CNA debate alternativas para aumentar produção de trigo no Cerrado
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, na quarta (30), a live “Quais os caminhos para a produção de trigo no Cerrado?”. O encontro foi moderado pelo presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli.
Participaram o analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Osvaldo Vieira, o produtor rural e presidente da Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (Atriemg), Eduardo Abrahim, e o sócio-diretor da Mattana Consultoria Agronômica, Pedro Mattana Jr.
Os debatedores analisaram a situação do cultivo de trigo na região, os desafios para o crescimento e iniciativas para a promoção do cereal no Cerrado.
Segundo Arioli, a produção de trigo ainda é concentrada na região Sul e, atualmente, apenas 10% da área plantada com a cultura está no Cerrado. Em 2020, a oferta brasileira foi de 6,2 milhões de toneladas, enquanto o consumo totalizou 12,1 milhões de toneladas (Conab), gerando uma balança comercial deficitária de US$ 1,4 bilhão.
“O Brasil tem muito a ganhar com o crescimento do trigo e a redução da dependência internacional. Há um grande espaço para a expansão da produção nacional, gerando emprego e renda aqui”, afirmou.
Apesar de ainda ser pequena, a produção do cereal teve um aumento de 150% nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e no oeste da Bahia nos últimos 10 anos, passando de 100 mil para 250 mil hectares. Outro destaque é a qualidade e a produtividade obtidas no Cerrado.
“A pesquisa avançou muito nos últimos anos e o trigo começou a crescer na região. Hoje, temos uma plataforma completa de genética e manejo alinhada com a indústria moageira, que está animada com essa perspectiva”, disse Osvaldo Vieira.
Para o presidente da Atriemg, o futuro da atividade e da autossuficiência em relação ao cereal passa pelo Brasil central. Conforme Eduardo Abrahim, testes com as novas variedades desenvolvidas pela Embrapa para o clima da região vêm apresentando índices elevados de produtividade em ciclos curtos.
Na opinião de Pedro Mattana Jr., entre os desafios para aumentar a área ainda estão a competição com o milho – que tem apresentado melhor rentabilidade nos últimos anos –, uma maior presença de moinhos operando na região e a disponibilidade de cultivares que tenham resistência à Brusone, uma doença que provoca grandes perdas na cultura.
Outra alternativa discutida pelos participantes foi o projeto de expansão do trigo no Cerrado da Embrapa. De acordo com Osvaldo Vieira, o objetivo é alcançar a marca de 323 mil hectares cultivados até 2023, o que diminuiria em R$ 450 milhões o déficit da balança comercial.
A iniciativa está focada em sete atividades - organizar a produção de sementes, transferir tecnologia para os sistemas de sequeiro e irrigado, apoiar a governança na cadeia produtiva, comunicação e divulgação do trigo tropical, aperfeiçoar o zoneamento climático, fortalecer núcleos de pesquisa e desenvolver materiais com tolerância à Brusone. A expectativa é que o projeto seja aprovado ainda este ano.
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