Mercado de açúcar está cada vez mais dependente do Brasil, afirma hEDGEpoint
• Atingindo o nível de 28 c/lb, o açúcar bruto aproveitou a recente mudança no sentimento macro e os congestionamentos portuários no Brasil.
• A produtividade da cana em 23/24 é o principal motivo dos excelentes resultados da região, ultrapassando a média da história recente e aproximandose dos níveis de 08/09.
• A disparidade de preços entre o adoçante e o etanol – atualmente em 13USc/lb ou mais de 290 USD/t – também apoia a decisão das usinas em maximizar o adoçante, além de criar incentivos para investimentos tanto na cristalização como em infraestrutura.
• Para 24/25, o consenso de mercado sugere excelentes resultados no Centro-Sul, nossa visão preliminar contabiliza uma produção superior a 42Mt e exportações próximas de 33,5Mt. Mas ainda há muito para desvendar.
O mercado de açúcar está cada vez mais dependente do Brasil, a boa notícia é que o país deverá continuar avançando e alcançando excelentes resultados. É o que aponta o recente relatório da analista de Açúcar da hEDGEpoint, Livea Coda.
“Mas antes de nos aprofundarmos nos números e expectativas para o país, é importante discutir os movimentos de preços da última semana. Começou com os preços do açúcar atingindo o maior nível em 12 anos, apoiados por interrupções nas exportações do Centro-Sul (CS) causadas por congestionamentos portuários e chuvas. No entanto, o Brasil ainda negocia com desconto – muito próximos de zero, é verdade – o que significa que as origens ainda não estão totalmente sob a influência da escassez do Hemisfério Norte”, ressalta.
É claro que, à medida que se aproximar o verão brasileiro e, portanto, a época em que as usinas são forçadas a reduzir o ritmo e a cana se torna mais escassa, os preços poderão encontrar ainda mais suporte. Ao atingir o nível de 28c/lb, o açúcar bruto também aproveitou a recente mudança no sentimento macro.
Segundo a analista, “o discurso conciliatório proferido por Powell após a decisão do Fed de manter a taxa de juros estável ofereceu ainda mais suporte à commodity, ao induzir uma forte correção no índice do dólar. Mesmo com este quadro, o açúcar não conseguiu sustentar os seus ganhos, corrigindo-se para 27,2c/lb na sexta-feira".
Foi, portanto, uma semana volátil e o CS continua a ser um dos temas mais relevantes e baixistas. A produtividade da cana no período (23/24) é o principal motivo dos excelentes resultados da região, ultrapassando a média da história recente e se aproximando dos níveis de 08/09. Não só isso, mas também se espera que a área aumente.
Ambos são temas bem explorados, que, aliados à excelente qualidade da cana até o momento – apesar da precipitação mais próxima da média – permitem que o Brasil seja a maior força baixista do mercado. É claro que a volatilidade dos preços esta semana está ligada à capacidade do país de escoar o adoçante.
“O congestionamento portuário está aumentando e o prêmio do físico está começando a reagir, mas isso não significa que o Brasil não tenha produto, pelo contrário, o açúcar está esperando para chegar ao mercado internacional. Portanto, o país deve adiar o início dos efeitos da escassez no Hemisfério Norte, fornecendo mais de 30Mt de exportações durante 23/24. Sabe-se que as chuvas recentes já são benéficas para a próxima safra de açúcar”, observa.
Até agora, as perspectivas parecem estar a favor da região. Mesmo se assumirmos que haverá alguma retração no TCH, mais chuvas podem tanto impulsionar o desenvolvimento da cana, quanto induzir um volume maior de cana bisada, aumentando a expectativa de volume de matéria-prima para 24/25.
A disparidade de preços entre o adoçante e o etanol – atualmente em 13USc/lb ou mais de 290 USD/t – também endossa a decisão das usinas. Não só se espera que o açúcar continue a ser a alternativa mais lucrativa, mas os resultados do 23/24 induziram investimentos na capacidade de cristalização, ao mesmo tempo que tornaram explícita a necessidade de investir em infraestrutura – e o setor não deixará esta oportunidade passar.
Para 24/25, embora cedo para afirmar, o consenso do mercado parece apontar para excelentes resultados. Até o momento, esperamos que o Centro-Sul seja capaz de produzir mais de 42Mt e exportar cerca de 33,5Mt.
Isto significa que uma forte tendência de alta poderá durar pouco, especialmente se o impacto do El Niño no Hemisfério Norte permanecer restrito a sua safra 23/24. No entanto, devemos permanecer cautelosos, uma vez que a demanda global deve continuar a sua trajetória de expansão e qualquer ocorrência de clima adverso pode levar o mercado à escassez.
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