Açúcar: Preços reagem à entrega e curto prazo segue confortável
- À medida que nos aproximamos da data de vencimento do contrato de março, observamos as típicas flutuações de preço.
- Os preços foram corrigidos em resposta à melhora na percepção do mercado com relação à disponibilidade da Índia e da Tailândia em 23/24.
- O sentimento do mercado tem sido cauteloso, com os fundos mostrando relutância em comprar, evidenciada pela diminuição dos níveis de posicionamento. Além disso, as preocupações com a redução da safra em 24/25 provocaram uma reação nos preços, afetando principalmente o contrato de março, enquanto o contrato de maio foi menos sensível, possivelmente porque este último não está sob o "efeito da entrega".
- Apesar dessas flutuações, a região Centro Sul continua apoiando um fluxo comercial de curto prazo bem equilibrado.
- A disponibilidade de 24/25 da região continua dependendo de melhorias climáticas.
À medida que nos aproximamos da data de vencimento do contrato de março, é bastante comum observarmos alguma ação nos preços. Na semana passada, vimos estes se corrigirem à medida que a percepção do mercado com relação à disponibilidade da Índia e da Tailândia para 23/24 melhorou.
“Mantivemos nossas estimativas inalteradas, mas observamos que já estávamos mais otimistas do que a maioria, com quase 32 milhões de toneladas para a Índia (31,85 milhões de toneladas) e 8,2 milhões de toneladas para a produção da Tailândia. Com relação à Índia, os números da moagem e a diminuição dos preços internos sugerem que o país terá uma quantidade saudável de estoques este ano. Obviamente, continuamos convictos de que não haverá permissões de exportação durante esta temporada. Ainda assim, se for extremamente necessário para evitar o colapso dos preços, o único movimento que vemos que o governo pode se sentir confortável em fazer é permitir um desvio adicional para o etanol”, explica Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da hEDGEpoint Global Markets.
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De acordo com a analista da hEDGEpoint, “em termos de Tailândia, a moagem no país sugere uma quebra de safra em comparação com o ano anterior. No entanto, o ritmo continua forte, com mais de 1 milhão de toneladas moídas diariamente. Alguns podem argumentar que isso poderia até sugerir um volume de produção maior do que nossa estimativa atual, mas devemos permanecer cautelosos - a região central e o nordeste já estão mostrando sinais de fim de temporada”.
Essas notícias não foram exatamente animadoras, o que significa que os fundos não estão com bom humor para comprar. Os últimos dados do CFTC mostram uma variação líquida de -22.700 lotes, levando o posicionamento total a quase 11 mil lotes comprados - o nível mais baixo desde 9 de janeiro.
“Embora tenha havido uma reação nos preços ontem, provocada por alguns produtores do Centro Sul que expressaram preocupação com uma safra reduzida em 24/25, o mercado não está mais tão preocupado com o contrato de março - e este tem poucos motivos para fechar em alta. Os contratos em aberto são quase o dobro em comparação com o ano passado e 1,14 vezes maiores do que no ano anterior, quando o Centro Sul entregou mais de 1 milhão de toneladas. O maior ritmo de moagem durante o período de entressafra e a disponibilidade recorde sugerem a possibilidade de uma entrega substancial nesta semana, o que poderia atuar como um teto para os ganhos potenciais”, destaca. -
É interessante notar que os rumores de uma safra menor em 24/25 não parecem ter tido o impacto esperado sobre o contrato de maio, como se poderia supor. Ao contrário de março, maio não reagiu na mesma medida, possivelmente devido ao fato de o primeiro ter sido influenciado pelo "efeito da entrega", gerando um impacto direto no spread H/K.
Segundo Lívea, “isso sugere que o conceito de produção reduzida está longe de ser um consenso ou de ser levado em conta nos preços”.
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E prossegue: “Em nossa análise anterior, destacamos que, mesmo com uma possível redução na produção de cana para cerca de 611 milhões de toneladas, a região Centro Sul ainda poderia manter um cenário global relativamente equilibrado. Com a proximidade da conclusão de fevereiro, parece provável que o contrato de maio continue sendo negociado em uma faixa semelhante à do contrato de março”.
“A principal preocupação continua sendo o clima: haverá melhora? Quanto do atual período de seca é irreversível? No entanto, acreditamos que continua sendo prematuro fixar um valor de produção abaixo de 600 Mt para a região Centro Sul em 24/25”, conclui.
Em resumo, os preços do açúcar bruto foram corrigidos em resposta à melhora das percepções do mercado com relação à disponibilidade da Índia e da Tailândia em 23/24, apenas para acumular ganhos com a possível menor produção no Centro Sul em meio aos efeitos da entrega de março.
O sentimento do mercado tem sido cauteloso, com os fundos mostrando relutância em comprar, evidenciada pela diminuição dos níveis de posicionamento. Apesar dessas flutuações, a região Centro Sul continua apoiando um fluxo comercial de curto prazo bem equilibrado.
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