Petróleo em máxima de 7 anos tem potencial de alterar mix das usinas de cana na safra 2022/23

Publicado em 18/01/2022 11:45 e atualizado em 18/01/2022 12:39
Demanda ainda fragilizada por conta dos reflexos da pandemia da Covid-19 também é acompanhada pelo mercado

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As expectativas para a safra 2022/23 (abril-março) de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil são mais positivas considerando o cenário climático benéfico ao desenvolvimento dos canaviais até o momento, segundo fontes do setor. Apesar disso, a decisão das usinas sobre o mix da nova safra ainda está aberta com oscilações expressivas do petróleo e do câmbio.

A demanda por combustíveis também é acompanhada pelos envolvidos de mercado.

Nesta terça-feira (18),  por exemplo, os preços do petróleo no cenário internacional registravam máximas de mais de sete anos em meio temores de oferta apertada no mercado global e uma possível interrupção no fornecimento após ataques no Golfo do Oriente Médio. O dólar operava quase estável, mas acima de R$ 5,50 na venda.

"O petróleo tende a se manter elevado. As usinas vão ter um motivo a mais para concentrar o mix no etanol", afirma Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado.

Oscilações dos preços do petróleo Brent no exterior em 1 ano - Fonte Barchart
Oscilações dos preços do petróleo Brent no exterior em 1 ano - Fonte: Barchart
Oscilações dos preços do petróleo WTI no exterior em 1 ano - Fonte Barchart
Oscilações dos preços do petróleo WTI no exterior em 1 ano - Fonte: Barchart

A equipe do banco Goldman Sachs, inclusive, já projeta que os preços do petróleo Brent podem superar os R$ 100 o barril ainda neste ano, considerando um "déficit surpreendentemente grande", já que há um cenário de demanda com a ômicron menos fragilizado do que se pensava inicialmente.

"Esperamos uma queda ainda maior na produção dos países da Opep+ para cotas ainda menores em 2022, com um aumento de apenas 2,5 milhões de barris por dia na produção esperada para as próximas nove altas", disse o banco em nota.

O petróleo mais alto no cenário internacional tende a dar suporte para os preços da gasolina e, consequentemente, margem para as usinas elevarem os preços do etanol no Brasil, já que é o substitutivo direto. Mas, apesar de um possível aumento da demanda nesse cenário, o consumidor também olha a paridade entre os combustíveis.

Oscilação do indicador diário do etanol hidratado EsalqBM&F Bovespa Posto Paulínia (SP) no período de 1 ano - Fonte Cepea
Oscilação do indicador diário do etanol hidratado EsalqBM&F Bovespa Posto Paulínia (SP) no período de 1 ano - Fonte: Cepea

Nesse contexto, em meio queda nos preços internacionais do açúcar nos últimos meses, saindo de US$ 20 para US$ 18 c/lb na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), as usinas podem rever o mix da nova safra. A Safras & Mercado, por exemplo, já projeta um direcionamento da produção para o açúcar de 46% e de 54% para o etanol no Centro-Sul.

No início do mês, a estimativa era de 49% para o adoçante e 51% para o biocombustível. A consultoria estima a nova safra do Brasil com uma moagem de cana-de-açúcar de 614 milhões de toneladas, sendo 560 milhões de t no Centro-Sul, 51 milhões no Nordeste e 3 milhões na região Norte.

A estimativa é de que o Centro-Sul produza 35 milhões de t de açúcar e exporte 33 milhões de toneladas. Ainda na nova safra, devem sem produzidos 19 bilhões de litros de etanol hidratado e 12 bilhões de litros de anidro.

A produção do anidro de milho deve ficar em 1,8 bilhão de litros e de hidratado saltar para 2,7 bilhões de litros.

O consumo de combustíveis, porém, ainda preocupa muito as usinas desde o início da pandemia da Covid-19. O etanol, por exemplo, está há meses com o nível de paridade acima de 70% na média do Brasil, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

"A demanda está no mínimo do mínimo. A gente regrediu pelo menos uns 10 anos em padrão de demanda... Então as usinas devem estar um pouquinho mais focadas para o açúcar, mas é claro que elas não vão chegar e virar toda a chave para o açúcar até porque eles não querem aquela pressão por parte do governo de queda na mistura", pontua Muruci.

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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