Baixa produção inviabiliza estoque regulador de etanol, apontam analistas
Com a queda da projeção de moagem de cana de 568,50 milhões de toneladas para 533,50 milhões e, consequentemente, a redução na produção de etanol de 11,61% em relação à estimativa anterior (11,19% menos que a produção da safra passada), ao invés de assegurar a falta de abastecimento em março, a expectativa é de que haja, inclusive, um desabastecimento precoce do etanol hidratado no mercado interno.
– O governo terá que pensar numa outra solução, talvez importação, como alternativa para suprir a demanda do mercado. Não dá para penalizar as empresas, porque o problema crucial ainda é a falta de investimentos no passado. A demanda cresce mais de 8% ao ano e a produção de cana cresceu apenas 3% nos últimos três anos. A conta não fecha – constata o diretor da Archer Consulting, Arnaldo Corrêa.
Calcula-se que se produzirão cerca de 3 bilhões de litros de etanol a menos que na safra anterior.
– Não vamos ter estoque regulador na entressafra, até porque teremos muito pouco etanol nessa safra. Estamos prevendo preços de 10% a 15% maiores que do ano passado, já antevendo esse déficit de produção – comenta o presidente da G7 Consultoria em Agronegócio, João Baggio.
Os preços não param de subir e a queda já é percebida no acumulado do ano. Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), até o final de junho, a produção de etanol somava 7,055 bilhões de litros, recuo de 21,77% em relação a igual período da safra passada.
A expectativa de oferta escassa e preços em alta também foi apontada pela Fator Corretora, que espera que a competitividade do etanol hidratado nas bombas em relação à gasolina caia, aumentando, assim, a demanda por gasolina e a priorização das usinas pela produção de anidro, usado na mistura do combustível fóssil. Segundo dados da Unica, apesar da queda de produção total de etanol, a do anidro subiu 11,67% até final de junho, comparado ao mesmo período de 2010.
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