Compradores seguem cautelosos no Brasil e negócios com trigo são pontuais
O mercado brasileiro de trigo teve mais uma semana de lentidão. Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, na quinta-feira, no Rio Grande do Sul, houve reportes pontuais de negócios de grãos da safra velha a R$ 1.250/tonelada na região das Missões. Para a safra nova, moinhos paranaenses estão pagando R$ 1.100/tonelada no FOB gaúcho. No Paraná, a safra nova está sendo indicada a R$ 1.350/tonelada no CIF para moinhos com embarques em outubro e a R$ 1.300 para novembro.
“Com o avanço da colheita nacional, os compradores continuam cautelosos. Apesar da acentuada quebra na safra paranaense, o estado terá uma oferta maior que a demanda nos próximos meses. Com a colheita do trigo no Rio Grande do Sul e na Argentina, cujas safras mantêm seu potencial produtivo, a sobreoferta deve persistir até o final de 2024”, contextualizou.
No entanto, Bento observa que durante a entressafra existe a possibilidade de uma recuperação das cotações devido à escassez de oferta. “Para essa recuperação, além do abastecimento interno, é necessário monitorar o câmbio e os preços internacionais, que também influenciam a formação de preços”, alertou.
Conab
A colheita das lavouras da safra 2024 atingiu 17,8% da área estimada nos oito principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul que representam 99,9% do total), conforme levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados recolhidos até 15 de setembro. Na semana anterior, a ceifa estava em 14,6%. Em igual período do ano passado, o número era de 22,8%.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita da safra 2023/24 de trigo do estado atingiu 34% da área estimada de 1,155 milhão de hectares. Ela deve ficar 18% abaixo dos 1,415 milhão de hectares cultivados em 2023. Segundo o Deral, 32% das lavouras apresentam boas condições, 38% situação média e 30% ruins, entre as fases de crescimento vegetativo (3%), floração (10%), frutificação (34%) e maturação (53%).
Rio Grande do Sul
As chuvas durante a última semana abrangeram todas as lavouras de trigo do Rio Grande do Sul. Segundo a Emater/RS, isso foi fundamental para manter níveis adequados de umidade no solo, pois a maior parte das plantas encontram-se em estágios reprodutivos (40% em floração e 28% em enchimento de grãos), cuja demanda hídrica é maior. As lavouras semeadas mais precocemente (1%) iniciaram o processo de maturação.
Os manejos estão em andamento, concentrados na prevenção de doenças. Nas lavouras em estágio vegetativo, é realizado controle de manchas e oídio. Nas áreas em fase reprodutiva, as principais doenças são ferrugem e giberela.
A área cultivada, conforme dados da Emater/RS-Ascar, é de 1.312.488 hectares, e a produtividade prevista está em 3.100 kg/ha.
Argentina
Após uma semana sem chuvas, o percentual de lavouras em déficit hídrico cresceu na Argentina. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o aumento das temperaturas também contribui com o quadro, acelerando o crescimento e o desenvolvimento do cereal, aumentando a demanda por umidade do ar. Nas regiões norte e oeste da área agrícola, onde estão as lavouras mais afetadas pela falta de água, já se registram as primeiras perdas de superfície, além de focos de pragas.
As condições de cultivo se dividem entre boas (35%), médias (36%) e ruins (29%). Na semana passada, eram 47%, 33% e 20%, respectivamente. Em igual momento do ano passado, eram 24%, 54% e 22%. Atualmente, 51% das lavouras estão em déficit hídrico, contra 45% na semana passada. No mesmo momento do ano passado, eram 34%.
A área é estimada em 6,3 milhões de hectares. No ano passado, foram plantados 5,9 milhões de hectares.
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