Mercado do açúcar continua em queda e patamar de 17 cents perde força em NY

O mercado do açúcar segue em queda nesta terça-feira, com o contrato maio/25 perdendo força e operando em 17 cents de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova Iorque. Desde o início da nova guerra comercial entre Estados Unidos e China, a commodity tem enfrentado pressão negativa nos preços internacionais, diante dos temores de uma redução na demanda global pelo adoçante, mesmo com safras menores nos principais países produtores. Dessa forma, na bolsa americana o maio/25 é negociado a 17.71 cents, queda de -0.90%.

Segundo o relatório mais recente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a safra 2025/2026 teve início com 61 unidades em operação até o fim de março, sendo 46 com processamento de cana-de-açúcar, 10 produtoras de etanol de milho e 5 usinas flex. Já a safra 2024/2025 foi encerrada com a moagem total de 621,88 milhões de toneladas, uma queda de 4,98% em relação ao ciclo anterior (654,45 milhões de toneladas). Apesar da retração, foi a segunda maior moagem da história da região Centro-Sul. De acordo com Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA, a redução já era esperada e o ciclo também registrou um novo recorde na produção de etanol.

Na produção de açúcar, o volume foi de 40,17 milhões de toneladas, uma retração de 5,31% em relação ao recorde anterior. Apenas 48,05% da cana foi destinada ao açúcar, com o restante sendo convertido em etanol. A produção total de etanol atingiu 34,96 bilhões de litros, um novo recorde histórico. O etanol de milho foi responsável por 8,19 bilhões de litros — alta de 30,70% em relação ao ciclo anterior — e representou 23,43% da produção do biocombustível no Centro-Sul. O etanol hidratado somou 22,59 bilhões de litros (+10,27%), enquanto o anidro totalizou 12,37 bilhões de litros (-5,63%).

No total, a safra 2024/2025 encerrou com recorde de 35,58 bilhões de litros de etanol vendidos, representando um crescimento de 8,42% sobre o ciclo anterior. Rodrigues destacou que o consumo de etanol hidratado cresceu 22,87% nos últimos 12 meses, frente a um aumento de apenas 2,89% no consumo total de combustíveis para a frota leve, reforçando a competitividade do biocombustível. O uso de etanol neste ciclo gerou uma economia de aproximadamente R$ 6 bilhões aos motoristas de veículos flex e evitou a emissão de 48,4 milhões de toneladas de CO₂ equivalente — o equivalente às emissões anuais do Equador.

No mercado de CBios, até 8 de abril foram emitidos 11,76 milhões de créditos em 2025. O total disponível para negociação já soma 22,36 milhões, o que representa quase 60% da meta de descarbonização do ano. Atualmente, 332 unidades estão certificadas no RenovaBio, respondendo por mais de 90% da produção nacional de biocombustíveis.

Levantamentos do Cepea mostram que os preços do açúcar cristal no mercado spot paulista estão firmes neste início da safra 2025/2026. Entre os dias 7 e 11 de abril, a média do Indicador CEPEA/ESALQ (cor Icumsa de 130 a 180) foi de R$ 141,36 por saca de 50 kg, alta de 0,79% frente à semana anterior. Algumas usinas iniciaram a produção, mas ainda ofertam pequenos volumes do novo açúcar, especialmente do tipo Icumsa 150. A oferta limitada, aliada à demanda mais aquecida, gerou maior liquidez e vendas pontuais em volumes elevados.

No mercado de etanol, o hidratado se manteve firme na última semana. Entre 7 e 11 de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado foi de R$ 2,7460/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), alta de 0,23% frente ao período anterior. Já o etanol anidro apresentou queda de 2,48%, com o Indicador a R$ 3,0809/litro. A proximidade dos feriados prolongados impulsionou algumas compras em maior volume, mas o total comercializado na semana ainda ficou abaixo das expectativas do mercado.