Escalada da guerra e infraestrutura ucraniana danificada por ataques russos dão mais de 7% de alta ao trigo
A quarta-feira (19) se encerra com altas de mais de 7% para os futuros do trigo negociados na Bolsa de Chicago, depois dos preços terem testado ganhos de até expressivos 9%, registrando seu maior salto desde 2012, de acordo com a agência internacional de notícias Bloomberg. Assim, o contrato setembro encerrou os negócios sendo cotado a US$ 7,27 e o março/24 com US$ 7,59 por bushel. Nas máximas do pregão foram alcançados, respectivamente, US$ 7,30 e US$ 7,66 por bushel.
O mercado respondeu às últimas notícias e aos últimos acontecimentos na região do Mar Negro e à escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia, comprometendo severamente a oferta de produtos agrícolas da região. No início da tarde, os preços do cereal bateram no limite de alta na CBOT.

Gráfico: CME Group + Bloomberg
Os recentes ataques russos aos portos ucranianos logo na sequência da Rússia ter saído do acordo agravaram a cena do mercado. "Isso já muda o patamar, porque mesmo que abra o corredor novamente não teria a inflaestrutura", explica o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento.

Foto: Ministério da Agricultura da Ucrânia
Ainda de acordo com a consultoria, "do lado da Ucrânia, estão em jogo dois milhões de toneladas de milho por mês, um milhão de trigo, 120 mil de cevada e 120 mil de óleo de girassol".
Ao mesmo tempo, o analista da Safras pondera ainda que, no curto prazo, segue a percepção do mercado de que se trata de muita especulação diante de todo o trigo que está sendo colhido neste momento em outras origens produtoras importantes, como Canadá e países da Europa. Assim, apesar de uma demanda global maior pelo cereal, a oferta também é mais robusta do que a da temporada anterior, o que ajuda a equilibrar o mercado.
"Por falta de trigo não será que os preços vão subir nos próximos meses", complementa Bento.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse mais cedo que seu governo estava buscando alternativas para recompor o corredor humanitário após a saída da Rússia do acordo mediado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pela Turquia. Mais detalhes, no entanto, ainda não foram divulgados.
Os recentes ataques aos portos ucranianos causarm graves danos a silos e infraestruturas de exportações, além de terem destruído ainda 60 mil toneladas de grãos armazenados entre os terminais de Odesa e Chornomorsk, duas de três estruturas que estavam funcionando sob as normas do acordo, segundo informações do Ministério da Agricultura da Ucrânia. A pasta faz alertas também sobre a saúde financeira e a permanência na atividade entre os produtores rurais locais que têm sentido os duros efeitos da guerra que já dura mais de um ano.
As colheitas ucranianas estão começando e a oferta nova que vai chegando ao mercado tende agora a ficar represada no país, enquanto os preços disparam e criam um cenário distorcido no mercado, nem que seja pontualmente, segundo explicam analistas e consultores de mercado. Afinal, a relevância da Ucrânia quando o assunto é agricultura não se limita apenas ao trigo.
Atualmente, a Ucrânia figura como o terceiro maior exportador global de milho, o que justifica parte das altas fortes que os futuros do cereal também têm registrado nos últimos dias. Somente nesta quarta-feira, os preços encerraram a sessão subindo mais de 3%. Na safra 2022/23, o milho ucraniano respondeu por 6% de todo o comércio global do grão.

Gráfico: USDA + Bloomberg
No último ano, durante a vigência do acordo para o corredor, os principais compradores dos produtos ucranianos foram China, Espanha e Turquia. Ao mesmo tempo, porém, países mais pobre como o Egito e Bangladesh também dependiam dos itens e podem ter de pagar mais caro após o fim do acordo. Logo que a iniciativa foi confirmada e efetiva pressionou o mercado de grãos de uma forma geral, em especial milho e trigo.
Com informações adicionais da Bloomberg
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