Biocombustíveis preparam estreia na bolsa de futuros

Publicado em 16/04/2010 15:18
Todos os derivados de biocombustíveis, entre eles o biodiesel, devem entrar em operação no mercado futuro no curto prazo. O etanol será o primeiro a inaugurar, com estreia prevista para o próximo mês na Bolsa de Mercadorias & Futuros BM&F Bovespa.

Para Carlos Macchi, diretor de operações da Safras & Mercado, o setor agropecuário brasileiro ainda engatinha nas bolsas de futuro, mas a inserção de novos produtos e a adesão de investidores e produtores no sistema é tendência. "Todos os 'bio' de maneira geral devem se centralizar em contratos futuros. O açúcar será puxado pelo etanol", diz.

Segundo Tito Gusmão, gerente de Commodities da XP Investimentos, que aposta na nova geração de produtores agrícolas para o avanço dos negócios futuros, a comercialização do biocombustível em contrato futuro será feita de maneira semelhante aos atuais contratos futuros do boi gordo. Dados da BM&F mostram que no início de 2009 houve uma tentativa frustrada de lançar o biocombustível na bolsa futura. "Agora será como a do boi gordo, que não tem liquidez física", diz.

Gusmão disse ainda que a entrada do etanol na BM&F já foi cancelada duas vezes. A primeira previsão de o produto entrar em operação teria sido dezembro deste ano. "Depois transferiram para fevereiro, agora será em maio. É difícil saber se o contrato vai pegar, mas a expectativa é boa", acrescenta.

O País opera hoje com liquidez no mercado futuro, além do boi gordo, café arábica, milho e soja.

Segundo Gusmão, a XP Investimentos do Rio Grande do Sul trabalha atualmente um projeto voltado a inserção do arroz na BM&F, mas em fase inicial. "A grande tendência do Brasil é passar a operar mercadorias futuras na bolsa de Chicago", aposta.

O gerente explicou que a BM&F já possui parceira com a bolsa de Chicago, mas existem barreiras que impedem a participação de investidores brasileiros. "Eles têm exigências que dificultam. Uma delas é requer investidor com patrimônio de mais de R$ 1 milhão. Até 2012 um acordo com estará mais alinhado", diz.

Gusmão adiantou que em breve a BM&F deve disponibilizar negociações com Chicago por meio de bancos no Brasil. "Para operar contratos de fora é necessário abrir conta lá e fechar câmbio para enviar dinheiro daqui, sem contar os impostos", diz.

No ranking dos maiores operadores de commodities agrícolas no mercado futuro, o Estados Unidos está em primeiro lugar, seguido de Londres e China.

No Brasil, de acordo com levantamento da BM&F Bovespa, de janeiro a março de 2010, os produtos agropecuários somaram 554.863 contratos negociados, ante 473.537, do mesmo período em 2009. O gráfico do ano passado mostra ainda que foram realizados, nos três meses, 224 contratos de açúcar cristal. "O açúcar já existe, mas é incipiente. Com a entrada do etanol ele [açúcar] deve ganhar força", diz o diretor.

Para Macchi e Gusmão, o maior obstáculo hoje que impede o País de crescer em commodities na bolsa futura é a falta de informação. "Os produtores têm desconfiança. Pensam que é um jogo, como cassino", concordam.

Fabiana Perobelli, gerente de Produtos do Agronegócio da BM&F Bovespa, explicou que a principal vantagem de entrar para o universo futuro é a possibilidade da realização do hedge, no qual o vendedor fixa um preço de venda suficiente para cobrir seus custos de produção e garantir-lhe uma margem de lucro e o comprador fixa um preço de compra que lhe garante um custo conhecido e permite uma margem de lucro. "O vendedor fica tranquilo para cuidar bem de sua produção, porque terá eliminado uma importante fonte de incerteza, e o comprador não se sujeita ao risco de alta no preço da mercadoria."

Apesar da proteção do preço é necessário adquirir conhecimento. Segundo Perobelli, deve-se procurar uma corretora e conhecer as características dos contratos. "O produtor deve saber o custo de produção, para decidir o momento de fixar preço."

De acordo com Macchi, geralmente as corretoras cobram 0,32% do total da operação. Deste percentual, algo em torno de 0,06% é destinado à BM&F, na entrada e na saída. "Ou seja, o vendedor e o comprador pagam."

A Safras, segundo Macchi, oferece orientação diária a um custo a partir de R$ 500 mensais.


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Fonte:
DCI

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