Trigo tem nova dia de altas fortes em Chicago e registra máximas em 9 anos nesta 4ª feira

Publicado em 23/02/2022 17:36

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O mercado do trigo na Bolsa de Chicago registrou mais um dia de altas fortes nesta quarta-feira (23) e registrou suas máximas em nove anos. As preocupações com a oferta e com a interrupção de fornecimento pelas regiões do Mar Negro continuam sendo combustível par ao movimento de escalada das cotações na CBOT. Os futuros do cereal subiram de 27,75 a 32,25 pontos nos principais contratos, com o maio fechando em US$ 8,84 e o julho com US$ 8,78 por bushel. 

O gráfico abaixo mostra o comportamento do contrato mais ativo do trigo na Bolsa de Chicago de 2012 a 2022 mostrando as máximas em nove anos:

Trigo Bloomberg
Gráfico: CBOT + Bloomberg

Na Bolsa de Kansas, os preços do trigo passaram dos US$ 9,00 por bushel nesta quarta-feira, segundo informa o portal norte-americano The Farm Futures. Além das questões geopolíticas, o mercado ainda refletiu o último reporte do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que apontou que apenas 26% da produção de trigo de inverno da safra norte-americana 2021/22 do Kansas está em boas ou excelentes condições, contra 30% da estimativa do mês passado. 

O estado é o maior produtor de trigo de inverno dos Estados Unidos, seguido por Oklahoma, onde somente 9% das lavouras do cereal estão em bom ou excelente estado, contra 16% do número de janeiro. 

Como o Notícias Agrícolas havia antecipado nesta terça (22), a escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia já geram temores entre as empresas logísticas de enviarem navios à regiões próximas do possível conflito e acabam agravando ainda mais a preocupação sobre o comércio global de grãos - principalmente do trigo - caso as cenas se agravem ainda mais. 

A consultoria UkrAgroConsult, com sede em Kiev, afirmou à Bloomberg que o tráfego de navios nos mares Negro e Azov - que são os principais para as exportações de ambas as nações - ainda continua acontecendo normalmente. 

"Quaisquer restrições podem ameaçar uma fonte vital de suprimento em um momento em que o clima desfavorável e a demanda robusta já reduziram os estoques", traz uma nota da agência internacional Bloomberg. E para o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach AgMarketing, os preços do trigo estão em um ambiente de mercado bastante forte e com fôlego para testarem níveis ainda mais altos. 

A semana começou, para o mercado nos EUA, nesta terça-feira e retomou seus negócios diante das notícias de que o presidente russo Vladimir Putin havia ordenado que tropas se deslocassem a áreas a leste da Ucrânia identificadas como separatistas e inflamaram as preocupações em torno do conflito. 

Na sequência, as declarações de chefes de estado, principalmente do ocidente e de países membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), se endureceram, inclusive com Joe Biden trazendo um primeiro pacote de sanções que será impostou à Rússia. Nesta quarta, Biden ampliou as sanções contra o país focando na construção do gasoduto Nord Stream 2, ainda de acordo com a Bloomberg.

“Essas medidas são outra parte de nossa parcela inicial de sanções em resposta às ações da Rússia na Ucrânia”, disse Biden em comunicado neste dia 23 de fevereiro. “Como deixei claro, não hesitaremos em tomar mais medidas se a Rússia continuar a escalar", completou. 

As áreas em que Putin identificou como separatistas são responsáveis por cerca de 8% da produção de trigo da Ucrânia, que é a quarta maior exportadora mundial do cereal. Já na Rússia, a região mais a oeste do país, que faz fronteira com o território ucraniano, responde por, aproximadamente, 30% da produção russa, como explica o consultor em gerenciamento de riscos da StoneX, Jonathan Pinheiro, em entrevista ao Notícias Agrícolas.

"Temos dois grandes produtores de trigo, responsáveis por cerca de 15% da produção mundial, mas importantes fornecedores de trigo ao mundo, estamos falando de quase 60 milhões de toneladas de exportação, cerca de 30% das exportações mundiais, relativamente, em xeque. Temos muitas incertezas em relações aos próximos capítulos dessa história", afirma. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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