Foto: Divulgação/Arquivo IAC) Algodoeiro do IAC na Fazenda Santa Elisa, em Campinas (SP) (Foto: Divulgação/Arquivo IAC)

O IAC tem pesquisas em diversas culturas e técnicas relativas ao agronegócio. São mais de 250 projetos de pesquisa desenvolvidos. De cana-de-açúcar a mandioca, de EPIs (Equipamento de Proteção Individual) para o campo até mesmo o clima. Sim, o clima, fator que tem impactado cada vez mais os produtores na tomada de decisão dentro e fora da porteira.

O pesquisador Mário José Pedro Júnior é um dos membros do Centro de Climatologia do IAC. Ele está no instituto há mais de 45 anos e se dedica atualmente ao estudo agrometeorológico focado nas videiras e foi um dos agraciados com o Prêmio IAC deste ano, uma das maiores honrarias entregues aos profissionais pela contribuição à pesquisa desenvolvida.

— Eu tenho 45 anos de carreira, achei que já tivesse bastante experimentado, nunca pensei que eu pudesse ficar tão emocionado ao receber esse prêmio. Foi uma emoção muito grande, uma surpresa muito grande, que eu não esperava, e eu fiquei extremamente feliz em recebê-lo — comemora Pedro Júnior.

Durante todos esses anos, sempre na área agrometeorológica, o pesquisador foi responsável por diversos estudos. O mais recente deles é para definição da melhor época do ano, de acordo com o clima, para a produção de vinhos de qualidade no circuito das frutas, na região de Campinas (SP). Mário conta que nunca pensou em abandonar seus projetos no IAC, nem mesmo quando teve a oportunidade de fazer doutorado no Canadá.

— O treinamento que eu pude obter em equipamento, a experiência com doenças, principalmente de soja, milho e maçã, permitiu que na volta para o agronômico eu pudesse aplicar esses conhecimentos para por produtor rural no nosso país. Quanto a minha estadia no Canadá, eu nasci no Brasil, sou brasileiro, vou morrer brasileiro. Eu nunca tive a intenção de ficar em outro país. Minha intenção é viver aqui, continuar trabalhando pelo produtor rural — afirma Pedro Júnior. Quando perguntado se esse trabalho seria no Instituto Agronômico, a resposta foi rápida.  — Sem dúvida nenhuma — ressalta.

É nas mãos de poucos, mas dedicados, e que amam a pesquisa, que o IAC segue seu trajeto como instituição pioneira e mais antiga em atividade com pesquisa agronômica no Brasil. — Esse prêmio aqui, ele só veio fazer com que eu trabalhe um pouco mais. Já que confiaram em mim, eu tenho que demonstrar que essa confiança valeu alguma coisa. Eu vou continuar trabalhando — finaliza o pesquisador da área agrometeorológica do IAC.

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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