USDA: Expectativas indicam severa redução nos estoques finais de milho dos EUA nesta 3ª
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu novo boletim mensal de oferta e demanda nesta terça-feira, 11 de junho, e o mercado está muito atento às informações atualizadas que chegam, principalmente, da nova safra norte-americano. Devido a todos os problemas causados pela adversidades climáticas, as projeções indicam uma redução na safra 2019/20 tanto de milho, quanto de soja e, consequentemente, também dos estoques finais do país dessa nova temporada.
O momento é de bastante delicadeza para os preços e qualquer nova informação é analisada com bastante cautela e atenção pelos participantes do mercado, como explica o analista líder do portal DTN The Progressive Farmer, Todd Hultman.
"O relatório de hoje pega o mercado em um momento de muita vulnerabilidade, quando uma série de questões sobre o plantio estão circulando e podem provocar uma reviravolta nos preços na medida em que forem sendo respondidas. No entanto, esse reporte não tem, infelizmente, resposta para todas estas grandes perguntas, principalmente sobre quantos acres serão realmente plantados na safra 2019 ou quais serão os índices de produtividade este ano", diz.
O que o mercado está ansioso para conhecer é quanto de área será plantada e com sucesso este ano, com o ritmo mais lento para a semeadura de que se tem história nos EUA. Mais do que isso, quer saber ainda quanto disso irá impactar, real e efetivamente sobre a formação do rendimento das lavouras norte-americanas em função do atraso.
Enquanto essas perguntas não são respondidas, o mercado ainda especula sobre os estoques norte-americanos tanto da safra velha, quanto da nova.
MILHO
Os estoques finais de milho da safra 2018/19 poderiam ser revisados para cima e subira para 54,99 milhões de toneladas, que é a média das expectativas do mercado - de 51,69 a 63,12 milhões. Em maio, o número foi de 53,22 milhões.
Já os da safra nova poderiam passar de 63,12 milhões de toneladas estimadas no reporte anterior, para 43,97 milhões de toneladas. O mercado acredita em um intervalo de 28,78 a 61,06 milhões de toneladas. A faixa das projeções é grande tamanha incerteza que ainda circula a nova temporada norte-americana.
Algumas consultorias já estimam perdas na safra de milho dos EUA de 40 a 50 milhões de toneladas, além de uma área recorde que não deverá ser plantada com o cereal por conta do cenário de clima extremamente desfavorável.
O analista da DTN explica ainda que todas estas informações precisam ser cruzadas e analisadas de forma diferente este ano diante de uma safra bastante atípica.
"Tradicionalmente, o USDA não muda suas estimativas de área ou produtividade em seu boletim de junho. Mas será interessante observar e entender como eles reagirão a essas condições atípicas para formar seus números, possivelmente fazendo, ao menos, pequenas correções para baixo", diz Hultman.
Com as perdas consideráveis dos estoques americanos estimadas, se espera ainda uma redução também nos números globais de 314,7 milhões para 301,6 milhões de toneladas. "Caso esses números se confirmem, poderemos ter estoques finais mundiais 7% menores do que os da safra 2018/19, o que poderia configurar a terceira baixa consecutiva", completa o especialista.
SOJA
Para a safra velha, o mercado espera uma alta nos estoques norte-americanos de 27,08 para 27,49 milhões de toneladas. A faixa de expectativas do mercado é de 25,04 a 29,37 milhões de toneladas.
Todavia, o esperado para a safra nova surpreende, uma vez que indica um aumento dos estoques finais de soja de 26,4 milhões de toneladas estimadas em maio para 26,86 milhões de toneladas. "Essa é uma projeção bem otimista dados todos os problemas que vêm sendo enfrentados pela soja nos EUA", acredita Todd Hultman.
O analista internacional chama a atenção para a necessidade de se contabilizar de forma mais real a falta da demanda da China no mercado norte-americano. Com três meses para terminar o ano comercial nos EUA, já se observa uma baixa de 25% nas exportações de soja em relação ao ano anterior.
"Além disso, os chineses ainda têm cerca de 6,67 milhões de toneladas de soja compradas e não embarcadas nos EUa, o que permite a possibilidade ainda de cancelamentos a frente. Afinal, as negociações entre China e EUA estão paralisadas neste momento e não vão bem", diz. "A soja americana é tida pela China como sua última alternativa, portanto", completa.
Ainda assim, o mercado acredita em uma manutenção dos estoques finais de soja mundiais em 113,1 milhões de toneladas, contra 113,2 milhões de maio. Porém, espera um aumento nos números da safra de 113,09 para 114,7 milhões de toneladas.
PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE
Os números das expectativas acima partem da agência internacional DowJones. Há outras consultorias, porém, que acreditam que a produção e a produtividade de soja poderão ser revisadas já nesta terça-feira.
A produção norte-americana de milho poderia ser revista para 362 milhões de toneladas, contra 381,78 milhões de toneladas estimadas em maio. A produtividade tem expectativa de 180,34 sacas por hectare, contra 184,11 sacas estimadas em maio.
Para a soja, se espera uma baixa de 112,94 para 112,21 milhões de toneladas, com uma produtividade que poderia cair de 55,48 para 54,91 sacas por hectare.
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