Especialista em climatologia prevê regularidade de chuvas na Paraíba nos próximos dois meses
Durante palestra promovida pela Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (ASPLAN), nesta quarta-feira (17), em João Pessoa, o Dr. em Meteorologia Alexandre Magno fez um relato das previsões divulgadas para os produtores canavieiros. Ele lembrou que de acordo com o que foi divulgado em informes pela ASPLAN, desde dezembro de 2023 já se colocava o fim do fenômeno El Niño e de perspectivas de chuvas acima da média em todo litoral paraibano em 2024, além do estabelecimento do fenômeno La Niña, que viria a favorecer a continuidade das chuvas na categoria acima da média.
Neste ano, segundo o especialista, com o clima favorável se teve uma situação extraordinária para a agricultura e que também contribuiu para o abastecimento pleno dos reservatórios e que ainda terão aportes nos meses de julho e agosto. Alexandre Magno lembrou que de janeiro a junho a condição climática foi muito boa com chuvas abundantes e regulares, acima da média, e a tendência para agosto é de chuvas dentro da normalidade no litoral. “A La Niña está se estabelecendo no Pacífico, há quase dois meses, mas em processo lento no seu estabelecimento, mas as águas mais frias já tomou conta de grande parte do Pacífico”, disse o meteorologista.
Dr. Alexandre lembrou ainda que a mídia fez um estardalhaço em cima do fenômeno El Nino e as perspectivas de seca sobre o Nordeste que não se confirmou. “Um equívoco deste ano foi a divulgação de um super El Nino mas essa condição só se configura quando a temperatura da superfície do mar no Pacífico é acima de quatro graus de diferença. Esse ano, o maior pico que ele chegou foi a 2,3 graus. É preciso ter muito cuidado na divulgação deste tipo de informação, ela precisa ser técnica e discursiva para não gerar informações distorcidas e inverídicas. Enquanto a Imprensa divulgava que o El Nino seria forte, os boletins meteorológicos da ASPLAN já discordavam dessa informação que, de fato, não se configurou”, disse o especialista, lembrando que tecnicamente não se tem El Nino desde dezembro do ano passado e que, em março, a ASPLAN já havia divulgado as boas perspectivas climáticas para a região litorânea.
Ele lembrou que normalmente o fenômeno La Niña traz anomalias negativas de temperatura sobre a área do Pacífico, trazendo aumento das chuvas no Norte e Nordeste e uma estiagem relativa no Sul e Sudeste”, explicou Dr. Alexandre. Ainda segundo ele, o El Nino e La Niña não afetam tanto a chuva do Leste. “Quem mais influencia é o aquecimento das águas do Atlântico, principalmente, nesta faixa tropical, porque ele é quem alimenta os sistemas de leste. A chuva, na faixa litorânea, é diretamemte relacionada ao aquecimento do oceano Atlântico”, reforçou o especialista.
Dr. Alexandre destacou ainda que junho foi um mês de muita regularidade, com chuvas acima da média no litoral e Campina Grande e que junho de 2024 se comportou como um dos meses mais chuvosos na sua história, e que no período de janeiro a junho também houve chuvas com regularidade. “Há uma perspectiva de melhoria na qualidade das precipitações agora em julho porque o fenômeno La Niña continua com tendência a se estabelecer, e que mesmo durante o período de estiagem, pode contribuir para um verão úmido, como ocorreu no verão passado, apesar da baixa climatologia das chuvas, mas com regularidade, o que é bom para a agricultura de sequeiro”, afirmou ele.
Segundo o meteorologista, há previsões de julho a setembro, que mostram a permanência do fenômeno La Niña sobre a região e que também indicam a manutenção do aquecimento do Atlântico, sinalizando uma condição boa até o final do ano. “Os modelos climáticos apontam julho, agosto e setembro, com chuvas com regularidade”, disse ele, destacando que há uma boa perspectiva de chuva que deve ficar dentro da normalidade esperada para essa época do ano, apesar de que na Paraíba, a partir de agosto, há uma redução normal das chuvas, mas, com precipitações regulares.
O meteorologista lembrou que o modelo climático considera a temperatura da superfície do mar para realização dos cálculos. “Isto porque sendo a superfície do planeta, em sua maior parte, coberta por oceanos, suas oscilações de temperatura tornam-se determinantes para as variações dos climas e, consequentemete, para previsão de chuvas”, reiterou Alexandre Magno.
O presidente da ASPLAN, José Inácio, que abriu a palestra, enalteceu a importância das previsões para os produtores que têm um melhor norte para se orientarem. “Com esse trabalho de previsão climática nós potencializamos nossas atividades porque há subsidíos para tomada de decisões e esse trabalho junto com o Dr. Alexandre foi muito assertivo e importante para termos informações mais precisas para que possamos nos programar melhor. É um trabalho exitoso”, disse José Inácio, elogiando as explanações do meteorologista que integra os quadros da AESA, além de destacar a credibilidade da instituição que se posiciona como a segunda melhor agência do país, atrás apenas da de São Paulo.
O diretor do Departamento Técnico, Neto Siqueira, encerrou o evento, reforçando a importância dos boletins meteorológicos fornecidos pela ASPLAN. “Eles orientam melhor nossos associados possibilitando que eles direcionem melhor os investimentos na lavoura, permitindo, assim, um melhor planejamento dos tratos culturais. Esse é um trabalho importante porque o clima afeta diretamente qualquer cultura agrícola”, finalizou Neto, parabenizando o palestrante.
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