Eminente El Niño nos próximos meses coloca em xeque aumento da oferta global de açúcar
O estabelecimento do fenômeno climático El Niño nos próximos meses fica cada vez mais eminente. Com isso, crescem os temores no mercado com a produção de açúcar na próxima temporada. A oferta global precisa aumentar para atender uma demanda que não para de crescer.
Uma reportagem da agência Bloomberg nesta semana ressaltou que o fenômeno climático tende a deixar áreas da Ásia e da Austrália mais secas, mas um clima úmido pode ser visto no Brasil. Historicamente, o fenômeno tem trazido prejuízos para a produção de açúcar.
Ainda não é uma certeza absoluta que o fenômeno se estabeleça, mas as chances têm aumentado. O Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos (CPC), por exemplo, estimou em sua última análise chances de 74% de o El Niño surgir entre os meses de agosto e outubro.
"Uma previsão mais estendida dos modelos aponta para um aquecimento significativo das águas em toda a bacia do Pacífico durante o inverno, dando início às condições de formação do fenômeno El Niño (aquecimento)", destacou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em relatório.
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Apesar de as chances de ocorrência do fenômeno nos próximos meses, o instituto aponta que é preciso ter cautela com seus impactos, pois é necessário que o mesmo se estabeleça, ocasionando mudanças sobre o regime de chuvas e temperaturas no planeta.
As previsões relacionadas ao El Niño vêm junto de um mercado de açúcar que já chegou a testar nos últimos dias máximas de mais de 10 anos na Bolsa de Nova York para o tipo bruto e também para o branco em Londres em meio temores de escassez do adoçante.
"Isso ameaça aumentar os custos dos fabricantes de tudo, desde refrigerantes a produtos de panificação, e mantém a pressão sobre a inflação global de alimentos", reporta a Bloomberg. O Notícias Agrícolas também já falou sobre essa atenção do mercado.
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O mercado do adoçante também tem se preocupado com as chuvas durante a colheita da safra 2023/24 do Centro-Sul do Brasil, que começou oficialmente neste mês de abril e que deve ajudar a abastecer o mundo, já que as origens asiáticas já vêm de safras decepcionantes.
"Se você não tiver o abastecimento de açúcar do Centro-Sul do Brasil, não sei onde pode encontrar mais açúcar porque não tem outra fonte tão relevante e importante", afirmou à Bloomberg Henrique Akamine, chefe de açúcar e etanol da Tropical Research Services.
A previsão das consultorias para a temporada global 2023/24 de açúcar é de um superávit global. A S&P Global Commodity Insights, por exemplo, estima que esse excedente seja de 4,5 milhões de toneladas, após três ciclos de déficit ou equilíbrio. Esse número, porém, depende do clima.
"Com certeza [o El Niño é] algo a ser monitorado daqui para frente", disse à Bloomberg Luciana Silveira Soncin, gerente global de análise de açúcar da S&P Global, durante a Conferência de Açúcar e Biocombustíveis de Genebra. "Com o El Niño e os riscos de interrupção da produção, há mais risco negativo [nas estimativas]".
Soncin ressalta que o último forte El Niño registrado foi na safra 2015/16 e reduziu a produção em cerca de 7 milhões de toneladas.
"Se tivermos um evento de El Niño que normalmente impacta 5-10 milhões de toneladas de produção, é um mercado totalmente diferente que estaremos olhando”, disse Philip Ryan, chefe de comércio de açúcar branco da Engelhart Commodities Trading Partners, em Genebra, segundo a Bloomberg.
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