Preços do trigo da UE caem por concorrência do Mar Negro

LONDRES (Reuters) - Os preços do trigo na Europa caíram nesta quarta-feira, com a contínua concorrência acirrada da Rússia e da Ucrânia diminuindo as perspectivas de vendas de exportação da União Europeia.

O trigo para moagem na Euronext, sediada em Paris, caiu 1,5% mais cedo, para 211,00 euros, também arrastado por uma queda nos futuros do trigo em Chicago.

"Os preços da proteína russa de 12,5% estão cada vez mais sendo cotados abaixo de 230 dólares por tonelada FOB, e 11,5% abaixo de 220 dólares, um nível com o qual a UE ocidental não pode competir de forma realista entre os principais importadores árabes e africanos", disse um trader alemão.

Os traders também disseram que a nova safra barata de trigo argentino estava sendo oferecida aos compradores asiáticos e africanos, enquanto as tensões diplomáticas entre Argel e Paris levaram à exclusão da França de uma licitação de importação de trigo argelino.

O escritório agrícola FranceAgriMer cortou na quarta-feira sua previsão para as exportações francesas de trigo em 2024/25, com a expectativa de que os embarques totais caiam 40% nesta temporada, após uma das piores safras do país em 40 anos.

"As relações diplomáticas com a Argélia são complicadas, isso é um fato. Isso ocorre porque temos uma safra pequena, mas temos absolutamente que garantir nossos mercados existentes e encontrar novos mercados", disse Benoit Pietrement, chefe do comitê de grãos da FranceAgriMer.

O trigo russo com 12,5% de proteína, embarcado em dezembro, estava na quarta-feira entre 226 e 230 dólares a tonelada FOB, com conversas no mercado sobre cotações tão baixas quanto 224 a tonelada, disseram os traders.

No final da semana passada, os preços eram de 228 a 234 dólares a tonelada FOB.

Tanto o trigo russo quanto o ucraniano com 11,5% de proteína estavam em torno de 219 a 226 dólares a tonelada FOB para dezembro.

Os agricultores europeus iniciaram protestos contra o acordo de livre comércio UE-Mercosul na quarta-feira, afirmando que o aumento das importações sul-americanas prejudicará a agricultura da União Europeia, e o maior sindicato agrícola francês convocou ações em todo o país a partir de segunda-feira.

(Reportagem de Nigel Hunt em Londres, Sybille de La Hamaide em Paris e Michael Hogan em Hamburgo)